17/11/2018

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São 08h30m e pelo jeito parece que enfim encontramos uma boa noticia, eu estou bem animado com o que acabamos de ouvir.

Hoje pela manhã algumas pessoas ficaram vagando pelas redondezas como de costume e uma delas encontrou uma torre de rádio com uma pequena cabine em sua base. Parece ser uma transmissora local ou algo do tipo.

Fomos conferir e tudo parecia em bom estado e pronto pra funcionar, pegamos um pouco de gasolina e ligamos o gerador e tentamos achar uma frequência com alguma mensagem e encontramos.

Era a voz de um homem que se identificava como coronel Josenir Viana e falava do navio de resgate do exército brasileiro que estava ancorado no porto de Suape próximo a Recife em Pernambuco. Ele passava as coordenadas e algumas informações de forma aleatória e pelo jeito transmitia para todo o Brasil e não para um grupo em especial de sobreviventes.

Não conseguimos ouvir a mensagem completa, pois ocorreu um curto circuito e o sinal caiu, mas essa é de longe nossa melhor chance de encontrar um local seguro.

Eu, Edinho, Igor e Rodrigo escutamos a mensagem e todos nós ficamos sem reação logo de cara, nos entreolhamos e tínhamos que decidir o que fazer com essa situação. Era óbvio que isso animaria todo o grupo e essa noticia era a melhor forma de conseguirmos superar esse momento que enfrentamos, mas é arriscado chegar até lá e sem tantas informações as coisas ficam ainda piores.

Após uma breve conversa voltamos pro albergue e chamamos todos para o hall de entrada e poder contar o que tinha acontecido. Igor mais uma vez tomou a frente e disse o que tínhamos ouvido, as pessoas no primeiro instante tiveram a mesma reação que nós e alguns instantes depois as emoções começaram a divergir.

Alguns se animaram e de prontidão já mostraram a vontade de ir em direção ao navio o mais rápido possível, outros ficaram um tanto quanto incrédulos e muitos parecem não ter decidido o que querem ainda.

Em meio às conversas e um clima mais animado das pessoas, Wendell desceu pelas escadas que vinham de uma ala de quartos para o hall e disse que tudo aquilo era bobagem e um devaneio coletivo, que não havia navio nenhum e que Igor estava inventando mentiras pra manipular as pessoas. Isso soou muito estranho e de certa forma até um pouco agressivo, as expressões nos rostos das pessoas mudaram no mesmo instante e um silêncio tomou conta do local.

Wendell saiu pela porta central do albergue e Edinho e Rodrigo foram atrás dele, fiquei com Igor e tentamos reverter a situação e trazer de volta o ânimo as pessoas.

Após algumas horas de conversas decidimos partir em direção a Recife, já que a ideia era ir atrás de uma resistência, essa era a melhor oportunidade que tínhamos a nosso alcance.

Ajeitamos tudo e acomodamos as pessoas nos carros, por sorte ainda tínhamos todos os carros e infelizmente muito espaço vazio neles. Vamos partir daqui a pouco, a maioria está de acordo e os que ainda não se convenceram irão mudar de ideia assim que estivermos salvos.

São 15h e partimos ainda a pouco e seguimos viagem em direção ao navio. É uma viagem um pouco longa e arriscada, mas é a nossa única chance e é isso que faremos. O plano é parar o mínimo o possível e chegar lá o quanto antes.

Espero que os carros aguentem esse desafio e que Deus nos acompanhe.



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