3 - O universo não está colaborando

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Abri o papel para ler o oque estava escrito:
Eai  Naiara? Só quero deixar avisado que quando a aula acabar meus amigos vão dar um presente de boas-vindas pra você.
Até o final da aula.
Lucas
.

Não acredito. Eles vão aprontar comigo no meu primeiro dia?
O universo não está colaborando. E agora? Que "presente" será esse? O que eu faço? O desespero é tanto que chego a pensar em sair agora mesmo da sala e ir embora enquanto todos estão em suas aulas, mas não tenho coragem suficiente.

Lucas ficou me encarando com um olhar maléfico o resto da aula. Dei um pulo de susto quando o sinal bateu. Ainda faltam 2 aulas.

Por mais incrível e estranho que pareça, eu não consegui prestar atenção em uma palavra que os professores disseram. No final da última aula, meu coração já estava saindo pela boca.

Eu sei que a Gaby pediu pra eu esperar ela, mas eu fiquei aterrorizada depois daquela carta. Sai correndo pelos corredores igual a uma louca. Estava prestes a soltar um suspiro de alívio quando eu atravessei os portões da escola.

Agora eu só tinha que atravessar o estacionamento dos alunos e professores, estava quase lá, mas do nada eu senti um mini estouro na minha barriga, depois outro nas costa, depois outro na cintura, depois vários ao mesmo tempo e em todo o lugar. Estava doendo bastante.
Foi quando eu percebi que estavam jogando OVOS em mim. O-V-O-S. Eu não tava acreditando. Quando terminaram, vi uma multidão olhando pra mim, olhei pra minhas roupas e quase não dava pra ver a cor do tecido, PORQUE ESTAVA TUDO CHEIO DE OVO!!!!. Ouvi todo mundo cair na risada e também ouvi comentários tipo: 'a roupa dela ficou bem menos brega assim' ou 'ela mereceu, olha que mina ridícula.' Tudo que eu fiz foi sair correndo em direção a minha casa.

- Hey, espera. - ouvi uma voz masculina me chamar.

Eu não conhecia o garoto, mas parei e disse:

- O que você quer? Não teve chance de insultar a "nerd ridícula" aqui?

- Não é isso, é que eu sou novo aqui, estou no segundo ano. Naiara não é? - Eu concordei - Meu nome é Vinícius, mas pode me chamar de Vini. O que eu queria dizer é que eu sinto muito por terem feito isso com você, você parece ser muito legal e não merece o tratamento que eles te dão. Só queria que você soubesse que eu sou diferente e que pode contar comigo se precisar.

- Bom, obrigada. Você parece ser muito legal. Mas agora eu preciso ir pra casa tomar um banho - eu disse apontando para o meu corpo cheio de ovo. Ele deu uma risadinha muito fofa.

- Tudo bem, a gente se vê amanhã?

- Claro. -então ele saiu e eu fui pra casa.

Bom, esse foi meu PRIMEIRO dia de aula.

Cheguei em casa, e tentei ir direto para o banheiro sem que ninguém visse, mas não deu muito certo.

- Ai meu Deeeus. O que aconteceu com você, Naiara?? - minha mãe grita da cozinha.

- Nada, mãe. Só uns idiotas que jogaram ovo em mim.

- Você está bem? Quer que amanhã eu vá falar com a diretora?? - não, a última coisa que eu preciso é da minha mãe fazendo o maior barraco na escola.

- Eu estou bem mãe, não se preocupe. Não precisa falar pra ninguém, com certeza eles não vão fazer de novo. - eu digo e espero muito que seja verdade.

- Não, Naiara. Isso já é passar dos limites. Onde já se viu, jogar ovos nos alunos. Isso é Bullying, sabia? Posso processar eles. Eles podem ir para a cadeia.

- Mãe. Se acalma. É só uma tradição com os novatos. - minto. Ela suspira e finalmente parece ceder.

- Tudo bem. Vá tomar um banho e se arrumar para o jantar que eu tenho uma noticia pra te dar.

- Ta bom.

Eu subi correndo, deixando um rastro de ovo no corredor. Que lindo, affs. Fui tomar banho e coloquei um conjunto de moletom BEM largo e desci pra jantar.
Estavam todos na mesa: Minha mãe, meu pai e eu.

- Então, o que você tem pra me falar, mãe? - pergunto curiosa.

- Bom, você sabe que eu me formei como professora, mas no momento eu estou desempregada. Mas hoje, eu conheci uma moça no mercado, que trabalha em uma escola que está precisando de professores. E ela disse que pode conversar com a diretora, mas a entrevista que eu preciso fazer é em outra cidade. Acho que é porque a diretora também não está nessa cidade e eu vou procurar ela pra fazer a entrevista. Enfim, o seu pai vai ter que ir junto comigo e....

- Espera, espera...quer dizer que eu vou ficar sozinha? Por quanto tempo? - pergunto interrompendo.

- Essa moça tem um filho e ela também vai precisar ficar fora um tempo, mas ela não quer que o filho fique sozinho, então em troca do favor que ela me fez, eu disse que o filho dela podia ficar aqui até ela voltar. Eu não sei o dia exato que eu vou voltar, mas a mãe dele vai ficar dois meses fora, ele vai vir pra cá na próxima quinta-feira. Eu vou pra lá nesse domingo, seu pai vai na próxima quarta-feira. Essa menino estuda na sua escola, você deve conhecer.

- Qual é o nome dele?

- Lucas Mendes.

PRETO E BRANCO • [Em Revisão]Onde histórias criam vida. Descubra agora