Eu não tinha culpa, acho. Meus pais brigavam muito e eu precisava descontar em alguém ou sei lá o que eu fazia. Há três anos atrás, com meus doze anos de idade, eu pixava cadeiras e mesas da minha escola, roubava materiais escolares, rabiscava o caderno de todos da minha sala, jogava água nas criançinhas que brincavam no parquinho perto de casa, eu fazia todo tipo de travessura - se você quiser chamar assim - que uma menina da minha idade tinha em seu alcance e, principalmente, adorava implicar com um menino esquisito que era meu vizinho.
Ele usava um óculos de grau tão alto que seus olhos ficavam gigantes e meio vesgos, ele usava aparelho e seus dentes eram meio tortos e também sempre andava com aquelas ridiculas camisas polo para ir à escola, eu não tinha como me controlar, aquele menino era uma piada ambulante.
Mas em um dia, bem naquele dia, eu passei dos limites.
Flash on:
Era fim de semana e eu estava atirando jatos de água com minha arminha nas crianças do parquinho, como sempre. Mas então, bem lá na frente, eu vi ele, meu vizinho Lucas andando de um jeito engraçado e segurando a mão de um bebê, provavelmente seu irmão mais novo que parecia ter uns três aninhos. Era tão engraçado vê -lo com aquela cara de bobo olhando para seu irmão, eu precisava ir lá.
Enquanto eu atravessava o parquinho, Lucas colocou o bebê em um balanço e começou a empurrá-lo devagar. Eu me aproximei dos dois enquanto a criança dizia:
- Rápido, rápido.
- Você está escutando ele Lucas? Ele quer que o empurre mais rápido. - olho para seu rosto paralisado ao me ver e caio na gargalhada. Então, com as mãos no encosto do balanço eu ameaço empurrar a criança, apenas para assustá-lo.
- SAI DE PERTO DELE! - Lucas grita e me empurra para longe. Ah não, ele não fez isso! Quem ele pensa que é para me empurrar desse jeito? Agora ele vai ver! Empurro Lucas com toda a força que tenho e ele cai no chão, enquanto ele se recompõe me viro para o bebê. Ele vai aprender! Consigo ver o desespero em seus olhos antes de dizer:
- Olha, Lucas, como é bom empurrar as pessoas.
- Não! - ele grita se levantando.
Seguro o encosto do balanço e puxo o bebê para trás e então solto com tudo. A criança começa a gritar e quando o balanço está subindo de novo ela se solta e cai de bunda no chão. Ela começa a gritar e a chorar muito alto e todos começam a olhar. Lucas corre em direção ao seu irmão e segura ele no colo que não para de gritar e chorar de dor, depois de um tempo Lucas sai correndo com seu irmão no colo aos prantos desesperadamente.
Alguns dias depois, eu estava na escola fazendo alguns rabiscos na mesa quando a diretora me chama no meio da aula, eu já estava acostumada, porém ela me pede para guardar todo o meu material e isso nunca aconteceu antes. Quando chego na sala dela, dou de cara com minha mãe, olho em seus olhos e parece que ela quer me matar, seus olhos estão muito vermelhos parece que chorou muito.
- Vamos embora, Naiara. AGORA! - ela pega meu braço e sai da sala da diretora sem dizer mais nada. Ela me chamou de Naiara e ninguém me chama de Naiara. Meu nome é Liz, todos me chamam assim e ai de quem disser o contrário.
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PRETO E BRANCO • [Em Revisão]
Teen Fiction[CONCLUIDA] Naiara é uma menina decidida e dedicada, ela não é nem um pouco influenciável, mas assim como qualquer outra pessoa, ela tem que enfrentar fantasmas de seu passado, alguns os quais ela nem tem conhecimento ainda. O que será que ela fez...