25/01/2019

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Me embrenhei na mata tentando sair da mira dos disparos e também para tentar alcançar o local onde havia deixado minhas coisas. Minha bolsa estava junto das coisas de Frank e eu sabia que tinha de chegar antes dele caso quisesse continuar tendo mais alguma coisa além da pistola que carregava em mãos.

Esforcei-me ao máximo apesar dos ferimentos mas as condições não estavam a meu favor. Minha cabeça estava uma bagunça, meu corpo machucado e o breu noturno confundiam meus sentidos. A tensão de estar mais uma vez em uma fuga pela vida e o estresse de toda a situação fazia com que meu coração batesse tão forte que parecia que sairia do corpo.

Em meio à corrida, tropeços e esbarrões em troncos de arvores consegui alcançar o local onde estavam minhas coisas, mas assim que me abaixei para juntar tudo e partir notei que nem tudo estava mais lá. Uma das bolsas tinha sumido, assim como meu arco. Eu não tinha muitas opções do que fazer naquela situação, então apenas peguei a mochila que ficou para trás e dei prosseguimento a minha fuga.

Continuei o mais rápido que pude e os barulhos que eu ouvia vindos da escuridão na mata só faziam me apressar ainda mais. O som que a vegetação fazia ao ser pisoteada era inconfundível e a sensação de que alguém se aproximava cada vez mais de mim apenas aumentava ao passar do tempo.

Eu estava cansado, ofegante e ainda tonto por conta dos golpes que sofri. Não sabia há quanto tempo corria e nem a que ponto da mata eu me encontrava, estava completamente perdido a esta altura mas não podia me dar o luxo de parar.

Eu já estava farto de esbarrar em troncos das arvores enquanto fugia mas em determinada hora esbarrei em algo que com certeza não era um caule ou galho mais resistente e sim um zumbi. Ele fez um som estranho quando eu o empurrei e tentou me agarrar mas eu me distanciei rápido e continuei a corrida.

Não muitos passos a frente esbarrei em outro mordedor e o empurrei para longe e ao reparar mais atentamente aos sons a minha volta percebi que os barulhos de pisadas não vinham dos homens que atiraram em mim, mas sim do bando de zumbis de que havia desviado anteriormente.

Me desvencilhei de mais um mordedor que investiu contra mim e corri na direção de volta de onde vim. Eu estava entre a cruz e a espada a essa altura, com o bando imenso de zumbis às minhas costas e provavelmente correndo na direção de encontro ao que os homens vinham.

Mudei de direção algumas vezes no percorrer do caminho ao notar que parte dos zumbis estava a me alcançar e tive medo de que acabasse ficando cercado por eles. Eu já não tinha a mínima idéia de onde estava há essa hora e em meio ao desespero da minha fuga acabei por chegar às margens de um rio.

Não pensei duas vezes e me joguei dentro dele para tentar escapar dos zumbis que vinham ao meu encalço, mas quase ao alcançar a próxima margem vi que parte do bando também caminhava por aquele lado. Eu estava mergulhado bem no meio daquele bando de mordedores.

A água estava bastante fria e passava na minha cabeça a todo instante que uma das duas partes do bando a qualquer momento poderia virar de direção e acabar avançando para dentro do rio, então comecei a nadar da forma mais silenciosa que conseguia.

Segui o fluxo da leve correnteza do rio que acabou por me levar até uma pequena ilha fluvial cercada por algumas rochas, troncos e galhos podres e uma região pouco maior do que meu corpo no centro dela onde eu podia subir e me manter fora do contato com a água fria.

Mesmo exaurido usei todas as forças que me sobraram para subir na pequena ilha e assim que consegui quase desmaiei de exaustão. Me deitei e ao olhar pra cima pude ver o luar e as estrelas sobre mim e respirei fundo apenas pedindo para que aquele momento acabasse.

Não muito depois disso vi a luz de lanternas cortando a mata a minha direita e provavelmente ao ver a quantidade de mordedores que rondavam por aí os homens decidiram dar meia volta. O engraçado é que no final das contas acabei sendo salvos pelos zumbis que eu tanto odeio.

Permaneci ali deitado mesmo sem conseguir dormir e vi o tempo passar até o amanhecer chegar. Mesmo assim estava debilitado de mais, tanto físico quanto psicologicamente, para conseguir pensar em algo ou ao menos me retirar dali.

Diário de Um SobreviventeOnde histórias criam vida. Descubra agora