Ceres - Agora o Inimigo é Outro [LIVRO 2 - COMPLETO]

Capítulo Trinta e Quatro

Capítulo Trinta e Quatro

– Quem é vivo sempre aparece... – foram as únicas palavras que Lucky pôde pronunciar ao se deparar com a figura de Nádia, defronte a ele, olhando através das esmeraldas dos seus olhos diretamente nos de Lucky. Ele sentiu sua garganta secar agressivamente, seu coração acelerar e o frio aumentar. Aquilo não era um pesadelo, nem um sonho, era a realidade.

– E... Aparentemente fui o último a receber essa aparição fantasmagórica...

Ela pareceu engolir em seco. Faziam anos e Nádia estava exatamente com a mesma aparência da qual ele sempre se lembrou. Os mesmos cabelos retos de madeixas avermelhadas num loiro claro, os mesmos olhos esverdeados, e os mesmos traços delicados de seu rosto. Diferente dele, pois o tempo fora muito severo, tinha envelhecido, ganhado inúmeras cicatrizes, adquirido mais massa muscular. Vê-la era como voltar no passado.

– Por onde diabos você andou? – ele questionou, ainda incrédulo com aquilo que via.

– Por muitos lugares...

– Eu te procurei por esses muitos lugares – Berbatov rosnou, cerrando seu punho.

– Eu sei que você procurou – ela respondeu, num tom de culpa.

– Então você somente não queria ser encontrada...

– Eu não podia ser.

Berbatov estava farto daqueles jogos de adivinha, ele aprumou seu peito e franziu seu nariz.

– Então por que você está aqui agora, Nádia?

Seus olhos brilharam, e Lucky teve a rápida impressão que os olhos dela estavam marejados, ela lhe encarava fixamente e levou um grande tempo para responder sua pergunta.

– Eu quis por tanto tempo lhe proteger Nicholas...

– Me proteger como? Matando garotinhas de quatorze anos?! – ele inquiriu, ofendido.

– Eu não tive escolha! – ela rebateu com a voz melancólica. – A caverna no vale era o único lugar onde ninguém nunca me encontraria, e se eu quisesse ficar ali com o acordo do Oráculo, eu deveria fazer o que ele exigia. Com a morte daquela menina ele se libertaria. Eu não me orgulho de meus atos, mas...

– Eu estava disposto a lhe proteger, por isso fiquei ao seu lado em todas as circunstâncias! Mesmo que isso me colocasse contra meu pai, meu irmão, meu tio! Por que você não esteve do meu se quis me proteger!? Por que você me deixou pensar durante todos esses anos que eu não fui capaz de salvá-la? Você me machucou mais do que eu consiga me lembrar, isso nem de longe foi me proteger.

– Eu lhe protegi como pude, mas não foi o suficiente. Então eu precisei me afastar.

– Me proteger de quem Nádia?!

– Das estrelas, das moderatoris.

– O que elas querem de mim?

– Sua vida.

Lucky endureceu as linhas de expressão de seu rosto, confuso.

– Você é filho de uma estrela, Nicholas, Vega é o verdadeiro nome de sua mãe. Ela não foi corrompida como as outras e por isso Vega lhe entregou ao seu pai, para protegê-lo.