Ceres - Agora o Inimigo é Outro [LIVRO 2 - COMPLETO]

Capítulo Nove

Capítulo Nove

– Depois do riacho, chegaremos ao próximo vilarejo. Por isso sugiro fazer uma pausa de dez minutos para recuperar energias – Thor Czeslaw aconselhou, semicerrando os olhos incomodados pela luz cinza da manhã quando parou seu cavalo diante aos outros logo que avistou um bom lugar para que eles pudessem descansar à beira de um riacho. Todos concordaram e desceram de seus cavalos, encostando-se ao lado de um fino riacho frio das redondezas, três dias de caminhada haviam passado, uma viagem não turbulenta, nem tanto cansativa. Seguiriam com o plano que Thor, eles andariam os próximos vilarejos procurando por informações úteis sobre o então desaparecido Lucky Berbatov, como ainda estavam perto das terras de Skyblower era de se esperar a falta de referências.

As irmãs Campbell apressaram-se para encher seus odres com a água cristalina e fria que corria no estreito riacho. Elliot aproveitou o momento para esticar suas pernas e queixar-se das queimaduras cedidas pela sela, o longo tempo de cavalgada era mais cansativo do que parecia. Emily tomou o tempo para verificar se nada de seus pertences relacionados com a bruxaria haviam sofrido algum dano com os trotes sucessivos do cavalo. Thor após refrescar seu rosto na corrente de água, alongou seu corpo e aproximou seu cavalo para que ele também se refrescasse.

Enquanto todos estavam preocupados com suas necessidades, Amélia Van Woodsen teve total atenção em procurar se estava sendo observada ou não. Ela deslizou até seu cavalo que já bebia água e certificou-se que ninguém lhe espionara.

Sua mão correu até sua mochila e dali ela arrancou com cautela o mapa que Cirelli a entregou e que ela fingira ter perdido na fuga pela floresta. Ele indicaria onde Lucky estava. Ela já estava certa de seu plano, ela o encontraria primeiramente e tiraria suas próprias conclusões antes que os outros o fizessem. Seus olhos vagaram pelo tecido amarronzado danificado pela água da chuva e observou atenciosamente o marcador vermelho que mostrava a distância entre eles. Mia ergueu a cabeça e procurou a colina representada no mapa. Lucky não estava longe. Talvez fosse necessário mais algum tempo de caminhada para que ela estivesse na direção certa mas, nada a fazia ficar menos determinada.

Quando eles adentraram a taberna no centro do mercado de um vilarejo, receberam olhares curiosos de homens mal encarados que enchiam a cara em plena luz do dia. O âmbito seguia o estilo clássico das tabernas dos últimos anos com vários barris onde eles estocavam o vinho de má qualidade, a cerveja barata e em alguns casos especiais a sidra. A primeira coisa que passou pela cabeça de Amélia era que aquela taberna não era tão desapropriada quanto as que ela já vira na sua última viagem e logo concluiu que quanto mais distantes de grandes reinos dos pontos cardiais, piores eram as tabernas.

Thor não perdeu seu tempo observando o ambiente porque aquilo já não o impressionava, ele caminhou até o bar e Mia o seguiu passando entre as mesas. Emily e Elliot fizeram o mesmo percurso passando desapercebidos pelos boêmios. As irmãs optaram por cuidar dos cavalos no exterior enquanto eles negociavam um lugar para que pudessem comer. Mia tentou não encarar as escandalosas mulheres que riam em volta de um grupo de homens, observando suas roupas chamativas e seus cabelos de cores berrantes. Aquilo chamou sua atenção de uma forma positiva, elas não pareciam ligar para a opinião alheia.

– Não olhe muito – Thor sussurrou em seu ouvido, o arrepio a trouxera de volta para eles encostando-se no bar. – Elas podem achar que você está procurando concorrência.

Um estalo lhe ocorreu e ela arregalou os olhos entendendo sua tirada.

– Meretrizes? – ela cochichou.

– Essa palavra não é um palavrão por aqui – a terceira voz masculina respondeu, os quatro olharam o homem que servia o bar, magro e esguio como um moribundo, com olhos profundos contornados de rugas. Suas mãos ossudas secavam um grande copo de cerveja, logo um sorriso sarcástico revelou os dentes apodrecidos pelo tempo.