O Garoto Do Boné Vermelho

Amizades e Amizades

Admito que talvez eu tenha me excedido um pouco com esse negocio de ter um monte de viados em minha volta, não é minha culpa! Eles apareceram de repente e me assustaram, como se a vida fosse uma grande casa assombrada dos parques de diversão e você não sabe o que pode rolar, várias surpresas ruins... Okay isso foi bem homofóbico.

O fato é que, um dos meus melhores amigos tinha acabado de se assumir e isso era, pra não dizer nojento, era bem tenso. Eu estava tentando deixar isso de lado sim, mas o estômago chegava a embrulhar quando eu pensava mas coisas que ele deve ter pensado quando viu meu pau diversas vezes.

E no mesmo dia tem um ator porno gay na escola que fica imaginando cenas sexuais com a minha pessoa! Um cuzão de boné vermelho isso sim. Ta certo que agora eu estava longe dele e era até mais fácil respirar, mas as lembranças da mente perturbada dele estavam frescas, e o embrulho na barriga continuava forte. O que rondava a minha cabeça naquela altura era "Por que diabos alguém pensaria em fazer aquelas coisas comigo?". Sera que eu tinha um jeito gay e não sabia? Ou o cara era retardado e pervertido? Considerando que não tem a minima possibilidade de eu ter um jeito gay porque EU GOSTO DE MULHER! eu me sinto no direito de desclassificar a ideia de eu ter jeito gay.

- Heitor...- A voz meiga me trouxe de volta pro mundo real, Droga... Eu estava com Lizzy - Aonde você tava? - Ela parou de comer o macarrão com salsicha que parecia mais uma massa toda atrofiada. Olhou com aquele jeito curioso.

- Me desculpa - Foi o que eu consegui dizer depois de dar uma olhada fabulosa naquela gororoba, a maçã do café da manhã queria voltar.

- Nossa! Parece que você ta em outro mundo garoto! - Ela me deu um empurrão sem força alguma.

Em vez de "Eu to... No mundo dos gays que se voltaram contra mim e me perseguem", eu respondi "Hm..." que significa a mesma coisa resumidamente. Não contaria pra ela nem pra ninguém sobre o Erick. Eu me preocupava com ele afinal.

- Sim... Aposto que nem ouviu o que eu acabei de dizer, não vai comer?

- Perdi o Apetite. - Eu falei sem nem me tocar o peso que aquilo teria depois.

Foi instantâneo, ondas de receio percorreram pelos meus pulsos arrepiando todos os pelos dos meus braços até o final das costas. Depois eu senti algo parecido com medo mas eu tenho a impressão que era insegurança, talvez nervosismo. Se você está se perguntando se é a Lizzy que me passou tudo isso acertou em cheio. A moreninha possuía olhos inexpressivos mas olhava o movimento das pessoas ao redor.

"Talvez eu devesse me juntar as outras pessoas, Heitor não parece feliz com a minha presença e nem escuta o que eu digo. Por que eu deveria continuar sendo amiga desse cara?" Foram pensamentos breves. Mas agora quem estava inseguro era eu.
Merda...

- Heitor... Eu vou- interrompi a menor bruscamente.

- Espera Lisandra... - Segurei a mão dela fazendo a mesma me olhar. Sua mão estava gelada e as bochechas estavam rubras junto com o nariz. Ela era muito preciosa pra eu deixar ela ir assim por isso eu a impedi de sair daquela mesa e or pra qualquer lugar. E talvez até com outro cara... Só de pensar nisso meu sangue ferve. - Me perdoa... Meu dia não começou bem.

Foi ridículo e provavelmente constrangedor, mas eu tirei a coragem do cu do Tarzan pra beijar a mão dela. E quando e voltei a olhar pra ela, a moreninha parecia mais em pânico do que envergonhada. É Heitor... Você fez merda e ela vai sair correndo e te ignorar pelo resto do ano. Parabéns.

Só que ela não o fez, ela sorriu e aquelas maçãs que enchiam o rosto dela saltaram, meu deus... Ela ficava muito fofa sorrindo. Não é possivel que Heitor Valentini esteja gamado na sua melhor amiga. Acho que deu pra perceber que eu tenho sérios problemas de aceitação não é? Se eu to ou não to apaixonado por ela, o negocio é ligar o foda-se e fazer o que eu quiser fazer sem restrições... Era assim que eu agia, mesmo que minha mente me corroesse.