- Quantas vezes eu vou ter que te lembrar que você não manda em mim?! – Barbara disse pondo a mão no meu peito e impedindo minha partida. – Vamos juntos.
- Não se esqueça com quem está falando. – Disse tirando a mão dela do meu peito. – Eu não devo nada a você.
- Como é?!
- PESSOAL! – Felipe gritou nos interrompendo. – Parem com isso...
Antes que ele pudesse concluir a frase também foi interrompido com o grito, mas que não vinha de nenhum de nós.
O grito não apenas o interrompeu como também chamou a atenção de todos. Era um grito de desespero, de socorro, era o grito de...
- Edinho! – Barbara falou assim que ouviu a voz.
Ela disse aquilo que veio a minha cabeça, era ele e eu precisava ajudá-lo.
Saí correndo em disparada pelo acostamento na direção de onde veio o grito. Corri o mais rápido que pude e ainda assim parecia não ser o suficiente. Tirei o arco das costas durante a corrida e logo depois de tê-lo em mãos adentrei pela vegetação.
Pus o arco na horizontal a minha frente para afastar os galhos e folhas enquanto corria me aproximando cada vez mais do local de onde partiam os gritos. Barbara e Felipe deviam estar atrás de mim a esta altura, mas eu estava tão rápido e tão focado em alcançar Edinho que nem sequer prestei atenção se eles me acompanhavam.
Depois de uns dois minutos enfim eu estava perto o bastante para saber de onde exatamente vinham os gritos. No meio da vegetação vi o relance das cores amarelas da lataria de um carro, era a EcoSport de Kleber e tinha alguém caído próximo a ela.
Pulei por entre os arbustos ao mesmo tempo em que puxava uma flecha do estojo e engatilhava um disparo. Assim que passei pelos galhos e tive a visão limpa, disparei. Só vi no que tinha atirado depois da flecha já ter acertado o alvo. A flecha foi direto no meio da testa de um zumbi que estava debruçado sobre o corpo que eu havia visto ao lado do carro, e não era só um corpo, era Edinho.
Tinha outro zumbi o atacando e eu acertei este com a ponta do arco, usando como se fosse um porrete e acertando o golpe de baixo pra cima. A pancada foi certeira e fez o zumbi se curvar para trás, logo após ele cair de costas pro chão eu o acertei novamente na cabeça com arco até que ele parasse de se mexer.
Eu queria dar atenção a Edinho, ver o que havia acontecido com ele e cuidar dos seus ferimentos, mas antes eu precisava ter certeza que não seríamos atacados novamente ali. Olhei em volta e tive tempo de engatilhar mais um disparo no arco
Fitei com os olhos por todas as direções procurando mais algum zumbi e não enxerguei nada, mas ouvi barulhos por trás de uns arbustos. Assim que me inclinei preparando-me para ir a sua direção fui puxado pela perna da calça. Imediatamente me virei apontando o arco e só depois percebi que era Edinho.
- Não se mexa. Tem armadilhas por toda parte. – Edinho se esforçou para falar.
Não entendi bem o aviso dele até o olhar melhor e ver o que tinha acontecido com ele. Sua perna estava enfiada no chão até a altura do joelho e abaixo disto todo o resto estava cravado de espetos pontiagudos.
Sua perna estava dilacerada e sangrando muito. Eu fiquei sem saber o que fazer e tentei por a mão para ajudá-lo de alguma forma mas antes mesmo de encostar Edinho gemeu de dor. Além da perna ele tinha ferimentos na altura do peito e ombros, estava muito sujo e não dava para distinguir o que era sangue dele ou sangue dos mordedores.
Droga, mais uma vez Edinho estava ferido a minha frente e eu não sabia o que fazer, mas desta vez eu não estava só. Felipe e Barbara chegaram logo depois e me ajudaram com ele.
- Ainda bem que vocês chegaram. – Falei assim que os vi. – Tomem cuidados porque tá cheio de armadilhas aqui.
- Nós já vimos. – Felipe respondeu.
- São buracos apache. – Barbara completou. – Felipe, remova a cobertura das armadilhas e abra caminho para nós. Eu e Jotah cuidaremos de Edinho.
Minhas mãos estavam tremendo e eu não sabia o que fazer com elas, enquanto as de Barbara permaneciam firmes e ela parecia saber exatamente o que fazer.
- Jotah, remova a terra ao redor do buraco para podermos tirar as estacas sem ferir ainda mais a perna dele. – Barbara disse a mim enquanto fazia um torniquete na perna de Edinho.
- Tem muito sangue aqui Barbara. – Falei assustado. – A perna dele está sangrando de mais.
- Eu sei, mas vai diminuir quando eu terminar o torniquete. Não se preocupe com isso e faça o que eu disse.
Removi a terra usando as mãos e fiz o mais rápido que pude. Felipe logo após terminar de descobrir todos os buracos voltou até nós para ajudar. Ele estava comigo retirando a terra para que pudéssemos remover a perna de Edinho da armadilha quando mais barulhos vindos de trás da vegetação nos chamaram atenção.
- Merda. Merda. Merda. Tem zumbis vindo dali. – Felipe disse levantando-se.
- Não corra! – Gritei. – Fique aqui e me ajude.
- São muitos, cara!
- Retire a terra, eu cuido deles. – Falei me levantando e preparando o arco.
Uma, duas, três flechas lançadas e três zumbis foram ao chão. Pus a mão no estojo e depois dos primeiros disparos ele já estava vazio. Eu não tinha tido tempo de pegar todas as flechas e isso foi um erro que poderia custar muito caro. Por sorte não havia tantos mordedores quanto Felipe fez parecer e eu consegui derrubar mais dois usando o arco como porrete.
- Como estão aí? – Perguntei.
- Quase lá. – Barbara respondeu. – E você? Precisa de algo?
- Da sua arma. – Falei enquanto puxava a arma da cintura de Barbara depois de ver que mais zumbis se aproximavam.
Eu não queria disparara ali mas não tinha escolha, eram muitos zumbis para lutar corpo a corpo com eles e a única escapatória seria usar a arma. Economizei os disparos tanto pelas munições quanto pelo barulho e a situação só ficava cada vez mais critica.
Olhei a EcoSport a nossa frente e pensei que ela seria nossa melhor opção de fuga, então me aproximei do carro mas assim que puxei a maçaneta para abrir a porta o alarme do carro disparou. Todo meu cuidado em fazer o mínimo de barulho o possível foi pro saco.
- Temos que ir AGORA! – Gritei e me voltei para levantar Edinho.
O torniquete já estava pronto e Barbara e Felipe já tinham removido quase que por completamente as estacas e era o suficiente para irmos embora. Devolvi a arma a Barbara e pus Edinho nas costas, mandei Felipe ir à frente para trazer o carro para mais próximo de nós e apertei o passo para sair daquele inferno o mais rápido que podia.
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Diário de Um Sobrevivente
Genel KurguNo ano de 2018 um tipo de praga ou infecção atacou a humanidade e nós nem ao menos sabemos de onde isso surgiu. Com a rápida degradação da sociedade e com o caos se instalando a única opção para mim e minha família é sobreviver a todo custo. nos aco...