Léo ficou internado no hospital durante dois dias. Os médicos estranharam o jovem ter desmaiado no meio da briga do colégio e realizaram uma série de exames no rapaz, para descobrir se ele estava com alguma doença. Com o cuidado constante do corpo e hábitos saudáveis, descobriram que ele não poderia estar melhor.
Os amigos de Léo ficaram preocupados com ele. De todos, quem mais se culpava era Jess. Se Léo não tivesse enfrentado Tomás, ele nunca teria apanhado e ficado inconsciente. Ela queria que nada daquilo tivesse acontecido, queria ter sido mais corajosa para se defender e não ter envolvido os amigos naquela confusão com o ex-namorado.
Babi sentiu tanta raiva de Tomás. Se algo mais sério acontecesse a Léo, ela o faria pagar à sua maneira. Agora que tinha descoberto a sua relação com a bruxaria, ela estava disposta a aprender mais sobre o assunto. Babi e Jess não foram as únicas que tiveram o seu primeiro contato com a magia, além de Léo ter passado pelo incidente estranho quando foi sequestrado, em que tudo ao seu redor estava em chamas, Manu contou para as meninas que tinha sentido algo errado quando tocou Tomás. Manu também sabia tudo o que tinha acontecido a Jess, mas não quis contar, achava que seria melhor ela revelar para ele se sentisse vontade.
Assim que Léo saiu do hospital, os pais o proibiram de sair de casa ou receber visitas. Mesmo o médico dizendo que aparentemente Léo era mais saudável do que qualquer um deles, ele estranhou o desmaio e disse que era interessante os pais o observarem. Léo estava morrendo de vontade de conversar com os amigos, mas passou 24 horas com os pais.
– Filho, você está se sentindo bem? – Carlos parecia preocupado, observando Léo deitado na cama e torcendo para que o filho não tivesse nenhum problema no coração.
– Estou, pai. Você não precisava ter faltado o trabalho. Não sou mais criança. Já tenho quase 17 anos – respondeu Léo, como se aquilo o aborrecesse, quando, na verdade, estava adorando a atenção dos pais.
– Sua mãe vai preparar o café da manhã. Quando estiver pronto, vou te chamar e nós três vamos sentar à mesa.
– Tudo bem.
Antes que o pai de Léo saísse do quarto, ele parou em frente à porta, se virou e tirou uma última dúvida.
– O que aconteceu com o celular mesmo? A briga com aquele rapaz tem alguma relação com aquela ligação sobre você ter sido sequestrado?
– Já disse, pai, perdi o meu celular. Quem ligou para vocês e mentiu que tinham me sequestrou queria ganhar dinheiro. Está acontecendo com frequência em outras cidades, basta ler os jornais.
– Tudo bem. Esta semana vou comprar um celular novo para você.
– Posso escolher? Aquele já estava antigo mesmo.
– Pode.
Carlos saiu do quarto e Léo ficou pensando nas mentiras que estava contando. Não era como se ele gostasse de enganar a família, mas algumas coisas ele não saberia explicar. Léo nunca entendeu direito a história do sequestro. Ele também não sabia dizer como as cordas queimaram e conseguiu escapar com vida. Naquele dia, Léo sentiu que se ninguém o salvasse, ele morreria, mas de alguma forma a casa abandonada e os sequestradores pegaram fogo, e ele ainda estava vivo. O que Léo também não entendia era a razão de Tomás ficar tão violento e o que ele queria com Jess. Tomás terminou com Jess quando achou que ela estava grávida e agora apareceu bêbado no colégio gritando por ela? Não faz sentido.
Léo temeu que Tomás pudesse fazer alguma coisa contra Jess quando estivesse preso em casa com os pais. Tomás e Léo tinham sido bons amigos, antes de Jess e o bad boy se envolverem. Léo não entendia por que os dois haviam se afastado. Estava se tornando comum no colégio fazer amizade com pessoas que ele costumava odiar e se afastar de quem se dava bem. Apesar de não estar mais próximo de Tomás, Léo sabia que naquela manhã o colega não estava sendo ele mesmo. Nunca o viu com tanta raiva, tão frio antes. Os dois sempre brincavam de lutar e até mesmo treinaram juntos no colégio, quando os alunos eram incentivados a praticar esportes, porém Tomás nunca tinha machucado Léo antes.
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O Círculo - Os Bruxos de São Cipriano Livro 1
FantasiLivro 1 da série Os Bruxos de São Cipriano Os adolescentes Babi, Jess, Léo e Manu estão cansados de viver em São Cipriano, uma cidade minúscula, onde as coisas nunca acontecem. As férias acabaram e mais um ano letivo está prestes a começar. Manu pa...