44º Dia.

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16 de junho de 2017, San Diego.

Os meus olhos estão pesados e o que aconteceu ontem depois de ver Elaine não me vem à mente. Porém, a dor que sinto na cabeça, indica que levei na mesma. O quarto onde estou foi brutalmente destruído, certamente por Joshua e Elaine.

Completamente acordada, reparo que estou apenas de robe. Olho para a minha perna, não encontrando a arma.

"Estás à procura disto?" - Olho para a mulher na minha frente, com a arma que o meu pai me deu na mão. "Acho que estás acostumada demais ao meu Joshua. O que é uma pena pois irás morrer muito em breve." - Coloca a arma ao lado dos ferros.

Tento soltar-me da cadeira aonde estou amarrada, porém os nós estão muito bem feitos e demasiado apertados.

"Onde está a minha filha?" - Pergunto e a mulher ri alto. "Acha piada?!" - Falo suficientemente alto. "Isto é uma vingança é? Porquê?!"

"Ainda perguntas porquê?!" - Olha-me com raiva. "Tu colocaste o meu irmão na prisão! Tu e a Catherine. Não tive qualquer problema em corta-la."

"Foste tu que mataste a tua irmã?!"

"Quem mais seria?! O Joshua?" - Ri-se depois de falar o nome do outro psicopata. "Aquele burro nem ao menos queria raptar-te de novo, sabe-se lá porquê."

"Achas mesmo que ele te ama?" - Abro o jogo e o seu olhar parece ferver.

"O que raio estás a dizer?! Joshua sempre esperou por mim! Ele sempre se preocupou comigo e nunca teve mais ninguém!" - Grita. Ela está tão iludida.

"O que vocês fizeram ao Carter e à Cristine?"

"Como tu sabes dela?" - Encolho os ombros e ela fica a olhar-me. "Acho que é óbvio o que fiz com eles." - Novamente, tinha sido ela a matar as pessoas e não Joshua. Porquê? "Sempre odiei a minha tia. Ela e aquele terrível filho que ela teve. Estava na hora deles, como também a hora da tua filha e a tua estão a chegar."

"Se tu fazes alguma coisa à minha filha, eu mato-te!" - Grito, tentando sair da cadeira. De repente o choro de Mel invadiu a casa toda. A minha pobre menina. Ela não merecia isto.

"Matas matas. Não mataste o Joshua quando tiveste oportunidade, achas que alguma vez irias conseguir-me matar?!" - Ri-se. "Não sejas burra."

O choro da minha filha cada vez mais se intensificava e eu só me preocupo agora com ela e com o que podem estar a fazer.

"Deves estar a perguntar-te onde Joshua está." - Anda até a uma janela do quarto. "Mandei-lhe cortar os dedos dos pés e das mãos da tua querida filha." - Eu não queria acreditar no que tinha acabado de ouvir.

"A minha filha não tem culpa disto, sua diaba! Deixa-a em paz! Faz o que quiseres comigo mas deixa-a fora desta vingança patética! Faz o que quiseres mas não cortes os dedos da minha menina! Ela não vai resistir!" - Ela continua a rir enquanto começo a chorar. Eu queria não chorar, para não demonstrar fraqueza, mas a minha filha é a minha fraqueza e imaginar que Joshua está a cortar os seus dedos todos, sinto-me impotente. Não consigo sair daqui e a minha filha pode estar morrendo do outro lado.

"Se a tua filha ainda está chorando é porque ainda Joshua não terminou o serviço. Deve ser agonizante ser daquela idade e não saber o que fazer para se defender. Sinceramente, não tenho pena nenhuma de vocês."

"Tu és a pior pessoa que eu conheço!" - Grito. "Porque não me libertas? Fazemos um duelo, com o que tiveres. Pode ser aqueles ferros mesmo." - Olho para os ferros e novamente aquele episódio com Joshua assombra-me. "Veremos quem morre primeiro."

"Não querida. Não há duelo nenhum." - Anda até mim. "Aqui quem manda sou eu e não tu!" - A sua mão saiu de trás das costas e a faca afiada percorreu toda a minha perna, aparecendo logo o sangue. Novamente ela passou com ainda mais força a lâmina.

Não gritei, só me contorci na cadeira sem parar. Apertei as mãos com força e trinco o lábio com força, sentindo gosto a sangue na minha boca, de provavelmente ter rasgado o mesmo ao tentar amenizar a dor que sinto na perna.

"Hum... Se falamos na tua filha, choras, mas se te cortamos a perna não fazes nada. Interessante. É pena que isto nem é o começo." - Sussurra-me a última frase no ouvido.

Quando a mulher se vira para ir encarar o espelho, reparo nas marcas que a mesma tem nos pés perto dos tornozelos. É como se fosse marca de cordas, porém as marcas parecem ser antigas. Nas suas costas também há marcas de chicotadas. Ela deve ter praticado com Joshua quem aguentava mais dor.

"Na segunda guerra mundial, várias mulheres judias foram sujeitadas a ferros pela zona vaginal até ao útero. Nunca puderam ter filhos as que sobreviveram. Era uma pena se acontecesse o mesmo contigo, não é?" - Olhei o seu olhar que está refletido no espelho há minha frente. "Já não vais ter a bebé." - E o choro parou e nesse mesmo instante o meu coração falhou também. As lágrimas enchem-se nos meus olhos e quase desmaio devido a uma fraqueza. Joshua matou a minha bebé! Ele foi capaz de matar a própria filha!

Olho para o outro lado, vendo dois lavatórios sujos de terra provavelmente e neles também estão refletidos a imagem de Elaine.

"Sinceramente, acho que o melhor é deixar-te aí. Deves suicidar-te e sabes porquê?" - Elaine anda até mim e olha-me nos olhos. "Porque deixaste que matassem a tua própria filha. Tinha vergonha de ser uma mãe como tu." - Sei que ela está a fazer jogo comigo.

Eu até poderei matar-me mas antes, matarei Joshua e ela. Nunca o irei perdoar por isto. Nunca!

A porta do quarto abre-se e Joshua entra com as mãos ensanguentadas. O sangue de Melaine. O seu olhar encontrou o meu, mas estava diferente. Cada vez que ele me torturava o seu olhar era de satisfação, porém agora ele não está assim. Terá ficado com remorsos? Não é possível.

O homem olha-se no espelho redondo e pequeno perto do lavatório, enquanto lava o sangue das suas mãos.

"Eu não acredito que tu foste capaz!" - Exclamo. "A minha bebé não tinha culpa! Ela não tinha culpa!" - Grito e a mão da irmã de Joshua esbarra na minha face deixando a mesma a arder. 

"Cala-te, . Estou farta de ouvir-te!" - Ela encaminha-se para o homem que continua esquisito. "Fizeste o que combinamos, amor?" - Ele assentiu e nesse momento, apetecia-me matá-lo agora mesmo.

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