7 - Coroas e filmes clássicos

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O que está acontecendo? ALGUÉM ME EXPLICA! Acho que eu vou desmaiar. Como eu posso ser rainha do baile se nem mesmo me candidatei a isso? E mesmo se tivesse me candidatado, porque ganharia? Ninguém nem sabe que existo! Não faz sentido eu ganhar. Será que foram as meninas que fizeram isso? Se foram elas mesmo, não sei do que sou capaz de fazer.

Todos os alunos estão me olhando, cochichando e esperando que eu suba no palco, ou corra, é mais provável que eu faça a segunda opção. Então vejo todas as minhas amigas vindo em minha direção.

- Foram vocês quem me inscreveram para rainha do baile? - cochicho com raiva. Todas balançam a cabeça em negação freneticamente, parecem estar com medo de mim.

- Olha, Nai, eu tenho certeza que não foi nenhuma de nós que te inscreveu, mas agora todos estão te olhando, por isso, acho melhor você subir lá. - Gaby diz me empurrando um pouco.

Balanço a cabeça em negação muito freneticamente, mas acabo cedendo, pois me sinto muito pressionada com todas essas pessoas me olhando, por isso, eu quero subir lá, pegar minhas flores e coroa de plástico e sair correndo daqui.

Fui caminhando devagar para o palco, subi os degraus e continuei caminhando devagar em direção ao microfone, o diretor passa por mim e cochicha no meu ouvido:

- Você vai ter de fazer um discurso - Ótimo. Era tudo oque faltava! Concordo com a cabeça sem pensar muito, dou mais alguns passos e paro atrás do microfone. Marilene, a inspetora, caminhou em minha direção me trazendo a coroa de plástico e o buquê de flores. Eu acabo me atrapalhando um pouco para por a coroa, mas tento me acalmar e ignorar meu coração que parece estar querendo abrir um buraco no meu peito e cair fora.

Não sei se posso dizer que estou feliz, não estou triste, acho que a palavra certa é assustada, talvez impressionada ou desacreditada, mas com certeza assustada. Respiro bem fundo e começo meu discurso.

- Primeiramente, eu quero agradecer às pessoas que votaram em mim, mesmo não entendendo como isso aconteceu já que eu costumo tentar não aparecer muito, -as pessoas começaram a cochichar como se concordassem comigo e também não entendessem o motivo de eu estar ali - ou as pessoas simplesmente me julgam por causa da minha roupa ou tiram conclusões precipi... - parei de falar quando todos olham para cima e fazem cara de assustados quase no mesmo instante.

Franzi as sombrancelhas, pois não estava entendendo aquela expressão, porém, meio segundo depois, entendi. Senti um liquido gelado e cremoso cair na minha cabeça, e de novo, não conseguia me mexer fiquei ali parada, de olhos fechados e esperando "meu banho" acabar.

Primeiro, pensei que pudesse ser água, mas eu abri os olhos e vi que estava encharcada de tinta cor de sangue. Igual ao filme "Carrie, a estranha", que por pura coincidência (ou não) é o filme favorito de Luccas, que nesse exato momento está me olhando com aquela cara de sapeca-assassino.

Estou totalmente espantada, fico alguns segundos ali, olhando para meu vestido (encharcado de tinta) e para os alunos, alguns dando risadas outros espantados, mas logo todos começam a dar risada quando minhas pernas finalmente colaboram e começam a se mexer para longe dali, porém, escorrego na tinta espalhada pelo palco e caio de bunda no chão. Logo, o ginásio inteiro está dando risada, com exceção das minhas amigas que estão vindo em minha direção com os rostos preocupados.

- Já chega! - Ouço o diretor gritar no microfone. - Vocês conseguiram estragar a única festa decente que conseguimos fazer. Agora por causa de uma brincadeira de muito mal gosto todos vocês vão ter que ir para casa AGORA! Vamos achar o responsável por isso e a punição não vai ser nem um pouco leve!

PRETO E BRANCO • [Em Revisão]Onde histórias criam vida. Descubra agora