Capítulo 38

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Estar no colégio nunca pareceu tão gostoso. Desde que Anna havia sido enviada para um asilo, Babi, Léo, Manu e Jess puderam respirar em paz novamente. A manhã estava iluminada e nada poderia estragar o humor daqueles jovens, não depois daquele furacão que agora não passava de uma leve brisa e nunca mais os incomodariam.

Léo e Babi estavam aproveitando que o monitor do colégio não estava por perto e se beijaram. Os olhos dos dois brilhavam como os de dois amantes que acabaram de se reencontrar depois de muito tempo separados. Babi passou a mão na cabeça raspada do namorado e sorriu. Ela adorava aquela sensação, não só mais do que Léo. Os dois estavam em sintonia, como o vento que espalhava o fogo e eram tão intensos que queimavam tudo ao seu redor.

– Então, vai me dizer o que está te incomodando? – perguntou Babi para Jess, vendo-a distraída.

– Nada demais. Tive um sonho estranho noite passada.

– Você e seus sonhos. Preferia quando você não conseguia se lembrar do que sonhava – brincou Léo, se lembrando de que aqueles meses ruins tinham começado assim.

– Eu preferiria, se não fossem meus sonhos que me ajudaram a salvar nossas vidas – Jess mostrou a língua para o casal e tratou de parar de entender um pouco o significado do sonho.

– Engraçadinha. Quantas vezes vou ter que te agradecer por ter salvado a minha vida e a da minha namorada perfeita?

– Perfeita? – Babi sorriu com todos os dentes. – Até parece. Quem vê pensa.

– Uma vez foi o suficiente – respondeu Jess, segurando o material. – Vou deixar o casalzinho em paz.

– Onde será que o Manu está? – perguntou Babi tentando, fazer o namorado soltar alguma coisa.

– Não sei – Léo deu de ombros e a beijou, mantendo-a distraída o máximo possível e aproveitando cada segundo.

– Eu amo você, sabia?

– Agora estou sabendo. Eu amo você muito, Bárbara.

– Eu amo mais.

– Ei, não é uma competição. Mas se fosse, eu diria que o meu amor por você é infinito como o universo – disse Léo.

– Você é tão cafona – respondeu Babi e deu uma risada.

Jess precisava fazer uma visita para Sylvanus. Queria ficar na frente dele, olhar dentro dos olhos dele e descobrir se ele já sabia de tudo aquilo e estava escondendo. Nunca mais confiaria em Sylvanus. Ela e os amigos quase morreram, e se soubessem antes, poderiam se preparar melhor.

Que estupidez pensar que poderia acreditar no bruxo da loja. Estava na cara de que tudo o que ele se importava era em ganhar dinheiro enganando os outros, para que pudessem comprar seus produtos.

Antes de entrar na Céu de Estrelas, Jess fez o feitiço da invisibilidade. Ela sabia que aquilo era patético, mas precisava surpreender Sylvanus. Observaria bem a reação dele e saberia se ele estava mentindo ou não e o que ele tinha a dizer em sua defesa.

A porta da loja abriu e fechou com tanta delicadeza que Sylvanus nem percebeu. Jess fez o possível para não deixar suas energias entregarem que estava ali. Ela andou até onde Sylvanus estava e o viu enxugando os olhos lendo Fios Vermelhos, um livro sobre o amor após a morte. Jess encostou no cabelo dele e Sylvanus se arrepiou todo. Ele fechou o livro na hora.

– Tem alguém aí? – perguntou Sylvanus, sentindo o toque, embora não conseguisse enxergar.

Jess juntou sua força e empurrou Sylvanus contra a parede. Ela sentia raiva. Odiava ser feita de boba pelas pessoas e odiava mais si mesma do que os outros, pois tinha se permitido a confiar nos outros.

O Círculo - Os Bruxos de São Cipriano Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora