Capítulo Vinte

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Capítulo Vinte

Com a chegada da primavera, Sharwood comemorava a estação onde a vida recomeçava. As flores reabriam e o sol ressurgia, o inverno era deixado para trás marcando uma nova fase na vida de seus moradores. Uma das comemorações da primavera era a grande caça promovida para a abertura da estação. Homens e mulheres escolhiam suas principais e melhores armas para a competição onde o prêmio era dado em ouro vivo.

Era honrado que os Crawford participassem do evento, mas eles não estavam atrás do ouro e sim de diversão. Com grandes estandartes de Sharwood eles abriram a cerimônia: o Arco e a Flecha; as bandeiras azuis davam partida a caçada e somente no nascer do próximo sol que as bandeiras vermelhas seriam erguidas, elas dariam fim a competição. O ponto de encontro era o portão principal do castelo, ali via-se centenas de arqueiros e arqueiras, outros com quaisquer tipos de armas, o couro fervido e os braços já descobertos antes mesmo que a temperatura aumentasse caracterizavam os participantes. Para que eles esquentassem seus corpos antes do início, abusavam do vinho quente e por isso o ar cheirava álcool.

Os olhos do senhor de Sharwood rodaram a sua volta, deixando uma grande corrente de ar escapar pelas largas narinas, como ele amava aquilo! Quando o sol tocou o ponto mais alto do céu, a marcha começou, todos eles andavam em direção a floresta seguindo a família do senhor glorificando o hino d'A Liga dos Arqueiros:

A noite chega e o arqueiro se prepara;

Sua coragem e sua fé também vão na aljava;

Munido de um arco, quer fazer sua história;

Lançando suas flechas caçando sua glória;

Arqueiro sem glória não tem esplendor;

Estar pronto a mostrar seu valor;

O tempo passa e seu corpo envelhece;

Mas alma de arqueiro jamais desfalece;

Vai arqueiro mostra-se valor;

Com as flechas, tua glória conquistar!

Mostrar que no fogo sua fé foi provada;

E em coragem ardente suas flechas foram forjadas!

Há mistérios nas sombras a nos esperar;

Tens tu arqueiro, A coragem para desbravar?!

Com seu arco e flechas procure sua glória!

Pois arqueiro sem valor,

É arqueiro sem história!

A chama foi acesa e todos partiram em meio a floresta domados pela força da cantiga, e mesmo quando todos partiram ainda podia-se ouvir os murmúrios da música ressaltando ao ar. Era o hino da sorte.

Após um longo tempo de caminhada em direção a mata cada vez mais fechada onde as silhuetas das árvores tornavam-se mais espessas, mais grossas e mais altas, Jared e Lucky traçavam sua estratégia ao lado do pai e do tio.

– Irão mesmo participar disso? – Vlad perguntou ao ver seus sobrinhos descerem de seus cavalos. – Vocês sabem que não poderão ganhar.

– Deixe os garotos Vlad – disse o senhor Yavor com um sorriso satisfatório nos lábios ao ver seus filhos trabalhando juntos. – Eles querem se divertir.

O mais novo lhe lançou um olhar sorridente.

– Essas coisas acontecem apenas uma vez no ano – ele assegurou.

Ceres - Agora o Inimigo é Outro [LIVRO 2 - COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora