Ceres - Agora o Inimigo é Outro [LIVRO 2 - COMPLETO]

Capítulo Vinte e Oito

Capítulo Vinte e Oito

Amélia Norwood estava estarrecida, e encarava o vazio deixado pelo Oráculo. Ela ainda estava naquele lugar que parecia ser uma espécie de templo de rocha completamente abandonado que se localizava em algum lugar daquela caverna assombrosa e totalmente misteriosa. Os diversos archotes grudados no alto das diversas colunas estavam acesos e as labaredas pareciam dançar todas juntas quando nem ao menos havia vento, se elas não tivessem sido acesas, provavelmente pelo Oráculo, Mia estaria na negritude total somente na companhia de Kiara.

E onde estava o Oráculo? Ela se perguntou. Ele simplesmente dissera todas aquelas informações          e em seguida desapareceria? De resto, Mia deveria descobrir sozinha? Aquilo não tinha sentindo algum! A religião dos Sacerdotes era a principal de Skyblower, e a única que ela estudara, ainda assim Amélia nunca ouvira falar de uma Adaga dos Sacerdotes... No entanto, ela já ouvira falar de uma Adaga das Bruxas, ela apercebeu espantosa. Emily lhe dissera uma vez como conhecera Aspen Butler, ele fora conhecer o Clã das Bruxas somente para obter a adaga deles sob o mando de seu próprio rei!

Seu rei sabia disso? Emily sabia disso? Ela fitou a raposa, se Kiara estava ali, era possível Henri também estar?   

Mia arfou, confusa e desnorteada. As perguntas eram infinitas, contrariamente sua paciência. Contudo, naquele momento ela tinha problemas maiores: ela estava perdida nunca caverna conhecida por seus monstros, sozinha e servida de algumas flechas, as quais há muito tempo ela não afiava.

Ela controlou sua respiração e se convenceu de que seu desespero não a faria sair dali. Mia olhou a sua volta, por que existiria um templo numa caverna perigosa? Ela se encontrava no centro de uma grande sala, tão ampla quanto a pista de dança do salão de Skyblower. Grandes blocos de rocha lisa desgastada repousavam sobre o chão, e as paredes eram feitas da mesma estrutura dando a impressão que Mia se encontrava numa caixa. As grandes e largas colunas de base circular estavam enfileiradas, antes pareciam ser feitas de ouro, e agora eram retratadas com um bronze encardido, elas vinham da porta principal até onde se encontrava a mesa de pedras onde as adagas surgiram, deviam ser por volta de dez de cada lado.

Algo naquele lugar não dava a sensação de antigo para Mia, somente de abandono.

Kiara sentou-se no chão e encarou o fogo dançante de uma tocha. Para se atrever a sair dali, Mia precisava de luz, logo deduziu, pois a única saída evidente daquele lugar estava no grande arco elíptico ao fundo da sala onde nenhuma luz sequer pairava. De alguma forma, ela precisava escalar o fuste e pegar um archote.

Ela se aproximou da coluna mais próxima a sua esquerda, e observou a superfície de bronze. Mia sentiu um arrepio percorrer por sua espinha ao notar os enormes arranhões identificáveis e amedrontadores sobre a parte inferior do fuste. Seja o que for que fizera aquilo, Mia sabia que precisava sair dali e rápido. Ao ver os arranhões, também observara o fuste da coluna era liso, sem caneluras. Mia subiu sobre seu plinto e ainda assim tentou ver se de alguma forma era poderia subir, mas era impossível, seu corpo deslizava sobre o escuro bronze.

– Maldição!

Haviam outras colunas e Amélia andou a procura uma por uma alguma falha a qual ela pudesse aproveitar. Logo percebeu que os archotes estavam dos dois lados, uns virados para o caminho até o santuário e outros virados para as paredes. Amélia curiosamente mudou seu caminho, perguntando-se o porquê de haver tochas iluminando somente as paredes e ao se aproximar, saindo do caminho principal, ela encontrou marcas sobre as rochas, uma atrás de cada coluna. Elas tinham formas de homens assim como de mulheres. Surpreendida, Amélia observou aqueles desenhos, como se fossem sombras maiores que ela, e seguiu uma a uma subindo, sem perceber, até o santuário. Ao alcançar o topo notou então o desenho que não percebera antes.