Especial Melaine (61º Dia.)

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1 de outubro de 2035, Nova Iorque.

Mais uma vez, Carlota está acordada para amamentar a sua bebé. As outras mulheres estão enroladas nos seus cobertores e eu estou morrendo de fome. Não sei até quando vou aguentar assim, sem comer.

Vejo que Carlota está tremendo e olho para as vacas que dormem. Tiro o cobertor de uma, acordando a mesma.

"O que pensas que estás a fazer?! Esse cobertor é meu!" - Puxa o tecido quente.

"Deixa de ser estúpida! Não estás a ver que há quem precise mais disto do que tu?!" - A mulher põe-se de pé e dá-me uma bofetada à qual retribuo no mesmo segundo. Envolvendo-nos de forma violenta, dando pontapés e socos uma na outra, até que alguém me puxa para trás.

Jason entra, com as mãos atrás das costas, olhando para o bebé nos braços de Carlota. Encaro-o com raiva. Max segura-me firmemente, não me deixando mexer os braços.

"O que se passou aqui?" - Jason grita, fazendo a sua voz ecoar sobre o local.

"A Carlota está a morrer de frio e estas porcas só querem saber de si!" - Grito, olhando para a mulher que me agrediu primeiramente.

"Muito bem..." - O raptor anda de um lado para o outro. "Max, leva todas estas para o tal quarto, menos Melaine e Carlota."

As mulheres super assustadas e revoltadas, gritam-me palavrões e outras palavras más. Jason acaba por sair, mas antes coloca um cobertor sobre a mulher que deu à luz na noite anterior.

Vou para a porta, ainda aberta. As outras mulheres são trancadas num quarto. Através do vidro que tem na porta vejo elas todas juntas, super aterrorizadas. A certa altura, o homem deu sinal e vi um cabo de aço soltar-se e cortar ao meio as mulheres todas. Fecho os olhos com força, não acreditando no que havia acontecido.

Max empurra-me para dentro do meu compartimento.

"O que aconteceu?" - Carlota pergunta-me.

"As mulheres... Foram cortadas ao mesmo, pelo cabo de aço." - Sento-me ao lado dela, ainda em choque.

"Obrigada por teres te envolvido numa briga, por minha causa."

Passado umas horas, a porta foi aberta e desta vez, Josh aparece.

"Afinal sempre és vivo! Quando me vais tirar daqui?"

"Eu não encontro Joshua em lado nenhum. Quem és tu?"

"Ela é uma outra vítima do Jason. Não consegues pelo menos tirá-la daqui e à bebé também?" - O seu olhar torna-se pensativo, até que a sua cabeça balança.

"Vou conseguir tirá-la daqui só de noite. Têm de ter cuidado para não fazerem barulho. Vou partir aquela janela, para que o Jason pense que ela saiu por ali, porém tu podes sofrer consequências por causa disto."

"Sei bem o risco que corro. É o melhor para elas."

"Porque estás a ajudar?" - A recente mãe diz.

"Eu não creio que foi a Melaine a matar o Joshua. Acho que foi a mãe dela."

"A minha mãe não foi! Ela é polícia! É impossível ter sido ela, Josh. Tens de encontrar provas ou o Jason vai começar a sua vingança e tu melhor que ninguém sabes o que ele pode fazer. Aliás, porque estás com ele se não és como ele?!"

"Eu descobri-o quando andava à procura do Joshua, o meu pai. Ele tornou-se mais do que um amigo para mim, porém nunca concordei muito com as coisas que ele aqui faz, apesar de já ter ajudado ele a torturar algumas mulheres."

"Já mataste alguém?"

"Não." - A sua negação foi quase que engasgada. Por alguma razão, ele teve necessidade de pensar no que dizer. Está a mentir, obviamente.

"Já violaste alguém?"

"Não." - Ele está a mentir-me de novo. A outra mulher aqui me falou que ele a tinha violado. Talvez não devesse dar-lhe tanta confiança.

"Porque não denúncias o Jason?"

"Não o posso fazer depois de tudo o que ele fez por mim."

"Vocês homens são mesmo maricas!" - Carlota diz e eu rio-me.

"Já falei o que tinha a falar. Hoje de noite estejam prontas. Falarei com o Max, para que ele me possa ajudar." - Sai.

Durante toda a noite fiquei a pensar no porquê de Jason ter-me dado como culpada da morte de Joshua. O facto de Josh ter falado que a minha mãe matou o tal homem fez-me imensa confusão. Aliás, eu apenas comecei a duvidar de tudo e mais alguma coisa. Por algum motivo eu estou aqui, não é mesmo? Tenho de descobrir mais! Há qualquer coisa que não bate certo nesta história toda.

A porta do compartimento é aberta por Josh e Carlota levanta-se com a bebé nos braços.

"Vamos! Tem de ser rápido!" - O homem sussurra.

"Muito obrigada, por tudo!" - A mulher agradece-me, abraçando-me.

Depois de ela sair, olhei à minha volta, sentindo-me ainda mais sozinha. Tenho saudades da minha mãe. Dos meus amigos. Da minha liberdade.

Já nem sei há quantos dias estou aqui fechada sem poder fazer nada. Pelo menos, estou feliz de ter conseguido ajudar Carlota. Espero que eles consigam escapar e que Josh cumpra o que prometeu.

O facto de ele ter mentido já diz muito sobre a sua personalidade, porém sem mais ajudas aqui, terei de confiar nele, por enquanto.

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