No outro dia no colégio, Manu sentiu o clima estranho entre os amigos. Ele não entendia o que estava acontecendo. Manu viu Léo com os olhos inchados e uma péssima aparência, o amigo que sempre chamava a atenção de todas as meninas, naquela manhã parecia como se não quisesse papo com ninguém. Babi também estava estranha, distante, como ficava quando brigava com a mãe. Para a sorte dele, Jess e Anna estavam agindo normalmente.
Jess foi conversar com Babi, enquanto Manu e Anna conversavam. Quanto mais tempo Anna e Manu ficavam juntos, mais forte se tornava o relacionamento dos dois.
– Então, quando eu vou conhecer os meus sogros? – Anna docilmente perguntou, enquanto abraçava Manu.
– Você quer conhecer meus pais? – perguntou Manu de volta, como se fosse uma coisa de outro mundo. Merda! Ele não tinha experiência com namoros e não era como se pudesse pedir conselho para Léo naquela amanhã. O amigo parecia péssimo.
– É claro que eu quero conhecê-los, bobinho. Sou sua namorada, certo?
Anna piscou para Manu. Era impossível não se apaixonar pelos seus olhos verdes hipnóticos. Não havia nada que Manu não sentisse vontade de fazer pela namorada.
– Vou ligar para a minha mãe. Pode almoçar hoje mesmo, se quiser. Sua avó não vai ficar chateada de almoçar sozinha?
– Eu aviso ela. Ela vai entender.
– Almoço marcado, então.
Manu foi para o corredor e ligou para a mãe, seu coração pulava de felicidade, mas, ao mesmo tempo, se sentia acuado pelo medo de como os pais fossem reagir.
– Mãe? Você está ocupada?
– Um pouco, mas pode falar, filho – disse a mãe e em seguida gritou com algum funcionário. – Por favor, leve aquela caixa para o fundo.
– Mãe, não quero atrapalhar. Você deve estar ocupada no mercado.
– Fala logo, Manuel. Para de enrolar. O que aconteceu? Você levou alguma advertência no colégio?
– Não. Mãe, hum... Anna pode almoçar lá em casa hoje?
– Anna?
– Minha namorada.
– Você está namorando e não me contou? É claro que ela pode almoçar lá.
– Eu tentei te contar. Você não me escutava.
– Filho, agora preciso desligar. Nos vemos na hora do almoço. Boa aula – respondeu a mãe e desligou em seguida.
"Esta foi fácil", pensou Manu.
Manu não tinha o hábito de levar muita gente para sua casa. Nem mesmo os amigos costumavam almoçar lá. Os pais eram simples, porém sistemáticos. Desde pequeno, Manu foi incentivado a estudar, para conseguir uma bolsa de estudos em uma universidade boa e construir uma carreira de sucesso. A mãe de Manu não queria que o filho tivesse o mesmo destino dos pais, o de trabalhar o dia inteiro. Queriam que Manu tivesse quantas especializações conseguisse, se tornasse doutor e enchesse a família de orgulho. Ele não poderia desperdiçar a oportunidade que os pais não tiveram.
Quando voltou à sala, Manu viu que Anna estava conversando com Léo. O amigo parecia irritado com alguma coisa.
– Está tudo bem, Léo? Nem tivemos a chance de conversar hoje.
Manu colocou o braço nos ombros de Léo e sentiu a tristeza do amigo, embora não soubesse exatamente o motivo. "Léo e Babi terminaram?", perguntou-se Manu.
– Olha, Manu, não quero problemas. Diz para a sua namorada me deixar em paz.
– Cara, qual é o seu problema? Tenho certeza de que Anna só está tentando te ajudar – disse Manu, ajeitando os óculos.
VOCÊ ESTÁ LENDO
O Círculo - Os Bruxos de São Cipriano Livro 1
FantasíaLivro 1 da série Os Bruxos de São Cipriano Os adolescentes Babi, Jess, Léo e Manu estão cansados de viver em São Cipriano, uma cidade minúscula, onde as coisas nunca acontecem. As férias acabaram e mais um ano letivo está prestes a começar. Manu pa...