Capítulo Quinze

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Capítulo Quinze

Em uma das janelas que apontavam para sul do castelo Valois, os olhos castanhos-avermelhados tinham um suave reflexo no vidro do quarto de hospedes devido a luminosidade gris do lado exterior abaixo das grossas e afofadas nuvens. Amélia Guillen Hansen sentia seu corpo dolorido, no entanto não tinha certeza se a dor fora causada pelo espartilho do vestido que desde o início da viagem não entrava em contato com seu corpo, desconfiava que o motivo da dor era a confusão que estava na sua mente, que aglomeravam fatos tão pesados que ela podia lhes sentir a flor da pele. Olhar para as formas das nuvens lhe deixava num transe, tão denso que Mia ainda lembrava-se do final da conversa que tivera aquela manhã com Berbatov.  

– Azuis? – ela sentiu a voz entalada em algum lugar profundo da sua garganta. Repentinamente ficar na minha própria pele era algo explosivo... o cheiro da adrenalina; o tato de nossas peles testando forças ocultas de ambos lados; o sangue quente correndo por minhas veias pelo anseio dessa energia... Os olhos sedentos de vingança de Joseph... me olham como se estivesse vendo uma assombração. Ainda sendo pressionada contra a parede, Joseph procura de volta suas energias que pareciam perdidas no cruzar de nossos olhares.

– Como os de Ceres... – ela não dissera aquilo para ninguém de especial. 

– Eu não sabia o que estava acontecendo naquele momento, mas sabia que precisava acabar com Joseph de uma vez por todas.

– Não – murmuro, ele tenta olhar novamente para mim, porém a faca é arrancada, posso ouvir a lamina saindo da carne e isso provoca que Joseph não encontre suas forças desabando no chão. Meu olhar abismado encontra por míseros segundos Lucky com a adaga ensanguentada em suas mãos, meu corpo inteiro arrepia e agora eu sou capaz de sentir meu coração batendo.

– Porque eu acreditei que minha briga seria com Ela para trazer você de volta – Lucky disse olhando em seus olhos que pareciam confusos. – Mas, no momento que você viu Thor caído aos seus pés, morto, fora como se seus olhos tivessem perdido a luz e voltaram a serem como são. Então, eu não fizera nada, apenas a ideia de perder Thor fez com que você continuasse você.

Amélia umedeceu os lábios secos.

– E a continuação você a conhece bem – ele inteirou. Mia levou sua mão até a cabeça, sentindo uma pontada perturbadora, lembrou-se como um flash o dia que ainda lhe assombrava, quando estava na floresta fugindo de Nicolas Kaufmann. Uma lembrança apagada de quando corria pela floresta negra, quando o medo tomara espaço em seu interior, tudo era escuro e sombrio. Quando Mia não encontrou o controle de seu corpo e tivera de se apoiar numa árvore, subitamente uma luz incandescente surgiu, labaredas violentas tomaram o tronco seco. Houvera o trovão? Ela não lembrava, como também não lembrava do momento em que tocara a árvore. Seria sua cabeça novamente pregando uma peça com ela?

Amélia não sabia.

– Então, fora eu que colocara fogo naquela árvore – murmurou abismada.

– O que? – a voz de Lucky lhe trouxera para a realidade.

– Eu lhe disse que sua brincadeira de mal gosto antes de partir de Skyblower não nos resultara em boas coisas. Todos se viraram contra você Lucky e eu parti atrás de uma feiticeira para que ela pudesse me ajudar a encontrá-lo, e a única pessoa que poderia me ajudar a sair do castelo era Nicolas.

Lucky deu dois passos à frente firmando suas pernas no chão para ouvir as palavras que eram lhe designadas. Amélia precisou procurar o ar que faltava no pulmão por precisar reviver cada momento de desespero daquela noite e contar a Lucky sem parecer exposta ou fraca ou frágil para ele.  – Houve uma tempestade e um imprevisto fizera com que nós seguíssemos sozinhos pela floresta de volta ao castelo.

Ceres - Agora o Inimigo é Outro [LIVRO 2 - COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora