De volta a natureza

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O garoto do Boné Vermelho. Pov's Heitor.

Assim que abri as portas do casarão o cheiro de bolo entrou pelas minhas narinas fazendo meu estômago reclamar de uma maneira audível. William ainda estava curioso com tudo em sua volta, entretanto, tudo ali me parecia nostálgico até demais.

Reparei nas cortinas brancas enfeitando as janelas, os moveis rústicos um tanto velhos mas ainda sim em boa forma, não havia televisão na sala, apenas uma enorme estante repleta de livros e por fim ao soar do ranger da cadeira de balanço por cima do tapete pude ver minha avó sentada e extremamente concentrada em sua atividade de crochê diária. Os cabelos grisalhos estavam presos num coque, a pele enrugada dizia que aquela mulher já tinha passado por muitas coisas e os olhos azul-piscina realçavam sua beleza. Ela só percebeu minha presença quando a as portas bateram atrás de nós assim deixando as agulhas e o tecido ao colo estendendo os seus braços a pedido de um abraço.

Sem pensar duas vezes corri para o seu abraço. William ficou atrás observando um pouco encabulado eu acredito.

—Benção Vó. - Pedi no meio do abraço só por costume.

—Deus te abençoe meu neto. - Respondeu com uma voz saudável e potente. Assim que desfizemos o abraço ela tocou no meu rosto e olhou no fundo dos meus olhos. - Você cresceu demais desde a última vez que você veio ver a sua avó.

—Claro, eu tinha 11 anos quando vim da última vez.

—Você ficou alto e bonito... - Dei um sorriso de orgulhoso.

—Pois é vó, sou um homem esbanjando virilidade agora. - Ela riu.

—Continua um bebe com essa cara pelada sem barba.

—Ara! Mas acabei de me chegar aqui e você já vem me por pra baixo.

—E quem é esse rapaz bonito atrás de você? - Perguntou tentando encontrar o William.

—Este é meu amigo William, ele também veio para o aniversário da senhora.

William então deu um passo a frente, atrevidamente pegou a mão da minha avó até então repousada em seu colo e a beijou.

—Muito prazer senhora, saiba que eu não consigo acreditar que a senhora é avó dele aqui. - Filho da Puta.

A mais velha soltou uma risada nasal

—Ah... então estou lidando com dois cavalheiros.

—Certamente, senhora. - Ele respondeu

—Apesar de um deles nunca vir visitar sua própria avó e deixá-la sozinha aqui e solitária – Ô drama, William então soltou a sua mão e me olhou com uma cara infeliz de filho da puta que ele tem (Perdoe Alice).

—Perdoa vó, vou vir para visitar a senhora sempre que eu puder agora. Sei que sou um mau neto - Podia sentir meus olhos marejarem ao vê-la daquela forma.

Então em súbito o seu olhar fora espremido pelas pálpebras e a lágrima firme acabou deslizando pelas linhas faciais.

—As vezes você fala como ele Júnior...- Um sorriso humilde surgiu em seus lábios.

—Ele quem vó?

—Ítalo...

Suspirei ao ouvir aquilo, mas quando eu ia respondê-la meu pai nos chamou a atenção limpando a garganta propositalmente.

—Júnior, pegue sua mala. - Ordenou fazendo meu sorriso sumir. - Você já sabe em que quarto ficar. Leve o Japa junto com você. - bufei com todas aquelas ordens e assim beijei minha avó no rosto e murmurei "Estou feliz de estar aqui para o seu aniversário". Ela sorriu e depois disso eu e Branca de neve asiática subimos para o quarto em silêncio.

O Garoto Do Boné VermelhoOnde histórias criam vida. Descubra agora