Capítulo 20

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Um mês havia se passado desde o enterro de Tomás. Jess e Anna estavam mais próximas e Babi estava cada vez mais apaixonada por Léo. O namoro de Manu estava indo bem. As coisas pareciam melhores novamente para os amigos.

Manu ficou surpreendido com a amizade repentina entre Jess e Anna, mas gostou da ideia. Ele ficou mais impressionado ainda quando descobriu que a namorada também contou que praticava bruxaria, porém não tinha amigos praticantes, ela se autodenominava uma Bruxa Solitária. Foi, então, que Manu teve a ideia de convidar os amigos para praticarem o Ritual de Iniciação. Estava na hora de levar a bruxaria mais a sério e sempre que eles se reuniam por causa da magia, era como se a amizade deles se fortalecessem.

– Pessoal, vamos até a loja do Sylvanus hoje? – Manu sentia-se como um líder pela primeira vez na vida.

– Eu topo! – respondeu Léo, com animação.

– Eu também – disseram Jess e Anna.

Manu olhou para Babi, ela parecia a única que não estava tão excitada com a ideia, como se sentisse ameaçada com a presença de Anna.

– Babi? Você concorda?

– Tanto faz – Babi levantou os ombros e fez uma cara de indiferença.

Quando Manu encostou em Babi, ele sentiu que ela estava com ciúme de sua namorada. O que ele poderia fazer? Havia coisas mais importantes para se preocupar a ter que lidar com o ego de Babi. Não era como se Jess fosse deixar Babi de lado para sair com Anna. No instante em que Manu pensou aquilo, ele viu que Jess e Anna estavam de mãos dadas e Babi abraçava Léo. Manu esperaria aquela atitude de Babi, excluir alguém por uma nova amizade, mas nunca passou em sua cabeça que Jess faria aquilo, pelo menos não conscientemente. Era tudo um grande engano e tudo ficaria bem. Eles precisavam confiar uns nos outros para que o ritual desse certo.

Os jovens pegaram um ônibus e foram até a Avenida dos Corvos, no centro da cidade, onde ficava a Céu de Estrelas, a loja de Paulo Sylvanus. Jess foi a primeira a entrar na loja, ela parecia estranhamente bem, como se tivesse esquecido o que aconteceu a Tomás. Anna puxou o braço de Manu para não deixar o namorado sozinho e os últimos a entrarem foram Léo e Babi. Manu notou que havia alguma coisa errada entre os dois. Léo estava todo carinhoso, como ele nunca tinha visto antes e Babi não parecia no clima de beijar o namorado. Manu deu de ombros e se concentrou em Sylvanus.

– Minhas crianças, o que os trazem aqui? – disse Sylvanus, como se fosse muito mais velho do que eles, mas aparentava ter 30 anos.

– Precisamos comprar mais velas e incensos. Também vamos precisar de um caldeirão – respondeu Jess.

Sylvanus levantou as sobrancelhas e se perguntava o que aqueles jovens bruxos aprontariam desta vez.

– Só um minuto. Antes quero que me digam se conseguiram salvar o amigo de vocês.

A loja ficou em silêncio e foi como se ninguém quisesse ser o primeiro a falar.

– Preferimos não tocar no assunto, pode ser? – Anna piscou para Sylvanus e ele entendeu o recado, ao ver que Jess estava com os olhos vermelhos e os outros amigos ficaram mudos.

Sylvanus explicou que a vassoura deveria ser usada pelo representante do elemento Terra. Embora já a tivesse usado, Manu ficou sem graça, como se o objeto mágico fosse voltado para mulheres. O athame deveria ser usado pelo elemento Fogo, a varinha pelo Ar e o cálice pela Água. Os jovens tinham acertado no primeiro ritual.

– Com a nova configuração do grupo de vocês, acredito que esta mocinha loira pode ficar encarregada do caldeirão – Manu sorriu animado para a namorada e viu que ela mordia os lábios, enquanto Babi a fuzilava com os olhos.

O Círculo - Os Bruxos de São Cipriano Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora