17 - Bêbados não gostam do Gustavo

28 3 0
                                    

Depois de ficar ali alguns minutos olhando para as minha lágrimas caírem lentamente no chão, decido me recompor e me arrumar para o meu primeiro dia como garçonete.

- Sai daqui, preciso me arrumar - digo curta e grossa para o folgado em cima da minha cama. Ele me ignora. Ele tocou em um ponto fraco. Odeio que me ignorem. - Eu falei com você. SAI DAQUI. - grito apontando para a porta.

- Cuidado, Naiara. - ele levanta da cama tão rapidamente que em um piscar de olhos está na minha frente, me encarando com aqueles olhos pérola cheios de raiva. - Você tem que prestar mais atenção no jeito que você fala comigo. - ele cochicha no meu ouvido e minhas pernas começam a ficar bambas. Dou um passo para trás e ele não se mexe, assim posso respirar melhor.

- Ou o quê? Vai me bater? Vai me fazer pagar uma nova tela para o seu IPhone? Vai jogar mais tinta em mim? - sua respiranção fica mais pesada quando eu começo a debochar dele e isso é realmente muito engraçado.

Ele avança muito rápido em cima de mim, dou vários passos para trás, mas logo sinto a porta do guarda-roupa atrás de mim. Chego a pensar que ele vai me bater, mas ele para bem perto de mim de novo.

- Você vai se arrepender por me irritar tanto, garota - ele avisa com um voz mais rouca.

- Que ótimo. Mas até você conseguir pensar em mais um plano ridículo para acabar com a minha vida, me deixe sozinha no quarto, preciso me arrumar. - digo chegando mais perto ainda do seu rosto. - Você pode elaborar seu plano na sala.

Aquela veia saltando em seu pescoço me dá muita vontade de rir, mas me contenho. Ele se afasta devagar e sai do quarto batendo a porta tão forte que chego a pensar que pode quebrar.

Respiro aliviada quando ele finalmente sai de perto de mim. Começo a me trocar rapidamente, quero sair daqui o mais rápido possível. Coloco uma calça jeans e uma camiseta preta e lisa, mas por cima, eu visto uma camisa xadrez vermelha e preta. Calço minhas sapatilhas e desço as escadas correndo. No meio do caminho vejo Lucas sentado no sofá conversando no celular mais uma vez.

- Sim, eu estou bem, mas eu estou com saudade. Ainda não posso voltar para casa, mas quando eu puder a primeira coisa que vou fazer vai ser te buscar aí. Logo, nós estaremos em casa de novo. - houve uma pausa para a pessoa do outro lado falar - Eu vou te visitar amanhã, nós podemos almoçar juntos e depois passear um pouco no parque. O que você acha? - ele escuta com atenção e em seguida se despede da pessoa.

Com quem ele estava falando? Será que ele tem namorada? Coitada dela, então. Como será que ela o aguenta? Talvez ela seja igual á ele, talvez pior. A Luana disse que ele rejeita qualquer menina que tenta se aproximar dele. Será que é por isso? Ele está comprometido?

Resolvo deixar todas essas perguntas para depois, preciso sair daqui. Termino de descer as escadas e tento passar pela sala sem olhar para ele, e sem dizer nada, mas parece que ele não quer o mesmo.

- Aonde você vai? - ele pergunta desviando seu olhar para mim.

- Não te interessa - digo curta e grossa e continuo andando.

-Você vai me deixar sozinho aqui? - diz ele com alegria estampada em seu rosto, enquanto levanta do sofá e caminha lentamente ate mim.

- Vou, tenho coisas pra fazer.

- Você finalmente se vestiu como uma pessoa decente e não como uma puritana. Eu quero saber onde você vai. - diz ele chegando cada vez mais perto.

- Você não é meu pai e eu não te devo satisfações. Eu não tenho que te dizer aonde vou ou deixo de ir. -respondo com os olhos semi-cerrados.

Por que ele parece estar tão preocupado comigo? Ele não deveria ligar para onde eu vou ou o que vou fazer. Na verdade, ele está feliz por ficar sozinho. Em um gesto apressado ele segura o meu braço firmemente, mas não forte o suficiente para me machucar, apenas para me manter presa.

PRETO E BRANCO • [Em Revisão]Onde histórias criam vida. Descubra agora