Acordo com a droga do despertador do celular, passo o dedo na tela para acabar com o barulho irritante, levanto resmungando vou caminhando até o quarto dos meus pais para ver se meu pai está lá, não vi ele chegar ontem á noite, ele chegou muito tarde.
Entro no quarto devagar e ele está jogado na cama com a mesma roupa de ontem e com um cheiro muito forte vindo dele, não sei dizer o que é. Ele deve ter trabalhado muito. Saio do quarto e vou tomar um banho rápido para ir pra escola já que hoje é segunda-feira.
Depois do banho coloco o novo vestido que ganhei da minha mãe, ele é um vestido creme, passa alguns dedos do joelho e é um pouco apertado até a cintura, mas depois solto. O devote é pouco, alguns centímetros apenas longe do pescoço. Coloco minhas sapatilhas brancas e desço as escadas e enquanto espero a água ferver para fazer o café, como um pão com manteiga.
Ouço o barulho do chuveiro ligado lá em cima e presumo que meu pai acordou e está tomando banho. Ainda estou preocupada com oque minha mãe me disse ontem, não parece grande coisa, mas minha mãe nunca falou com tanta seriedade, firmeza e medo ao mesmo tempo. Também estou preocupada com o meu pai que teve que sair em um domingo para trabalhar, segundo ele. E depois esse cheiro forte que senti quando fui ao seu quarto. Não gosto de duvidar da minha família, não me faz bem, mas é o que me resta já que ninguém me conta nada.
Termino de tomar meu café, subo as escadas para pegar minha bolsa e passo em frente a porta do quarto dos meus pais e encontro meu pai com os cabelos molhados, uma bermuda larga e babando em seu travesseiro. Parece que ele só levantou para tomar banho, não deve ter percebido que eu já acordei. Mas...ele não tem que ir trabalhar?
- Pai! - chamo - Pai! Você não vai trabalhar hoje?
Ele resmunga algo que eu não entendo e enterra o rosto no travesseiro molhado pela baba. Eca!. O chamo mais algumas vezes, mas por fim, desisto. Ele trabalha bastante, acho que um dia não vai fazer mal.
Volto a descer as escada já com o meu material na bolsa e ando em direção à porta da frente, mas bato o pé em algo no chão. Vejo a mochila do meu pai jogada no chão, ela está totalmente aberta, de modo que, eu consigo ver o pequeno saco de pó branco em cima de seus cadernos. Oque é isso?. Cheiro o saco com o pó branco e a tosse e ânsia que vem a seguir é quase instantânea. É o mesmo cheiro do meu pai a pouco tempo atrás. Algumas lágrimas descem só de pensar que meu pai pode estar usando isso.
Por hora tento ignorar isso, minha maior preocupação nesse momento é: como vou enfrentar o Luccas e todo esse povo que vai falar do que aconteceu no sábado. Coloco a mochila junto com o pó branco em um canto e saio de casa, vou a pé mesmo.
Chegando na escola, passo por algum garotos pelo corredor que ficam me chamando de Carrie, mas logo vejo todos os meus amigos juntos e decido ignorar. Babi, Gaby, Luh, Matheus, Bia e Vinicius estão conversando em uma pequena rodinha.
- Oi, gente. - eles me cumprimentam e continuamos a conversar. Eles não comentam nada sobre o baile e fico feliz com isso. Eu só quero esquecer o que aconteceu. Já está quase na hora das aulas começarem, por tanto, conversamos por pouco tempo e já fomos para as salas.
Entro na sala e sento bem na frente perto da parede, já que, normalmente, só os bagunceiros ficam no fundo.
- OLHA ELA! Conseguiu tirar toda a tinta do vestido? - ouço algumas risadas vindas de lá também e tento ignorar assim como as lágrimas que escorrem pelo meu rosto.
No intervalo, eu estava andando pelo corredor, mas paro quando escuto uma voz potente e com raiva dizer:
- Como assim acabaram os remédios? Sai para comprar mais! Ele está se sentindo tonto? - Luccas. Ele deve estar falando no celular. Ouve uma pausa para a outra pessoa do outro lado da linha dizer algo - Chorando? - outra pausa - mas é muita incompetência mesmo, minha mãe não devia ter deixado ele com você! Estou indo aí! - sua voz agora está com uma mistura de raiva preocupação e tristeza.
