OGBV-18
Tava andando pela rua de boa com a minha cara de mendigo depressivo sem ninguém pra amar. Escutando Closer do Chainsmokers nos fones quando de repente houve uma coisa que eu senti que estava errada, uma coisa que me incomodou radicalmente. Eram aquelas mesmas ruas, aqueles mesmos carros, aquele mesmo cachorro sarnento mijando no poste. Mas não havia nem Zézinh, nem Erickinh.
Mano, a saudade que eu tava daqueles dois era tão anormal que eu nem me importaria de levar bronca deles. Eu poderia abraçá-los até enforcar os dois, poderia beijar aqueles rostinhos feios até não poder mais, poderia jogar bola até não conter mais canelas nem pés.
Falando em jogar bola eu perdi um jogo do time e o treinador deve estar putasso comigo.
Enfim.
Subi as escadas correndo Entrei na escola e parti para o nosso lugar preferido, corri pelos degraus e tentei parecer um maratonista quando cheguei no topo da torre da Fiona. Só que distinto do conto, não era apenas um dragão, Eram DOIS E eles quando ficavam irritados ninguém aguentava.
Encontrei-os deitados distraidamente um no colo do outro...
Espera... Um no colo do... Outro? Que?
Eles conversavam distraidamente sobre alguma coisa que não deu pra ouvir muito bem por causa da distância, Bruno estava deitado sobre as pernas de Erick eu loiro mexia de leve nos dreads estilosos do moreno.
Então do nada a atmosfera mudou se tornando pesada. Zé saiu do colo do loiro num pulo e encostou na grade bamba com calma, A sua expressão não era nada amigável.
—Não sei... - Peguei o fio da meada. -Tu sabe, Já disse pra tu que to gostando de um cara aí. - Quê Cara?
—Que cara? - Zé perguntou em sequência, o tom da sua voz era meio intimidador.
Foi nesse momento que eu como um ser muito inútil do qual não tenho o menor orgulho de falar que sou, tropecei numa latinha de refrigerante e fiz barulho atraindo todos os olhares para mim. Eles se assustaram, algo me dizia que eles estavam escondendo algo já que eles ficaram visivelmente desconfortáveis com a minha presença, o assunto que eu tinha presenciado a pouco tempo tinha acabado.
—Ah... É você. - Bruno apoiou os cotovelos na grade pra me provocar pois sabia a aflição que eu tinha quando o mesmo fazia isso. - Pensei que fosse alguém importante.
—Só isso? Coé, não vão me dizer que estão chateados?
—Na verdade, Eu não estou nem um pouco surpreso com a sua falta de vergonha na cara.- O loirinho se pronunciou saindo do chão.
—Afinal de contas, por onde esteve seu fumador de tijolo?
—Ficamos preocupados, depois da festa do Hwang você sumiu de repente, pensei que tinham te sequestrado e te esquartejado.
—Não seja tolo Erick, os órgãos dele nem valem nada.
—É verdade... Nada, nada, nada.
Abaixei a cabeça e senti um sorriso brotar de canto, eu estava com muitas saudades e eu os compreendia, sabia porque tanta raiva e o mais importante, Sabia que eles se importavam comigo e que eles sempre estarão ali quando eu precisar.
—Me desculpa bródis.
—Nem vem mano. Saí fora. - Zé desencostou das barras. - Cansei de ver você sumindo o tempo todo e não dando notícias, você é idiota? A gente ficou realmente preocupado. Da próxima vez Heitor... da próxima vez eu vou até a sua casa e nem que eu saia de lá preso, mas eu entro e te dou uma surra.
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O Garoto Do Boné Vermelho
Teen FictionSinopse: Telepatia: Significa, comunicação direta e imediata entre duas mentes, sem utilização de mediação física, um dos quatro tipos de percepção extrasensorial Heitor Valentini é um garoto perfeitamente normal aos olhos de quem vê. gosta de gibi...