18 de junho de 2017, San Diego.
Acordo vendo Joshua do meu lado. Empurro-o, fazendo o mesmo acordar. Rapidamente, ele sai da cama, recompondo-se.
"Sabes bem que se Elaine te apanha aqui vai começar a fazer uma tempestade." - Falo e ele nega.
"Ela hoje não vai aparecer cá e como ela não vem eu preparei-te uma surpresa." - Começa a desamarrar-me.
"Como assim ela não vem cá? Ela desistiu é isso?"
"Achas que ela ia desistir de te matar?" - Nego, vendo aonde ele queria chegar. "Hoje é domingo por isso ela não vem. Ela costuma sempre ir para um armazém com uma rapariga nova todas as semanas."
"Com uma rapariga? Para quê?" - Falo, fazendo uma massagem leve nos meus pulsos doridos, agora finalmente livres de cordas.
"Ela viola a rapariga e depois mata-a. É sempre assim, todos os domingos. Ela é que me contou."
"Ela diz que te ama, porém vai ter com outra rapariga. Belo amor que vocês têm... Doentio como vocês."
"Eu não a amo mais..." - Murmura. "Camilla, eu preciso que me prometas que não vais fugir depois do que eu vou-te mostrar?" - Será que é desta que ele me mata? Afinal, matou a minha filha.
"Porque haveria de prometer? Tu mataste a Melaine!"
"Ela chama-se Melaine?" - Vi os seus olhos luzir mas ainda assim ignoro.
"Do que importa agora? Tu mataste-a!" - Começo a dar-lhe tapas, até que ele me segura, mas sem raiva nos olhos.
"Eu não a matei." - Quase caí com a declaração. Como assim ele não a matou? Ela parou de chorar e tudo! Ele está a mentir, com certeza! "Eu vou levar-te até ela, mas primeiro preciso que prometas que não vais fugir, pois se tu fugires a minha irmã não vai descansar enquanto não te encontrar e aí mata-te. Eu tenho um plano para que ela não te mate, mas para isso temos de esperar um pouco, ok?" - Afirmo com a cabeça. "Agora promete."
"Pronto, eu prometo." - Falo.
Ele segura a minha mão enquanto saímos do quarto. Ele anda confiante e apressado pelo corredor até sairmos da casa e entrarmos no carro.
"Esconde-te nos bancos de trás." - Faço o que ele me pede.
Poucos minutos depois ele abriu a porta detrás para mim e eu pude sair e esticar-me, devido às costas que já estavam doendo muito.
"Anda, mas depressa." - Vi que nos deslocávamos a um quarteirão cheio de apartamentos. Entramos num apartamento e mal entramos escutei o choro da minha bebé. Logo comecei a chorar.
Corri pelo apartamento, até onde o choro estava e ela estava ali, viva e saudável. A mulher já de idade balançava-a dentro carrinho.
"É a mãe?" - A senhora pergunta. Assinto. "Ela precisa do seu colo. Vou deixá-la a sós." - A senhora simpática sai e vejo que Joshua está agora atrás de mim e fecha a porta.
Pego na minha bebé e ela logo me olha, parando de chorar.
"Oh bebé, a mãe está aqui." - Levo-a no colo até à cama, sentando-me na mesma. "Tu não a mataste" - Comento e Joshua nega.
Uma batida fraca é ouvida e a senhora entra com o biberão na mão.
"Ela precisa de comer. Achei que ia querer dar-lhe o biberão." - Joshua pega no biberão e a senhora sai.
Começo a dar o leite à Melaine que continua grudada em mim. Pensei que ela tivesse morrido, mas afinal não. Talvez ainda resta alguma coisa boa no fundo do coração do Joshua, pois não vejo outro motivo para ele ter tomado a decisão de não a matar, mesmo não sabendo que ela é filha dele.
"Não consegui cortar-lhe os dedinhos." - Diz, sentando-se do meu lado.
Vi que Mel olha-o tal como olha para mim. Contraio-me e engulo em seco.
"Ela faz-me sentir diferente, renovado. É como se eu a conhecesse, porém nunca a vi antes."
"Pois..." - Murmuro.
"Camilla, tu casaste?" - Nego. "A Melaine é a minha filha?" - Encaro a minha menina e não consegui responder.
Ele levanta-se andando de um lado para o outro.
"Agora eu percebo... Ela é minha filha, eu sinto que ela é! Porque nunca me disseste?"
"Eu não queria que tivesses contato com ela..."
"Eu compreendo... No teu lugar eu faria o mesmo. Camilla..." - Ajoelha-se há minha frente. "Eu vou protege-la. Se depender de mim, a Elaine nunca mais a vai ver ou tocar. Eu juro." - A sua mão deslizou suavemente sob a minha face.
"Joshua..." - Ele tira a sua mão e levanta-se. "Obrigada por isto..." - Faço Mel arrotar e aninho-a para a mesma dormir.
Joshua ficou durante todo o tempo olhando para nós, até que coloquei Melaine no berço. Talvez ele venha aqui mais vezes?
"A Anna nunca lhe pega no colo, nem lhe dá carinho." - Ele começa a falar.
"Não? Porquê?" - Sento-me na cama.
"Eu quero que ela se lembre e sinta saudades do teu colo. Não quero que ela ande em mais nenhum colo a não ser o teu e o meu. Venho aqui todos os dias, de madrugada. A senhora Anna cuida dela dia e noite, desde aquele dia. Não passou muito tempo, eu sei, mas para mim, parece que aprendi mais do que nestes anos todos. Pela primeira vez, eu consigo reconhecer que estou amando alguém. Não só a amo, como também te amo, Camilla."
"Nós não podemos e eu não quero." - Novamente a sua mão colidiu com a minha bochecha e alisou toda aquela parte, olhando-me firmemente.
"Por favor, apenas uma despedida."
"Como assim uma despedida?! O que andas a pensar? Vais levar a minha filha de mim?!"
"Claro que não. Apenas eu me irei embora se o plano der certo."
"Não me podes contar esse plano?" - Ele nega.
"Por favor... Não irei te fazer sofrer. Eu juro."
Eu não podia ter dito que sim, porém eu disse. Por mais que me surpreenda, ele não me magoou. Usou proteção e tudo mais. Ele não me pediu beijos nem nada do género, porém eu beijei-o e não sei porquê. Porque ele tinha de mudar agora? Tão repentinamente?! Porque eu tinha de aceitar isto?
Depois de tudo, vesti-me e despedi-me da minha menina. Escondi-me nos bancos de trás do carro novamente e seguimos para a casa da Cristine, abandonada agora.
"Joshua..." - Falo antes de ele sair do quarto. "Obrigada por tudo. Admiro o que estás a fazer."
"Não tens que agradecer. Eu tenho ainda muito para me desculpar e ainda assim, não há desculpa para aquilo que eu fiz. Boa noite, Camilla e obrigada pela noite de despedida." - Sorriu-me verdadeiramente e saiu.
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71 Days Of Pain
Mystery / ThrillerCamilla Collins será uma das várias vítimas do temível Joshua Bolivian. Conhecido por gangsters e assassinos, este destaca-se pela tortura a que submete as suas vítimas no seu armazém, onde viveu toda a sua vida. Com uma infância perturbada e cheia...