O Círculo - Os Bruxos de São Cipriano Livro 1

Capítulo 34

Aquela traidora nos enganou certinho, mas eu não vou mais deixar isso acontecer. Eu nunca vou perdoá-la por tentar machucar meus amigos e minha mãe. Eu prometo. Preciso me preparar melhor. O tempo inteiro eu não quis enxergar o óbvio. Era isso o que os meus sonhos tentavam me avisar, antes deles pararem, pensou Jess.

Jess tentou se controlar para não pensar em vingança. Já se sentia mal o suficiente por não ter ajudado os amigos. A noite inteira foi como se estivesse em um lugar distante. Anna havia manipulado todos ao seu redor muito bem.

Ela revirou o livro da avó à procura de algum texto sobre conflitos entre bruxos e não encontrou nada. Cabia a Jess escrever a experiência em seu próprio livro das sombras. Jess sabia que Anna não se renderia tão fácil. Era como se ela soubesse desde o começo quem Jess e os amigos eram. Não podia ser uma coincidência ela namorar Manu. O amigo estava arrasado, mas era melhor assim.

Babi convidou Jess para visitá-la. Desde que elas perceberam que Anna era culpada por tentar separá-las, a amizade entre Jess e Babi voltou a se fortalecer.

Quando chegou a casa de Babi, Belinda estava estranhamente feliz e a convidou Jess para entrar. Era a primeira vez que Jess via a mãe de Babi tão alegre.

– Como você está, Babi?

– Melhor do que morta.

– Engraçadinha. E sua mãe, está tudo bem por aqui? Você a enfeitiçou ou algo assim?

– Não. Depois que eu fiz um feitiço no creme dela para o rosto dela melhorar, ela parou de me tratar mal.

– Uau!

– E a sua mãe, não se lembra de nada daquela noite?

– Não. Ela se lembrou de Anna ter me procurado em casa e dito que eu não estava lá. No outro dia, ela acordou com uma dor de cabeça insuportável...

– Melhor assim. Ninguém precisa pagar o preço dos nossos segredos.

– E você e Léo?

– Estamos conversando aos poucos. Ainda estou digerindo aquela noite.

– Entendo.

Jess abriu o livro das sombras de Hortênsia e ela e Babi praticaram um exercício de telepatia.

– Banana? – disse Jess tentando adivinhar o que Babi estava pensando.

– Quase – Babi começou a rir. – Macaco.

– Anna?

– Isso. Embora acho que um bode combinaria melhor – as duas ficaram rindo como duas bestas.

– Minha vez. Deixa eu pensar... – disse Jess. – Já sei!

– Léo?

– Amor – respondeu Jess, segurando os ombros de Babi e mudando o tom da conversa. – Você sabe que ele te ama, não é? Se Anna não tivesse o beijado, vocês ainda estariam juntos. Você precisa perdoá-lo e seguir em frente, Babi. Vocês formam um casal tão lindo.

– Eu sei. E eu quero, mas preciso de um tempo para esquecer essa história. Espero que não seja tarde demais quando eu procurá-lo – respondeu Babi, sentindo o desconforto e a dor de pensar em Léo.

– Babi, tenho certeza de que ele te esperaria uma vida toda. Não precisa ser vidente para saber disso.

– Vamos continuar treinando – pediu Babi, corando, desesperada para mudar de assunto. Pensar em Léo a deixava sem jeito.

As duas praticaram a tarde toda e quando chegou a hora de ir embora, Jess e Babi conseguiam trocar frases inteiras, não só imagens, pelos pensamentos. Jess ficou feliz em saber que as coisas estavam melhores para Babi. Sempre se lamentou pelas brigas entre Belinda e a filha.