Cap. 3

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Pov Darling:
Admito que sempre preferi ficar sozinha: menos dúvidas. Quando gostamos de alguém, o nossa mente e o nosso coração sempre tendem a se preocupar com coisas que podem ou não acontecer:"E se eu perder essa pessoa?", "E se ela não gostar de mim?", e, a dúvida mais alarmante:"E se ela gostar de mim?". É uma dor de cabeça.
Quando gostamos de uma pessoa, nos preocupamos com a imagem que essa pessoa tem da gente, e, perto dela, agimos com um certo cuidado, pensando nos mínimos detalhes, desde o tom de voz até a nossa maneira de gesticular. Acho que tornamos mais perfeccionistas que espontâneos quando nos apaixonamos.
Eu não quero ter essas preocupações, não quero deixar de ser eu mesma por causa de uma pessoa. Eu já deixo de ser eu mesma com 4 pessoas de uma vez, já é o suficiente.
O problema é que, mesmo não querendo, estou me sentindo dessa maneira com o Chase. Perguntas me rodeiam a cada segundo. Eu calculo os meus gestos e escolho as melhores palavras para me expressar com ele, e mal o conheço.
Sinto que nunca senti tanta necessidade de me aproximar de alguém, e sinceramente, não entendo o  porquê.
Conversamos pouco, mas sei que ele é uma boa pessoa. Educado, gentil, generoso, humilde...Do tipo de pessoa que você realmente não quer que saia da sua vida, e eu mal o conheço e já quero que fique.
Eu não gosto de me sentir vulnerável assim.
R:Darling! Darling! DARLING CHARMING!
Rosabella me acordou de meus pensamentos.
D:Sim?
R:Você está diferente...alguma coisa mudou em você...Está tudo bem?
D:Talvez seja meu cabelo...ele não acordou bem hoje e...
R:Não é isso! O seu jeito de ser está diferente...
D:Acordei de bom humor...deve ter sido isso. Agora se me dá licença, tenho aula de Donzela em Perigo.
Tinha arranjado a desculpa perfeita para sair daquele assunto desconfortável!...Ou eu pensava que tinha.
R:Não foi isso. Eu te conheço desde o pré-rimário e você acha que eu não percebi? A cada 5 minutos na aula de Geogra-fada você olhava para o Chase. Pode significar uma coisa...
Era justamente isso que eu estava tentando descobrir! Por que, de repente, esse garoto havia me interessado tanto a ponto de eu querer me aproximar dele tão desesperadamente?!
R:Darling, você está com um caso de paixonite aguda! Que fofo!
Fazia sentido? Muito mais do que todas as minhas hipóteses, mas ainda existia em mim aquele 1% de orgulho, que se recusava a acreditar que fosse verdade.
D:Você está enganada! Eu não gosto do Chase!!!
Respondi, com certa raiva. Rosabella não sabia, mas havia ferido o meu orgulho.
Ela apenas riu. Se eu fosse ela também teria rido. Afinal, uma menina totalmente confusa sobre seus sentimentos e com chances de estar apaixonada por um garoto que...bem...ela não conhece!
Mesmo que tudo desse certo, que ele gostasse de mim, meus pais e meus irmãos nunca me permitiriam namorar com ele! Eu acabaria sozinha de qualquer forma!
E, de repente, eu percebi que talvez, a solidão não me agradasse tanto, e que, querendo ou não, eu sabia o que estava sentindo.
Pov Chase:
Minha mãe iria chegar em poucos minutos. Depois que mencionei que a Rainha Branca é uma das professoras daqui, não pensou duas vezes: se for para ganhar da Rainha Branca, valia tudo. Seria professora de um curso de xadrez que havia sido criado fazia pouco tempo. Eu já tinha certeza que eu iria participar.
Eu tinha arrumado o escritório dela com algumas coisas que ela havia mandado por um portal:jogos de chá, poltronas de veludo vermelho, um tabuleiro de xadrez de estimação e um tapete quadriculado preto e vermelho. Deixei seu escritório e fui para a minha próxima aula: Treinamento de Herói. O Sr. Charming era o professor. Era uma pessoa muito exigente e o pai da Darling.
Começarímos com treino de espadas. Fácil. Treinei desde os 6 anos. Não poderia ser tão difícil. Depois, o cavaleiro que vencesse, teria de escalar uma torre onde haveria uma princesa esperando para ser resgatada. O primeiro que chegasse, ganharia um ponto na média.
Meu adversário era o Hopper. Não foi tão difícil. Ele se transformou em um sapo no meio da luta.
Corri para escalar a torre, e ao chegar na janela, para a minha surpresa, encontrei com a Darling. Era uma coincidência e tanto!
Ch:D-Darling! O que está fazendo aqui?
D:Minha aula de Donzela em Perigo é ligada com a aula de vocês.
Ela parecia irritada, como se não quisesse que eu a resgatasse, até que percebi que o problema não era comigo, e sim com o resgate.
Ch:Hã...Está tudo bem?
D:A aula de Donzela em Perigo nunca foi a minha preferida. Você e os garotos ficam com toda a diversão...
Ela evitava contato visual.
Ch:Não gosta de ser uma donzela?
D:Não gosto de estar em perigo e não poder fazer absolutamente nada a respeito a não ser esperar que alguém me salve.
Ch:Entendi. E o que você sugere?
Ela parou para me encarar por um segundo, com um semblante de dúvida.
D:Como assim?
Ch:Quero dizer, eu não posso salvar uma princesa que não quer que a salvem, não é?
Sorri, tentando ser amigável, e ela retribuiu o sorriso.
D:Tem uma outra janela na torre e tem uma corda em cada janela. Você pode descer por uma janela, e eu por outra.
Era algo contra as regras da atividade, mas eu tentei me colocar no lugar dela: se eu estivesse indefeso em uma torre que tivesse uma saída, eu também não esperaria por resgate.
Suspirei e assenti.
Ch:Pode ser.
E assim, fizemos de acordo com o plano.
Assim que ambos pisamos no chão, recebi um olhar de reprovação do Sr. Charming, seguido por um sermão:
Sr. Charming: Redford, o que pensa que está fazendo? Isso, de longe, foi a coisa menos heroica que eu já vi! Darling, o que foi isso? Ah, já entendi, ele não teve coragem o suficiente para te resgatar, e fez com que você se virasse sozinha! Além de tudo, é covarde!
Recuei uns passos para trás, envergonhado. É, eu realmente merecia aquela bronca, havia quebrado uma regra muito importante.
Darling, por outro lado, não se intimidou com a bronca. Não parecia se incomodar nem um pouco por ser chamada de "donzela em apuros", porque ela sabia que não era uma.
D:Pai, se me permite dizer, acredito que foi um ato heroico duplo! Quando você espera que o príncipe e a princesa se salvem, independentemente, sem a ajuda de ninguém?
O homem continuou seu sermão, mais uma vez apontando os meus erros.
Eu não tive coragem de me posicionar, mas, se era uma coisa que não faltava para a Darling era coragem, então, ela me defendeu:
D:Eu me recuso a acreditar que o Chase foi covarde! Ele baixou o orgulho dele, reconheceu a minha capacidade e não se intimidou, e viu que ele não precisava provar sua força para ninguém, porque ele sabe de sua força! Esse ato exige mais força e mais coragem do que qualquer resgate!
Eu a encarei, surpreso. A expressão facial do Sr. Charming não era nada boa, ele nos lançava olhares de repreensão, principalmente para a Darling.
Sr. Charming:Bem, a aula acaba por aqui. Darling, venha falar comigo em minha sala depois do almoço.
Ela, mais uma vez, não pareceu estar nem um pouco arrependida.
Aquele dia foi uma das  maiores provas do quanto a Darling era uma garota incrível, e eu não podia evitar, mas eu estava começando a criar uma grande admiração por ela.
Pov Darling:
Depois daquela aula incrível(a melhor aula de Donzela em Perigo que eu já tive!), Chase veio falar comigo.
Ch:Darling?
D:Sim?
Ch:Hã...Eu queria te agradecer por ter me defendido. Eu sei que deve ter sido difícil enfrentar o seu pai, principalmente na frente de tantas pessoas.
Sim, era verdade. Quase pensei que não conseguiria. Mas não podia admitir que meu pai falasse comigo e com o Chase daquela maneira.
D:Ah, não foi nada. A gente tenta fazer o que é certo, não é? Mesmo que nossos parentes fiquem bronqueados...
Ch:Sabe, foi até estranho você ter me usado como exemplo de coragem...sendo que a mais corajosa aqui é você.
Ele sorriu e eu também.
D:Obrigada.
Ch:Só disse verdades...
D:Não por isso. Por ter considerado a minha capacidade e me dado a oportunidade de eu ser eu mesma, pelo menos uma vez.
Ch:"A gente tenta fazer o que é certo, não é mesmo?".Mesmo que signifique quebrar algumas regras...
Ele citou a frase fazendo aspas com os dedos, rindo, até que, pelo visto, percebeu o que havia feito e arregalou os olhos.
Ch:E-Eu quebrei uma regra...
Ele parecia um pouco nervoso com isso.
D:Pois é.....
Ch:E-Eu tenho que ir! Tchau, nos vemos por aí!
Ele saiu meio apressado. Tudo isso por causa de uma regra?
De qualquer forma, pela primeira vez percebi uma coisa:Ele não ligava se eu fosse espontânea. Isso me deixou um pouquinho surpresa, nem todos reagem assim...
Eu ainda tinha dúvidas, mas agora eu sabia que eu não tinha mais uma das  desculpas para preferir ficar sozinha.
Pensando bem, talvez eu ainda prefira ficar sozinha, mas sozinha com ele ao meu lado...talvez chegou a hora de eu abaixar meu orgulho também, e me deixar ser vencida por essa sensação.

EAH: Cavaleiro VermelhoOnde histórias criam vida. Descubra agora