39º Dia.

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30 de abril de 2016, Florida.

Sinto algo tocar-me no cabelo, como se estivessem a fazer-me carinho; carinho esse que nunca mais recebi desde que fui raptada a mando de Mason, quem eu considerava o amor da minha vida.

Fui tão burra ao não ter desconfiado dele durante todo o tempo que estivemos juntos. Eu deveria ter falado com alguém, ou até ter prestado atenção ao que Tyra me dizia. Ela sim, era uma verdadeira amiga. Tentou sempre abrir-me os olhos, porém eu estava cega demais.

Abro os olhos devagar, vendo um sorriso esboçado no rosto de Joshua que me encara pacientemente. Desvio-me do seu toque e o sorriso do homem desaparece em segundos. Ele vira-se de barriga para cima, encarando o teto branco e suspira durante algum tempo.

"Pela primeira vez, Camilla, eu sinto que quero mudar." - Quase me engasgo com a sua declaração.

Como poderá ele alguma vez mudar? E o porquê desta mudança toda repentina? O que lhe deu, de repente?

"Eu sei de quem é esse filho." - Olha-me e sorri.

"Eu não posso ter ouvido bem." - A porta do quarto fecha com força e Mason entra, de pulsos fechados e com os olhos cheios de raiva. "Mas o que raio se passa aqui?!" - Grita e Joshua levanta-se, olhando-me por uns segundos.

"Camilla está grávida." - Joshua falou baixo.

"O quê?! Isso é impossível! Sempre que eu fazia jogos com ela era numa parte que é impossível ela engravidar. Ela deve estar de um mês." - Mason cala-se a meio do seu discurso e quando volta a olhar para Joshua, percebi claramente que ele havia descoberto o porquê de eu estar grávida. "De quantos dias ela está?"

"28 dias, pelas minhas contas." - Joshua respondeu, depois de algum tempo em silêncio.

"Isso quer dizer que vocês tiveram relações com ela?" - Mason grita.

"Na verdade, eu é que tive. Não foi bem relação, foi mais violação." - Mason agarra na camisola de Joshua.

"Tu violaste a minha miúda? É isso que estás a dizer?!" - Estremeço a cada grito dado pelo Mason.

Ao eu estar de 28 dias, quer dizer que este filho é do psicopata?! Oh meu Deus, não pode ser!

"Aquele bebé é meu e se queres saber, eu amo-a muito mais que tu!" - Fico sem reação e Mason olha-me.

Isto não vai acabar nada bem. Eu tenho um pressentimento e ele não é nada bom.

"Tu estás a dizer-me que amas a Camilla, mais que eu? Tu só a fazias sofrer!" - Mason, levanta Joshua do chão.

"Pelo menos, eu sei que ela ama-me." - O quê?!

Mas estão todos doidos ou sou eu que estou ficando mais doida que eles?! Eu não amo nem um nem outro! Como eles ainda podem achar que eu os amo? É hilário!

"Camilla, tu amas o Joshua?" - Nego. "Amas-me?" - Nego novamente.

Mason deixa Joshua no chão e vem até à cama. As suas mãos vão até ao meu pescoço e apertam o mesmo. Será que todos me querem sufocar? Joshua aparece por trás do outro, retirando o mesmo de cima de mim.

A briga entre os dois continuou. Rebolaram pelo chão, feito meninas de colégio, acabaram por dar socos um no outro, até que Joshua levanta-se e aponta uma arma ao outro.

"Isto acaba agora!" - Joshua fala, com a voz ofegante. Um olhar tímido é dirigido em minha direção e tento não olhar para nenhum dos dois, o que é super difícil neste momento tão decisivo.

"Mata-me se tiveres coragem!" - Mason diz, sem medo e sem receios.

"Sem problema!"

"Joshua!" - Exclamo antes do homem disparar. "Já chega!" - O homem baixa a arma. "Deixa-o ir. Para longe daqui de preferência."

Joshua ao virar-se, Mason levanta-se acabando por roubar a arma da mão do outro e um tiro é ouvido.

Uma dor aguda alastra-se no meu braço esquerdo e a mancha de sangue não tarda em aparecer. Gemo de dor, enquanto que os dois voltam à pancada, tentando assim, acabar um com o outro.

Rasgo o lençol, amarrando o mesmo no meu braço para fazer com que a hemorragia pare. Outro tiro é ouvido.

"Joshua?" - Pergunto, receosa.

E se Mason deu um tiro no Joshua? Ele vai matar-me!

Joshua levanta-se e vem até mim, olhando-me e tocando na minha barriga devagar.

"Estás bem?" - Assinto. "Vou levar-te ao hospital." - Quando ele ia pegar-me ao colo, volta a colocar-me no colchão.

"O que há?" - Digo com a cabeça a andar à roda.

"Se te levar para o hospital, vão ver-te e vão levar-te para longe de mim."

"Joshua, eu preciso de ir para o hospital. Eu estou grávida também, não te esqueças." - Informo, contorcendo-me com dores.

"Vou ligar a um médico. Espera aqui."

Eu quero dizer-lhe que necessito mesmo de ir para um hospital, mas a minha cabeça está tão pesada e quase que o tempo passa por mim sem que eu dê por isso.

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71 Days Of PainOnde histórias criam vida. Descubra agora