Então ele desliga o celular e finalmente me vê. Então sua expressão de raiva triplica. Droga.
- Oque você está fazendo aqui? Você ouviu a minha conversa? - dá alguns passos em minha direção.
- U-um pouco - porque estou gaguejando? - Porque? Algum problema? Os remédio de quem acabaram? Quem está chorando? - droga. Cala a boca, Naiara.
- Não te interessa, sua idiota! Você não devia ouvir a conversa dos outros. Sua mãe não te deu educação, não?
- Deu, sim. Mas a sua mãe não deve ter dado, já que você costuma jogar tinta na cabeça das pessoas em eventos escolares! - tem uma veia em seu pescoço que parece que vai explodir, quase dou risada por isso. Logo ele coloca uma expressão divertida em seu rosto.
- Quem disse que fui eu que joguei a tinta? Aliás, você devia lavar mais algumas vezes o seu cabelo, parece que tem um pouco de tinta nas pontas. - ignoro a vontade de conferir.
- Você acha mesmo que jogar tinta em mim vai me fazer ficar com medo de você ou coisa assim? Acha que agora eu devo me ajoelhar a sua frente, te glorificar e te tratar como um deus? - cruzo os braços na frente do peito.
- Não. Mas também acho que você não deveria me desafiar desse jeito. E se você insiste em dizer que fui eu que joguei a tinta...
- Eu sei muito bem que foi você! Tanto que, na hora que eu estava saindo, você disse no meu ouvido "vai ter mais"! - repetir as palavras que ele me disse no baile me deram um frio na barriga, mas mantive a pose que eu achava ser de durona.
Ele não respondeu, só abriu o maior sorriso que já vi em seu rosto, o que fez seus olhos azuis brilharem como pérolas. Seria bonito esse sorriso, se não estivesse em uma pessoa tão desprezível. E então, ele sai me empurrando e não vejo ele pelo resto das aulas.
***
Eu cheguei em casa e meu pai não está aqui, talvez ele tenha entrado tarde no trabalho. Almoçei e acabei dormindo no sofá.
Acordei já faz um tempo, estou sozinha em casa sentada no sofá e assistindo à um filme, está de noite e meu pai, provavelmente, está chegando do trabalho, eu já fiz a lição de casa e arrumei meu quarto até sobrou um tempo para eu fazer o jantar.
O filme estava acabando quando ouvi a porta da frente sendo destrancada, sabia que era meu pai, por isso, levantei do sofá para ir cumprimentá-lo, mas parei brutalmente quando vi o homem a minha frente: ele estava com os olhos vermelhos e inchados a camisa estava rasgada e suja com algum líquido marrom e com cheiro bem forte. Meus olhos se recusavam a olhar para esse home nesse estado. O homem que eu achava que conhecia a vida inteira; o homem que nunca vi chorar nem mostrar nenhum sinal de fraqueza, apenas alegria e generosidade; o homem que nunca engoliu nenhuma gota de álcool depois que eu nasci; o homem que era meu exemplo e o homem que minha mãe tanto ama e se apaixonou completamente. Aquele homem era meu pai, (pelo menos, eu achava que era) e entrou em casa bêbado e cheirando a maconha.
Meu pai, eu acho, entrou cambaleando e quase caiu quando tentou fechar a porta. Quando finalmente conseguiu, virou para mim e gritou:- CHEGUEI!
- Pai!?
- Olá, filhinha. Quer chiclete? - ele perguntou enfiando a mão no bolso. Chiclete? Que loucura é essa?
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Oi gnt. Essas notas finais são só para eu implorar pra vocês votarem e comentarem. Então...
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BJS OBG
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PRETO E BRANCO • [Em Revisão]
Fiksi Remaja[CONCLUIDA] Naiara é uma menina decidida e dedicada, ela não é nem um pouco influenciável, mas assim como qualquer outra pessoa, ela tem que enfrentar fantasmas de seu passado, alguns os quais ela nem tem conhecimento ainda. O que será que ela fez...