Especial Melaine (63º Dia.)

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3 de outubro de 2035, Nova Iorque.

O meu corpo é arrastado. Sinto o mesmo pesado demais. A barriga dorida, os braços mais parecem partidos e as minhas costelas estão de igual modo. Solto alguns grunhidos ao ser deslocada pelo chão frio. Abro um olho e não consigo abrir o outro. Vejo as botas castanhas daquele que me enganou.

Paro de ser arrastada, ficando de barriga para baixo. O homem senta-se à minha frente. No olho que lhe espetei o cigarro está agora uma pala, que mais parece ser o Luis de Camões. Se pudesse rir agora eu ria, porém só pioraria a situação. Invés disso acho que o melhor é permanecer calada.

"Sabes porque te trouxe para aqui? Porque na verdade tudo o que eu falei foi mentira. Aliás, porque iria estar um bonzinho no meio de tantos mauzãos? Era mesmo de desconfiar não era? Só tu é que foste burra demais ao acreditar em mim e foste um grande jackpot porque agora que o Jason descobriu que eu não sou filho do Joshua mas tu sim, ele vai querer matar-me, mas antes que isso aconteça, eu mato-te primeiro, pode ser?" - Ele está a ser confuso ou então é mesmo maluco. Eu, filha do Joshua? Eu nem conheço o homem que eles falam.

"Mas sabes, eu não estou nem preocupado com o que Jason poderá fazer." - Encolhe os ombros. "Ah, e a Carlota, bem..." - Ele leva a mão à boca, fingindo preocupação. "Eu te menti. Eu não lhe deixei na casa dela, eu lhe deixei no hospital, à beira da morte. Pelo menos, deixei o bebé com ela, já não é mau, pois não?" - Retiro as forças de onde eu nem pensava que as tinha e atiro-me para cima do homem, dando-lhe socos e arranhando-o o rosto.

Vejo que um pouco distante de onde estamos estão duas facas. Ele já tinha planos para mim.

Sento-me em cima do homem, vendo que o mesmo está a tentar afogar-me. Dou-lhe com o cotovelo no nariz, fazendo o mesmo levar ambas as mãos ao nariz. Saio de cima dele, arrastando-me pelo chão até às facas. Sou agarrada pelos pés e puxada, contudo nas minhas mãos já tenho presente as facas. Com uma enfio na sua mão, prendendo a mesma ao chão de madeira.

Ouvindo ainda os gritos do homem, espeto a outra faca na outra mão. Ele grita imenso e eu afasto-me. Tento levantar-me, com algum custo.

"Tu... Vais... Pagá-las!" - Ele grita, olhando-me furioso. Não tenho medo dele.

Agarro-me às cortinas e coloco-me de pé. Ando pé ante pé, sempre junto da parede para não cair e saio do quarto, fechando o mesmo à chave. Saio da casa de Josh tentando andar o mais rápido possível. As pessoas na rua me olham de lado, porém nenhuma pára para saber o que se passou ou até se eu preciso de ajuda.

Atualmente vemos que as pessoas apenas querem saber delas. Hoje agradeço à minha mãe pela educação que me deu, porque se eu visse alguém na rua no estado em que eu estou eu ajudaria.

Um carro preto pára e de dentro sai Max, que vem até mim. Choro ao vê-lo e abraço o mesmo.

"De onde vieste?" - Pergunta-me.

"De lá de trás. Eu mostro-te se quiseres. O Josh enganou-me."

"Ele enganou-nos a todos. O patrão está furioso dentro do carro. Anda, nós vamos levar-te."

"Max eu quero ir para a minha família."

"E tu vais ir. Eu prometo." - Olhei no fundo dos olhos dele e confiei, desconfiando. Entro dentro do carro sentando-me ao lado de Jason.

"Eu peço imensas desculpas, Melaine." - Arregalo os olhos ao ouvir Jason. "Se alguma vez o teu pai me encontrar ele vai dar-me uma coça que nunca mais me levanto! Eu te prometo que vamos apanhar Josh e vamos matá-lo da maneira que tu quiseres."

"Porque não colocam ele na prisão?"

"Oh querida, vê-se mesmo que não percebes nada disto." - Ri-se. "A prisão é dos sítios mais fáceis de fugir e ele acabaria por fugir também como tantos outros já o fizeram antes."

"Onde ele estava?" - Max questiona.

Direciono Max para a casa de Josh e vejo que a porta da casa do mesmo está aberta. Não me digam que ele conseguiu fugir?!

"Tenham cuidado! Eu tenho a certeza que fechei a porta e para ela estar aberta é porque ele fugiu." - Alerto Max e o outro gorila.

O carro onde estou é trancado. Os vidros são pretos e provavelmente duplos.

"Fica descansada. Este carro é à prova de bala." - Jason deixa a sua cabeça cair no sofá.

"Porque matas mulheres?" - Jason olha-me e revira os olhos.

"É um vício, tal como o teu pai tinha."

"O meu pai tinha o quê?!" - Exclamo, aquando que Max entra no carro seguindo viagem.

"O filho da puta fugiu! Mas havemos de o encontrar. Ele não estará muito longe daqui."

"Podes responder-me?!" - Digo.

"Falamos depois, Melaine. Estou cansado." - Fecha os olhos. "Devias fazer o mesmo."

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71 Days Of PainOnde histórias criam vida. Descubra agora