35º Dia.

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26 de abril de 2016, Santa Mônica.

Continuo a andar atrás de Cole até ao enorme salão onde as mulheres ainda costuram nuas.

"O que raio fazes aqui?" - Falo suficientemente alto para que o homem à minha frente pudesse ouvir.

"Costuro carne."

"O quê?!" - Quase vomitei quando ele falou aquilo.

Joshua queria reconstruir o corpo da Beatrice e este costura carne? Estão todos malucos?!

"Basicamente, é pele humana. Tu nem sabes quantas pessoas compram os casacos. Quantas raparias já vendi sem que elas tivessem pele no corpo." - Encaro-o ainda com a boca aperta. "Despe-te."

"Não." - Digo convicta ao pararmos.

"Ok." - Anda para a minha frente e começa a arrancar-me a roupa, enquanto homens seguram-me fixamente nos braços, machucando os mesmos. "Da próxima vez que negares algo eu arranco-te a pele toda!" - Grita perto do meu rosto.

Apetecia-me cuspir-lhe na cara. Tenho nojo dele e do Joshua.

"Senta-te." - Olho para uma cadeira perto de uma secretária onde havia uma máquina de costura realmente desconhecida. Não era uma máquina normal. Sentei-me e fiquei a olhar-lhe. "Vamos tratar de uma miúda para poderes ter o que costurar." - Sai do meu campo de visão.

Encolho-me na cadeira enquanto os seguranças riem às minhas custas. Cochicham entre si e mandam bocas. As mulheres ao meu lado olham-me tristes. Deve ter acontecido o mesmo com elas.

Cole aparece por entre os seguranças, pegando numa menina que estava brincando perto de uma senhora que estava a coser pele.

"Não, por favor, não." - A senhora pede, tentando tirar a menina das mãos do segurança.

"Cala a boca!" - Cole grita e a mulher encolhe-se chorando. "Ela vem comigo!" - Fala e leva a rapariga consigo.

Os seguranças seguem o homem e eu corro até à mulher que chora desalmadamente.

"Ela é sua filha?" - Ajoelho-me perante a senhora e a mesma assente. "Eu vou dar um jeito. Espere por mim." - Ela nega com a cabeça.

"Vão matar-lhe a si." - Segura-me as mãos.

"Não me importo. Eu vou salvar a sua filha." - Ela larga-me quando eu começo a correr.

Chego ao enorme vidro que dá para a sala onde Cole e a menina estão. A pobre miúda nua, tremendo e chorando, enquanto os seguranças apalpam-na. Encontro a porta e dirijo-me à mesma, abrindo-a.

Cole vira-se para mim e eu pego na criança, ficando os seguranças a agarrar-me. Não solto as minhas mãos da criança, fazendo Cole vir até mim.

"Parem!" - Os seguranças atrás de mim, param e saem. Olho para Cole e coloco a menina atrás de mim, segurando as suas mãos trêmulas. "Isto aqui não é o mesmo que estar sob vigilância do Joshua, Camilla. Aqui existem regras, cujas não gosto que ninguém as quebre, porém desde ontem que já quebraste muitas. Queres salvar a menina é isso?"

"Sim!" - Exclamo.

"Ok. Então irei arrancar-te a pele. É como tu quiseres, flor de estufa."

"Primeiro, quero ter a certeza que não irás matar a menina." - Disse e ele riu-se.

"Como queiras. Deixa a rapariga ir ter com a mãe." - Deixo a menina e a mesma corre para o outro lado, em direção ao polivalente. "Agora vamos a nós." - Agarram-me no braço e não exerço força. Deixo-me levar apenas.

Deito-me na cama, enquanto Cole coloca umas luvas de plástico azuis.

Finalmente este pesadelo vai acabar.

Os meus pés começam por ser segurados por dois homens e as minhas mãos também, enquanto o outro homem fica a olhar-me com toda a calma deste mundo.

"Cole!" - Ouço um grito, porém a voz é-me muito familiar.

Cole não se mexe e pega no laser ao seu lado.

"Se tu lhe tocares com a porra que tens na mão, arrebento-te os miolos!" - Olho para o fundo da sala, vendo Joshua armado e segurando firme a arma. O seu suor escorre pela sua cara até pingar a camisola branca.

"Joshua, ela quer morrer, deixa-a morrer. Já devia ter morrido há muito tempo." - O laser continua a vir em minha direção enquanto não tiro o meu olhar do homem armado.

"Eu não volto a avisar." - Joshua ameaça.

Cole deixa cair o laser e anda até ao outro. Uma enfermeira entra, puxando-me. Saio da cama e do quarto, olhando sempre para trás, para vê-los. Ao passar por outro quarto, assusto-me ao ver que estão a cortar o braço de uma menina. A mesma está a esvaziar-se em sangue e já nem se mexe, porém o seu choro e os seus gritos são muito altos, deixando todos paralisados cá fora.

"Porque eles fazem isso?" - Comento, levando a mão à boca, quando acabam por cortar a garganta à mesma menina.

"Por dinheiro." - A enfermeira fala.

"E tu? Porque estás aqui também? Com tantos hospitais!" - Empurro-a contra a parede.

Pego na seringa que ela tentou esconder-me durante todo o caminho e entro na sala. Os homens olham-me de cara fechada. Um agarra-me por trás e é o primeiro a levar com a seringa, acabando por cair no chão. O que raio tem aqui dentro? Olho para a seringa, vendo o seu líquido amarelado. Um aproxima-se e enfio-lhe a seringa também. Vendo que já não tenho mais líquido no recipiente, pego na corda do outro lado da sala.

"O que vais fazer, princesa?" - O último homem fala.

"Vou amarrar-te a corda ao pescoço, seu merdas!" - Ele corre até mim e salto para cima da cadeira, acabando por colocar-me em cima da mesa, quando ele ia-se virar, dei-lhe com a corda pelo rosto, fazendo o mesmo fechar os olhos com força.

Ainda em cima da mesa, coloquei a corda à volta do seu pescoço, puxando a mesma. A força dele, claramente é maior que a minha, porém eu estou em vantagem.

Quando finalmente o corpo fica imóvel, deixo o mesmo cair duro no chão, saindo da mesa.

"Camilla!" - Joshua diz, olhando-me sem compreender o que acabara de fazer. "No que te tornaste?"

"No monstro que quiseste que eu fosse." - Saio do local, batendo no ombro do Joshua.

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71 Days Of PainOnde histórias criam vida. Descubra agora