Capítulo Vinte e Sete Parte II

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IV

A respiração arfante e involuntária parecia ter lhe despertado, e quando Anna Campbell abriu os olhos pesados e zonzos, tudo que enxergou fora a claridade dos cristais acima dela. Eles já não eram grandes e pontiagudos como aqueles que ela lembrava ter visto, ao contrário, pareciam ter fundido com a própria rocha da caverna criando uma parede não totalmente plana de cristal. O que havia acontecido com ela?

Anna tentou se mexer, mas era como se o seu corpo estivesse adormecido, e qualquer movimento parecia lhe custar muita força. Ela inalava ainda com mais ansiedade o ar, mas ele não parecia sustentar o suficiente seus pulmões. Com esforços, ela apoiou-se sobre os cotovelos e então olhou em sua volta, ela estava num lugar diferente daquele que entrara e para seu pesadelo, estava sozinha.

– Savannah? Elliot? – ela gritou, inalando de forma violenta o ar. – Thor, Emily? Alguém?

Ninguém dera-lhe sinal de vida. Anna tentou levantar-se, soltando breves gemidos. Visivelmente, não existia nenhum ferimento sobre seu corpo, no entanto ela sentia a fraqueza em seus ossos. – O que aconteceu? Onde estão todos?

– Eles estão do outro lado da caverna, vendo o que eles mais querem saber sobre o futuro ou o passado deles. – A voz que surgira vinha detrás dela, e ao virar-se Anna se deparou com uma garota exatamente igual a si, com os mesmos traços de expressões, os mesmos cabelos, e o mesmo olhar. Ela vestia uma camisola branca e estava descalça. Assim como um fantasma.

A verdadeira Anna Campbell empalideceu.

– Quem é você?

A outra sorriu.

– Eu sou você Anna. E você, sou eu. Eu estou feliz de revê-la novamente depois de tantos anos.

– Onde eu estou? – ela questionou, confusa com suas palavras. Olhou a sua volta, aquele túnel de cristal não parecia ter saídas, nem fim. – São os cristais, não são? Isso não é real, eles estão mexendo com a minha cabeça.

– Talvez com seus amigos sim, mas não com você Anna. Você não precisa deles para me ver, e você também não precisa de mim para continuar esta viagem.

– Do que você está falando? – ela balbuciou, com medo.

– Você tem o mesmo poder que eu tenho criança. Apenas tem medo de usá-lo e por este motivo o bloqueia.

– O que é você?

– Eu posso ser o Oráculo, eu posso ser uma entidade. Apenas tomei esta forma porque não queria assustá-la.

– Não funcionou muito... – ela murmurou, com receio.

– Eu darei a escolha para você, minha pequena Annabela. Eu posso lhe acompanhar nesta jornada assim como você pode continuar sozinha. Você poderá ver o que você quiser através dos cristais, ver seu passado, ou ver o futuro dos outros, até mesmo de seus amigos.

– Eles estão bem?

– Sim, todos estão bem, inclusive Savannah. Talvez ela fique um pouco perturbada depois de sua descoberta, mas ela saberá lidar com isso cedo ou tarde.

– Por que você diz que eu tenho a escolha? Os outros não tiveram?

– Os outros não possuem suas capacidades, minha pequena. Uma vez dentro do futuro ou passado, eles não saberiam agir. Eles precisam de um guia.

– Você está dizendo que se eu quiser andar livremente por aqui nada me machucaria ou me impediria? Como eu posso confiar na palavra de alguém que nem ao mesmo mostra-me a verdadeira face?

Ceres - Agora o Inimigo é Outro [LIVRO 2 - COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora