Depois de ficar alguns minutos ali na porta respirando fundo, finalmente consigo não chorar e ignorar esse pequeno acontecido por um tempo. Cansei de chorar nessa porta. Então, caminho até a cozinha e começo a fazer o jantar. Eu sei que disse que não estava com fome e que acabamos de discutir sobre isso, mas agora estou com mais medo dele do que nunca.
Eu preparei arroz, feijão, fritei umas batatas e fiz uma salada, acho que por hoje está bom. Pode parecer estranho, mas agora minha maior preocupação é como vou chamá-lo eu podia só bater na porta e avisar que o jantar está pronto, mas ele pode ficar com raiva por quê eu disse antes que não iria fazê-lo. Não gosto de vê-lo com raiva, nunca sei o que vai fazer em seguida. Mas ainda sim, vou arriscar.
Subo as escadas devagar e fico parada em frente a porta do meu quarto, provavelmente ele está aí dentro. Ergo a mão devagar e bato levemente na porta, nenhuma resposta. Bato um pouco mais alto e nada, então decido abrir a porta de uma vez. Suspiro de alívio quando o vejo dormindo, ele não vai me incomodar pelo resto da noite, isso é ótimo. Ele trocou a roupa de cama, pelo jeito não quer dormir no meio de flores lilases. Ele é tão bonito dormindo, nem parece que esse menino inferniza minha vida quando está acordado. Fico mais um momento vendo ele dormir e logo percebo que está só de cueca, fico meio desconfortável e saio do quarto.
A casa fica tão aconchegante quando Lucas não está gritando ou até mesmo andando por ela. Quando termino de jantar entro no banheiro e vou tomar banho, a água realmente tem esse poder de me deixar relaxada, mas tenho que economizar dinheiro, então não posso ficar muito tempo no chuveiro. Coloco meu pijama que deixei no gancho da parede e vou dormir no quarto dos meus pais.
Consigo dormir rapidamente, mas acordo violentamente por causa do pesadelo que tive, olhos azuis furiosos vindo na minha direção, não é legal. Olho o horário em meu celular e já são quase onze horas da noite. Não consigo voltar a dormir, então decido ir à cozinha beber um pouco de leite quente.
Quando chego na cozinha a primeira coisa que vejo são as panelas sem as tampas e quando acendo a luz, vejo Lucas comendo em cima do balcão. Levo um susto enorme e acabo gritando. Ele leva um pequeno susto também e se engasga com a comida, mas ele pega um copo de água à sua frente e parece ficar melhor.
- O que você está fazendo? - pergunto automaticamente, mas a resposta é óbvia. Ele revira os olhos e continua comendo.
Ele vai me ignorar até terminar de comer, mas decido não me importar, passo por ele e pego o leite na geladeira. Pego uma caneca no escorredor e coloco um pouco do leite lá dentro. Não temos microondas então, temos que esquentar tudo no fogão. Enquanto espero o leite ferver, me viro para Lucas e fico o analisando comer. Ele está de costas para mim, então, fico encarando mesmo. Ele está só de cueca, o que me deixa um pouco vermelha, se ele se virar agora vai me ver corada como um pimentão, mas mesmo assim continuo encarando até o leite esquentar.
Não sei por quê estou encarando ele tão fixamente. Acho que é por que ele parece ser uma pessoa legal quando não está gritando comigo, e bonito, com certeza muito bonito. Vai ver eu só estou encarando ele assim por causa da sua beleza mesmo.
Quando o leite termina de ferver, misturo com achocolatado e bebo devagar já que está quente, mas quando percebo que vou demorar, me sento na frente do Lucas para terminar. Ele me olha com uma expressão um pouco confusa, mas não diz nada.
Ele termina primeiro do que eu, então joga o prato na pia sabendo que a tonta que vos fala, vai lavar. Menos de dois minutos depois termino de tomar meu leite e deixo o copo na pia para lavar tudo amanhã. Subo as escadas indo em direção ao banheiro para escovar meus dentes, está tudo apagado aqui em cima, então concluo que Lucas já foi dormir. Quando chego na porta do banheiro, percebo que estou errada. Lucas está agachado na pia enxaguando sua boca. Parece que eu não fui a única que decidiu escovar os dentes. Mais uma vez acabo gritando e assustando Lucas
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PRETO E BRANCO • [Em Revisão]
Ficção Adolescente[CONCLUIDA] Naiara é uma menina decidida e dedicada, ela não é nem um pouco influenciável, mas assim como qualquer outra pessoa, ela tem que enfrentar fantasmas de seu passado, alguns os quais ela nem tem conhecimento ainda. O que será que ela fez...