Capítulo 8

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Era uma manhã gelada em São Cipriano. Léo acordou tremendo. Na noite passada ele havia dormido só de cueca por causa do calor, com a janela aberta, mas quando os raios do sol e os ventos gelados entraram pela manhã no seu quarto, o rapaz levantou como se tivessem jogado um balde de água fria nele.

Léo soltou um palavrão qualquer e fechou a janela. Ele não era muito fã de frio, preferia o calor, exibir o corpo e observar as meninas desfilando pela cidade com seus shorts jeans curtos. Léo queria qualquer coisa, menos ter que ir à escola naquele inferno. Colocou uma calça moletom preta, um casaco e deitou. Estava com preguiça demais para ir à escola.

Quando Léo abriu os olhos, o pai estava gritando que ele perderia o horário. Merda! Léo estava tão atrasado que nem teve tempo de tomar banho. Pelo menos não precisava se preocupar com o cabelo, sua cabeça raspada. Seus cílios eram longos e destacavam os seus olhos pretos. Os lábios grossos de Léo estavam ressecados por causa do frio, mas continuavam atraentes com o tom arroxeado.

Léo era um dos únicos adolescentes da cidade que tinha um motorista para levá-lo ao colégio. Carlos e Teresa tinham medo de que algo pudesse acontecer ao filho se ele fosse de ônibus. A cidade de São Cipriano era pequena e todos sabiam que Carlos era milionário e Teresa era psicóloga, uma negra bela, como uma top model. Enquanto o pai comandava sua empresa e estava sempre viajando a negócios, a mãe passava o tempo atendendo seus pacientes. Léo havia herdado a ambição de Carlos e a beleza da mãe. Embora tivesse tudo o que desejava em casa, o adolescente sonhava com o dia em que concluísse o ensino médio e se mudasse para outro país. Desde pequeno ele aprendera outras línguas e não teria nenhuma dificuldade para se adaptar.

Em frente ao colégio, Léo se despediu do motorista. Tentou encontrar os amigos no lugar de sempre, mas ventava tão frio que eles não estavam lá. Léo encontrou Jess e Babi conversando dentro do prédio. Quando foi que elas se aproximaram novamente?, pensou Léo. Com os comentários que ouvi na academia, é melhor que Jess tenha apoio.

– Bom dia, meninas! – disse Léo com o seu charme habitual.

– Bom dia – repetiram as duas, ao mesmo tempo.

– Cadê o Manu? – Léo cruzou os braços e levantou as sobrancelhas.

– Não sei – respondeu Babi. – Deve estar em casa sonhando com a namoradinha dele.

– Ele deve chegar daqui a pouco. O sinal já vai bater e ele nunca falta aula – falou Jess, alegre.

– É verdade – observou Léo. – E você, Jess? Está se sentindo melhor?

Léo se controlou para não contar o que escutou Tomás dizer no vestiário da academia para o amigo. Será mesmo que Jess estava grávida e por isto eles terminaram? O corpo dela parecia o mesmo de sempre. Jess não tinha a cintura fina igual à de Babi, mas desde a adolescência, a amiga tinha aquele as pernas grossas e o corpo que as meninas lutavam para conquistar na academia, porém com inveja dela a criticavam.

– Estou sim! Obrigada por perguntar! – Jess deu outro abraço em Léo, o deixando sem graça.

O sinal do colégio tocou e os três jovens foram para a sala de aula. Antes de entrarem, Léo olhou para trás para ver se Manu estava vindo, mas o corredor estava vazio.

Apesar de estar preocupado com o amigo, o tempo voou. Léo mal conversou com Babi e Jess, sentia o peso do segredo que havia escutado o sufocando, mas não queria machucar ninguém. Léo não estava no seu melhor dia, costumava falar com várias pessoas e olhar as meninas bonitas do colégio, porém estava estranhamente quieto. Assim que o último sino do colégio tocou, Léo inventou de fazer algo que não fazia há anos.

O Círculo - Os Bruxos de São Cipriano Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora