- A gente tem que ir embora daqui. – Edinho alertou.
- Tá. Nós vamos e... – Em meio à frase que dizia senti uma dor súbita irradiando pela minha cabeça e fazendo meus ouvidos zunirem. Minha visão ficou turva imediatamente e eu senti minha cabeça inclinar para frente fazendo com que meu rosto acertasse o metal da porta do carro. Tudo aconteceu muito rápido e em menos de um segundo eu estava no chão, com a cabeça explodindo, a visão cada vez mais embaçada e a respiração pesada. O que está acontecendo comigo?
- Aí meu Deus! Jotah? Jotah! – Ouvi a voz de Barbara distante.
Senti suas mãos sobre minha cabeça e mais gritos inundavam o ambiente mas eu não conseguia distingui-los muito bem enquanto permanecia semi-inconsciente no chão.
- TEMOS QUE IR EMBORA AGORA! – Essa com certeza era a voz de Edinho.
- Precisamos estancar o ferimento. – Barbara dizia com a voz tremula.
- Não temos tempo. Estamos na linha de mira deles. Precisamos ir!
Senti as mãos de alguém em meus braços e depois envolvendo meu tronco. As mãos de outra pessoa seguravam minha cabeça para que não balançasse muito mas não surtiu tanto efeito. O balanço do meu corpo indicava que estávamos em movimento mas eu não conseguia distinguir como, cada chacoalhada que acontecia atingia minha cabeça como um míssil e a dor me fazia gemer.
Logo comecei a sentir coisas roçarem meu rosto, incomodava mas não ao ponto de machucar, parecia... Mato. Tentei abrir os olhos mas não conseguia e depois de um tempo desisti de fazê-lo e passei a me concentrar no que ouvia.
- Como ele está?
- Não sei.
- Não dá pra saber. Só quando pararmos agora.
- Só vamos parar quando eu souber que será seguro para ele e para todos nós.
Após ouvir mais algumas frases sem conseguir entendê-las muito bem eu tentei falar, mas não consegui produzir nenhum som distinguível.
- Ele está tentando dizer alguma coisa.
- Olha pra ele, Natalia. Ele levou um tiro na cabeça. – Após mais uma chacoalhada e um suspiro a frase continuou. – Acha que ele vai conseguir dizer alguma coisa?
- Jotah? Tá meu ouvindo? Fica comigo tá bem? Fica acordado.
Eu estava ouvindo, mesmo com dificuldade em me manter consciente eu conseguia ouvir e entender o que falavam, só que por mais que eu tentasse não conseguia interagir para mostrar isso.
Após algum tempo e mais unas chacoalhadas depois eu fui colocado no chão e assim que meu corpo encontrou o solo, senti uma for muito forte e consegui abrir os olhos. Os rostos de Natalia e Edinho foram as primeiras coisas que consegui enxergar.
Tentei me levantar instintivamente mas não consegui, senti mãos segurando meus ombros e não sei se foi por isso ou por minha própria falta de força que fui impedido de ficar em pé.
Eu ainda estava desnorteado e não conseguia entender tudo que estava acontecendo. De repente escutei os gritos de alguém, eram os de Barbara. Edinho imediatamente se afastou saindo do meu campo de visão e eu ouvi barulhos do que parecia ser uma briga ou algo do tipo.
Não sabia bem o que estava acontecendo, mas era grave, grave o suficiente para tirar a atenção de Natalia de mim. Ela soltou meus ombros e levou as mãos ao rosto, juntando-as como uma concha em frente ao nariz e boca. Aproveitei o momento de distração dela para me esforçar e tentar levantar ao menos parte do meu tronco para também ver o que acontecia.
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Diário de Um Sobrevivente
Ficción GeneralNo ano de 2018 um tipo de praga ou infecção atacou a humanidade e nós nem ao menos sabemos de onde isso surgiu. Com a rápida degradação da sociedade e com o caos se instalando a única opção para mim e minha família é sobreviver a todo custo. nos aco...