Ceres - Agora o Inimigo é Outro [LIVRO 2 - COMPLETO]

Capítulo Dezessete

Capítulo Dezessete

Ceres,

A grande sacerdotisa que sacrificou-se pela pedra Yume

Pela paz de seu mundo

E pela humanidade.

Perdeu sua família.

Perdeu aquela que mais amava

Para cumprir com seu dever...

Para trazer a paz de volta sobre a terra...

Ceres foi a protetora da pedra,

A guerreira dos sacerdotes,

A esperança daqueles que não tinham voz,

Aquela que viveu por gerações...

E você Amélia?

Quem é você?

Quem sou eu...

Amélia despertou num sobressalto, arfante. Aquilo teria sido um sonho ou apenas a realidade lhe mostrando sua falta de personalidade? Ou aquela apenas teria sido Ceres lhe mostrando sua única função utilitária como sua marionete?

Ela não sabia... Como não sabia onde estava.

Sua visão desfocada rodou o lugar desconhecido que se encontrava de forma pavorosa, ela piscou várias vezes para se livrar do efeito entorpecente que ainda lhe puxava para o fundo da cama, esforçando-se para enxergar algo, deparando-se com uma um grosso pedaço de pano que jazia um metro e meio acima de sua cabeça – um delicado bordado nas cores do vinho –, seu olhar assustado seguiu a costura até o centro, meios a esquerda, onde o pano inclinava-se para cima fazendo-a perceber que se encontrava dentro de uma grande tenda. Sua cabeça rodou, como foi parar ali? Ela massageou o rosto para que despertasse do incrível ar dormente mais depressa, porém a vontade de continuar na cama era persistente. A dor de cabeça lhe assombrou e ela pela segunda vez tocou o rosto recebendo os flashes dos últimos momentos que esteve acordada: Ari desmaiando, em seguida ela correndo com Lucky até ele ser atingindo e cair ao chão, por fim, ela perdendo a consciência, as lembranças não estavam tão claras que lhe pareciam até mesmo um sonho. Decidida a não continuar na cama, Mia jogou suas pernas para o chão, deixou um olhar desconfiado e ao mesmo tempo assustado percorrer o local.

Ela estava mesmo numa grande tenda, deitada numa cama ao fundo de solteiro, sozinha. Havia uma pequena mesa de madeira velha ao lado esquerdo e uma improvisada cozinha ao lado direito, e no pé de onde dormia, uma enorme harpa lhe tomou a atenção. Ela reluzia uma cor inteiramente branca que atraiu Mia no mesmo tempo, ela levantou-se com cuidado acostumando-se outra vez com seu equilíbrio e se aproximou do objeto majestoso deixando sua mão acariciar a superfície maciça, a harpa tinha a forma de seu arco quase um triangulo, mas era ainda maior, suas cordas tinham extensões distintas posicionadas num patamar perpendicular à tampa da caixa de ressonância que era de pedra branca incrivelmente polida atadas por cravelhas para que as cordas fossem tensionadas, aquilo devia pesar uma tonelada.

– Esta harpa pertenceu à minha mãe.

Mia deixou escapar um suspiro alto e deu um pequeno pulo olhando por cima do seu ombro e num susto ainda maior de encontrar a sua frente Jared Crawford.

– Você... – ele pousou algo que levava nas mãos sobre a mesa de madeira e se pôs de joelhos diante Amélia.

– Eu, Jared Crawford, peço-lhe perdão por mim e pelos homens deste vilarejo minha princesa, eles nunca imaginariam que atacariam a futura rainha deles.