42º Dia.

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3 de maio de 2016, Nova Iorque.

Continuamos a viagem de carro enquanto eu recordava os primeiros dias de sofrimento aqui. Parece que foi ontem que fui raptada por Joshua. O sofrimento, a dor, tudo ainda está presente na minha mente e no meu corpo. Tudo o que ele já me disse e tudo o que já me fez. A primeira vez que senti-me vingada, mas não completamente, foi quando matei Richard.

Nunca pensei que fosse capaz de matar alguém como eles fazem, mas naquele dia eu fui capaz para isso. Só me arrependo foi de não ter feito o mesmo a Joshua. Ele merecia ainda mais dor do que o Richard. Apesar de já ter feito alguma vingança com Joshua, parece que nunca acabo de uma vez com ele.

"Estamos quase a chegar." - Joshua avisa, mas ignoro.

O rádio ainda toca uma melodia calma e o mesmo está baixo.

De repente, a radio deixa de passar música e passa a dar algumas notícias.

"Camilla Collins foi vista ontem no hospital de Florida junto de um homem. O homem foi identificado como Joshua Bolivian. Sabemos apenas que Camilla está desaparecida à 42 dias e até ontem não sabíamos aonde ela poderia estar. Agora que foi vista, todas as autoridades de Nova Iorque prometem encontrar a jovem que preparava-se para ir para a universidade." - Joshua desliga o rádio, antes que a mulher pudesse continuar a falar.

"Merda!" - O homem dá um soco no volante. Continuo em silêncio e olho para as casas que situam-se de ambos os lados do carro.

Estamos em Nova Iorque, muito mais fácil de voltar para casa. Só tenho de arranjar alguma maneira de fugir. Conheço isto como a palma das minhas mãos, porém Joshua também. Como poderei então fugir dele?

O carro pára de um momento para o outro, ficando eu pasmada a olhar para o homem ao meu lado que parecia estar a ter um ataque de pânico.

"O que há?" - Pergunto mas ainda assim, nada foi ouvido, a não ser pequenos gritos dados pelo homem. As suas mãos tremem e as pernas também. Mas que raio?! "Joshua?!" - Toco-lhe e o mesmo afasta-se do meu toque. Boa oportunidade para fugir ou não?

Toquei novamente em Joshua e o mesmo desviou-se. Enquanto ele passava as mãos na cabeça, arranquei a chave do carro e sai. Fechei a porta, sabendo que ele podia abrir por dentro, só que não conseguiria colocar o carro a trabalhar. Comecei a correr, olhando para trás, para um homem que ainda se situava em choque e eu não sabia bem o porquê.

Corro o mais rápido possível. Algumas vezes olho para trás, mas não há vestígios de Joshua. Será que ele continua em choque? Mas o que deu nele? Ele nunca ficou assim!

Desvio Joshua da minha mente e concentro-me em escapar das suas mãos, da dor que me causa todos os dias.

O dia passava e quando passava nas ruas, as pessoas comentavam até que esbarrei em alguém, quando olhei para trás, para verificar se o rapaz andava atrás de mim.

"Camilla?!" - Ouço aquela voz e quando olho para a pessoa, agarro-me a ela. "Oh, Camilla, como eu tive saudades!" - Ouvi a minha melhor amiga chorar e de igual modo eu estava.

"Tenho de fugir." - Ela olha em redor, encarando o mesmo que eu. Corremos até ao polícia e o mesmo reconheceu-me.

Joshua apareceu em seguida e já havia vários polícias na rua, impossibilitando-o de fugir de qualquer maneira. Estava impossível agora fugir.

Tyra abraça-me enquanto vejo Joshua ser levado no carro da polícia.

"Iremos leva-la a casa, menina Camilla. Os seus pais já foram informados, porém antes, vamos ao hospital." - Assenti. "Se quiser pode vir também." - Falou para Tyra e a minha amiga assentiu também.

Durante quatro horas, eu fiquei no hospital, fazendo exames e mostrando todo o meu corpo. Fotos foram também tiradas para colocar no processo.

Quando sai finalmente do hospital, acompanhada por Tyra, os meus pais correram até mim e abraçaram-me chorando. Como eu sentia falta deles!

"Peço desculpa, mas ela ainda não pode ir para casa." - O polícia fala e a minha mãe olha-o irritada.

"A minha filha está cansada, senhor. Precisa de ir para a sua casa! Já esteve muito longe durante muito tempo!"

"A menina Camilla apresentou queixa e como tal precisa dar-nos o seu depoimento."

"Mãe, deixa." - Abraço-lhe mais uma vez. "Quando eu sair da polícia eu volto para casa." - Sorrio-lhe.

"Eu posso ficar com ela, senhora Trisha." - Tyra falou, calmamente, colocando a mão no meu ombro.

"Assim fico mais descansada, Tyra. Obrigada querida." - A minha mãe falou e agarrou-se ao braço do meu pai. "Até logo." - Dá-me um beijo na testa.

"Vamos, então?" - Assentimos para o polícia.

Quando eu passei pelas salas de interrogatório, numa delas estava Joshua e o olhar dele encontrou o meu. O meu corpo arrepiou-se completamente e por momentos eu senti-me totalmente ameaçada e com muito medo.

"Passa-se algo?" - Encarei o polícia e olhei para Joshua mais uma vez. "Descanse, dali ele não sai. Siga-me." - Assenti, continuando a segui-lo.

Chegamos a outra sala de interrogatório. Sentei-me numa cadeira e tinha um detetive noutra. O homem que me havia trazido saiu, ficando na porta, de vigia.

"Camilla Rose Collins?"

"Sim."

"20 anos?" - Afirmo. "Sabe qual foi o primeiro lugar aonde Joshua Bolivian levou-a?"

"San Diego."

"Houveram outros sítios?"

"Santa Mônica, Florida e se houve mais algum não me lembro."

"Camilla, por acaso tem provas de como houve mais vítimas?"

"Tenho." - Disse com convicção. "No primeiro armazém onde estive, em San Diego, havia debaixo da cama, escrito as 13 vítimas de Joshua e de Richard. Juntamente com os nomes, tinha as partes do corpo que eles queriam tirar. Havia também um diário, da anterior vítima, Olívia. Ela contava tudo no diário, até que deixou de escrever nele, quando Richard fingiu que ela tinha fugido e manteve Olívia no mesmo armazém só que num sítio secreto que nem mesmo Joshua sabia que existia." - O detetive escrevia no seu bloco de notas, tudo o que eu falava e por vezes olhava-me, numa tentativa de fazer-me ver que tudo está bem agora e que posso contar tudo o que sei.

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