PRETO E BRANCO • [Em Revisão]

13 - Mudanças

- O emprego. Isso...o emprego - ele ri uma pouco baixo por causa do meu desconforto.

- Bom. Eu vou...me aposentar - ele explica - o meu sobrinho, o Gustavo, ele quer ficar com esse restaurante pra ele. Ele diz que precisa trabalhar para ganhar o dinheiro dele e diz que esse trabalho é fácil. Eu trabalhei bastante para deixar esse restaurante do jeito que está, por isso, vou confiar a gerência a ele, porém, ele gosta de preparar as bebidas e ele não vai cuidar de tudo sozinho, então estamos contratando uma garçonete. - ele aponta para mim.

Demoro alguns segundos para processar e perceber o que ele está dizendo.

- Quer dizer que eu estou contratada? - ele confirma - Mas...assim? Tão fácil? Sem mais nenhuma pergunta?

- Você parece ser responsável e competente, não vejo problema em contratá-la. Qual é o seu nome? - ele cruza as mão em cima da mesa

- Meu nome é Naiara Campos!

- Você estuda? Tira boas notas? Consegue vir pra cá todos os dias depois da aula? - Confirmo tudo com orgulho - então, está tudo certo. Você vai ganhar o salário mínimo, mesmo aposentado, eu ainda vou ajudar com os gastos do restaurante. Você só tem que atender as mesas e ajudar o meu sobrinho na limpeza toda sexta depois de fechar. Pode começar amanhã?

- Claro! Muito abrigada. - então eu percebo que vou ter que trabalhar com aquele menino lá fora. Não quero aparecer ofendida, então, continuo sorrindo, por um lado o sorriso é verdadeiro já que fui contratada.

Aperto sua mão e saio da pequena cozinha. Enquanto ando em direção a porta, passo em frente ao balcão e o tal Gustavo me chama.

- Ei. Ele te contratou não foi? - ele pergunta quando chego mais perto. Eu apenas confirmo com a cabeça. - Bom, estávamos desesperados para contratar alguém. Ele quer se aposentar logo e disse que contrataria qualquer pessoa que viesse, nosso restaurante ficou um pouco escondido e muito gente não sabe que estamos aqui. - então, quer dizer que eu sou qualquer uma? Sinto vontade de perguntar - Enfim, que bom que ele contratou você, você parece ser competente. Qual é seu nome?

- Hã...obrigada. Meu nome é Naiara. - Bom, menos mal. Ele está sendo simpático, isso não parece combinar muito com seu estilo. Convívio com garotos assim no ensino fundamental, são grossos, mal educados e não se importam com ninguém além deles mesmos. Espero que ele seja uma exceção.

- Prazer! Meu nome é Gustavo! Bom, tenho que ir fazer umas bebidas. Até amanhã. - ele pisca pra mim e sai.

Volto pra casa e mal consigo dormir. Existem vários fatos, nos quais eu fico pensando e que me impedem de dormir, mas o meu principal pensamento agora gira em torno do Luccas, eu não faço ideia de como vou recebê-lo. Não tenho dinheiro para recebê-lo nem um preparo físico, muito menos menos mental.

Eu estou começando a ficar com fome, comi apenas um pão com manteiga hoje de manhã, eu os achei no meio da bagunça da cozinha, pelo menos não estava cheirando a maconha nem nada. Estava apenas em cima da pia.

***

No dia seguinte, eu acordo um pouco melhor, acho que foi o único dia nessa semana que consegui dormir sem derramar nenhuma lágrima, mas a preocupação me impediu de fechar os olhos por mais de cinco horas, e ainda por cima, fiquei acordando a cada dez minutos dentro dessas cinco horas, ou seja, olheiras enormes e um bocejo a cada cinco minutos.

Meu Deus, tem muita coisa pra acontecer hoje e o pior de tudo é que eu não nei oque fazer sobre nada. Eu vou pra escola e vou ter que enfrentar as "perguntas-bomba" das minhas amigas tenho certeza; Luccas vai vir aqui depois das aulas, mas eu também tenho que ir trabalhar, mas eu não pensei no fato de que ele só está aqui porque não pode fica sozinho em casa, ele apronta como uma criança de seis anos. E agora? Ele vai ficar aqui sozinho aqui em casa enquanto eu trabalho? Não posso deixa-lo sozinho. Droga, estou pensando como uma babá!