Seguimos caminho de volta a zona dos abrigos de Frank e dessa vez com o mínimo de paradas possível. Ficamos receosos por conta do ultimo incidente e decidimos que o quanto mais rápido chegássemos numa zona segura seria melhor.
A ironia é que a tal zona "segura" é um lugar infestado por zumbis e que está sempre sob rondas das equipes de buscas. Segura pode não ser a melhor palavra pra descrever aquela região, mas ao menos lá Frank tem maior controle das variáveis e estaremos mais fornecidos de suprimentos caso necessário.
Passamos o dia 7 inteiro na estrada e eu também estava tão engajado em conseguir voltar a algum dos abrigos que nem sequer lembrei-me que este era o dia do meu aniversário. Apenas me lembrei do fato quando chegamos a um pequeno apartamento na periferia de uma cidade, mais um dos abrigos de Frank.
O apartamento ficava num pequeno prédio de dois pavimentos numa rua estreita de um pequeno bairro residencial. O lugar é bem decrépito e pelo jeito já tinha esta aparência mesmo antes do apocalipse começar. As paredes externas estão com a tinta descascada e com manchas de infiltração por toda a fachada, além de algumas trincas bem visíveis.
A face interna do prédio não estava em melhore condições e toda a bagunça causada pela saída dos moradores ou entrada de saqueadores só piorava a situação. As portas da entrada dos dois apartamentos do térreo estavam arrombadas e pelo que pude ver de relance a sala de ambos estava uma completa bagunça.
Alguns pedaços de móveis, gavetas e roupas velhas também estavam jogadas pelo corredor e parte da escada que dava acesso ao pavimento superior. De cara não notei a presença de nenhum zumbi e pela calma com que Frank entrara, ele parecia certo de que não haveria nenhuma surpresa.
Já no primeiro andar nós logo caminhamos para frente do apartamento 102 e a entrada dele estava semi-bloqueada por uma porta de guarda-roupas. Frank empurrou e deslocou a porta para que pudéssemos entrar.
O lugar não estava de brilhar os olhos mas comparados aos outros apartamentos até que estava bem organizado. Ao menos não tinha nada espalhado pelo chão. Ainda assim o lugar é bem pequeno e não seria um dos lugares que eu escolheria como abrigo e muito menos como moradia, seja antes ou depois do apocalipse. Tenho impressão que o espaço atrás do balcão da padaria de dois dias atrás era maior do que isso.
- Bem pequeno o lugar, não é? – Falei ao me sentar no sofá da sala.
- É, mas é um dos meus melhores abrigos. Sabe o que dizem, nos menores frascos estão os piores venenos.
- Isso significa o quê? Que você tem uma bomba aqui? – Falei satirizando.
- Não chega a tanto, mas ainda assim é bom.
E foi nesse momento, enquanto Frank dava uma visão geral pelos cômodos do apartamento, que eu me dei conta que ontem havia sido meu aniversário.
- Sabe de uma coisa engraçada? – Dei uma pequena pausa na fala mas volto antes de Frank responder. – Ontem foi meu aniversário e eu sequer lembrei.
- É sério?
- Sim.
- Meus parabéns atrasado então.
- Valeu.
- Ah e eu acho que tenho algo pra você aqui.
Ao terminar de falar isso Frank veio de um dos quartos com uma caixa de munição, ele a jogou pra mim e falou:
- Isto aqui deve servir para aquela sua arma.
- Valeu.
Eu nem acreditei quando ele me jogou aquilo. Uma caixa de munição pela metade, poxa, é um grande presente de aniversário. E mais do que isso, essa atitude demonstrava confiança de Frank em mim e isso é bom.
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Diário de Um Sobrevivente
Ficção GeralNo ano de 2018 um tipo de praga ou infecção atacou a humanidade e nós nem ao menos sabemos de onde isso surgiu. Com a rápida degradação da sociedade e com o caos se instalando a única opção para mim e minha família é sobreviver a todo custo. nos aco...