| Segunda Parte|
27 de setembro de 2035, Nova Iorque.
Continuo andando para a escola. Um homem bate em mim, enquanto ando. Caio no chão e o mesmo olha-me, hipnotizado. Na seu rosto estão presentes algumas cicatrizes que me deixam assustada. A sua mão fica há espera que assinta a sua ajuda, e assim o faço.
"Desculpe. Estava com pressa." - O homem fala, olhando-me sempre, como se tentasse desvendar algo no meu rosto.
"Tudo bem..." - Apenas falo. "Bom dia para si." - Desloco-me no sentido contrário ao rapaz que fica no mesmo lugar me olhando.
Não olho mais para trás, para não ficar paranóica. Talvez ele tenha algum problema. Ao entrar na escola, a minha colega me sussurre que há um homem a olhar-me e seguiu-me até agora. Encaro o homem e é o mesmo de há pouco. Isto já é assustador!
"Estás bem?" - Cristine fala. Nego levemente com a cabeça. Olho de realce novamente para o homem e os nossos olhares se cruzam. Arrepio-me.
O toque de entrada distraiu-me. Pensei que depois das aulas o homem já não estaria ali e seria tudo da minha imaginação. Talvez ele apenas seria um namorado de alguma rapariga na escola, ou um pai de alguma que está sempre a viajar, ou até que ele sempre esteve por aqui e eu nunca o tinha visto antes, mas quando coloquei o pé fora do portão da escola, ele ainda estava lá. De braços cruzados, pés firmes no chão e óculos de sol pretos no rosto. Olhei para todos os alunos que saiam ao mesmo tempo e fui com eles, para que o homem não me visse.
A um certo ponto, os alunos foram tomando seus caminhos opostos e eu fiquei sozinha. Tiro o meu telemóvel, ligando a câmara frontal e logo atrás de mim o homem andando devagar. Começo a correr desesperadamente, pensando em como ele me conseguiu seguir. Até que caio no chão, com um peso sobre mim. Grito e logo ele tapa a minha boca. Sinto algo pressionar a minha anca.
"Se gritas mais uma vez, mato-te aqui mesmo." - Ele sussurrou no meu ouvido. Estremeci.
Fui tirada do chão e ele levou-me até a um carro. Nenhuma pessoa passava na rua. Olho para cada casa. Hoje, por azar, não está nenhuma senhora intrometida na janela. Logo agora! Sou colocada no banco de trás e logo dois homens agarram-me. O mesmo que me trouxe senta-se no banco da frente e o outro olha-me pelo espelho e começa a conduzir.
"Tens a certeza que é ela?" - Ouço o condutor falar.
Tento mexer-me, mas os homens apertam-me no meio.
"Para onde me levam?" - Grito.
Todos os homens do carro apontam-me armas. Contrario-me no banco, repensando na pergunta. É melhor não contraia-los. Não parecem tolerar brincadeiras.
Depois de alguns minutos de carro chegamos em uma casa que mais parece assombrada. Porque será que eles me trouxeram para aqui?!
Saio do carro com os dois homens a segurarem-me os braços e os outros dois vão na frente.
Entramos na casa onde não há ninguém. Sou atirada ao chão e o homem que me vigiou na escola coloco-me as algemas que estão acorrentadas. Pude ver o azul esverdeado nos seus olhos e o seu corpo musculoso. Para um raptor, está em forma. Menos mal.
"Deves estar a pensar o que raio estás aqui a fazer não é mesmo?" - O careca fala, sentando-se na cadeira que arrastou para junto de mim. Assinto. "Tudo isto é porque tu mataste o pai do Josh." - Aponta para o dono dos olhos azuis.
"Eu não matei ninguém!" - Exclamo e um dos outros homens dá-me uma bofetada.
"Diz a verdade, sua sonsa!" - O careca grita novamente.
"Jason, acho que não foi ela." - Josh diz, quase inaudível. O outro levanta-se zangado da cadeira, derrubando a mesma.
"Tu aqui não dás opinião, estás a perceber?! Eu era muito amigo do Joshua e se esta cabra o matou ela tem de morrer de igual modo! Não percebeste ainda?! Queres que te faça um desenho?! Ele era teu pai! Mostra respeito pelo menos!" - Josh abaixa a cabeça apenas.
"Já lhe disse que não o matei! Nem sei quem é esse tal Joshua! Se me deixares ir, juro que não conto esse teu plano a ninguém." - Pisco o olho a Jason.
"Esta miúda está a tirar-me do sério! Juro que a mato já!" - Tira uma arma e os outros puxam-no para trás.
"Jason, pensa com a cabeça, meu! Achas que foi ela?" - Todos me olharam e reviro os olhos. Não sou vitrine nenhuma para estarem a olhar feito especados. "Ela parece... Bem... Ela é bem constituída..."
"Cala-te! Só pensas nisso tu!" - Josh afirma, olhando-me novamente.
"Já que vocês acham que ela não é a culpada pela morte de Joshua, mostrem-me provas e eu não a faço sofrer, a começar por hoje." - Jason sai indo buscar uma faca. "Têm alguma prova como ela não é a culpada?" - Nenhum deles falou e começo a suar frio. Só podem estar a gozar comigo!
Ele começa a cortar a minha perna. Deito-me no chão tentando dar-lhe pontapés, para que o mesmo pare. Vendo que estou a tentar pará-lo, salta para cima de mim e corta-me o braço todo. Grito sem parar e começo a chorar.
Josh tira-o de cima de mim. O careca de barba, fica furioso e deixa cair a faca no chão, saindo pelo portão. Ouvi depois o carro a ir embora.
O homem que me seguiu pega no meu rosto, fazendo-me olhá-lo.
"Eu vou provar que não foste tu... O bom era convencer o meu pai a aparecer de novo..." - Fala, porém não compreendo o que ele fala. Grito novamente com dores, ao tentar mover a perna. "Já trato de ti."
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71 Days Of Pain
Mystère / ThrillerCamilla Collins será uma das várias vítimas do temível Joshua Bolivian. Conhecido por gangsters e assassinos, este destaca-se pela tortura a que submete as suas vítimas no seu armazém, onde viveu toda a sua vida. Com uma infância perturbada e cheia...