O Dia de Domingo

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Domingo. 1 de Agosto do Ano XXXX. Alguns dias depois o ocorrido no quarto.

Aquela merda de dor de cabeça não passava. Não era pra menos já que eu tinha ou alucinei ter me masturbado vendo um homem chupando o outro. Ao contrário do que você deve estar pensando nesse exato momento, isso não é nada engraçado. Além disso, sinto que a minha mãe está estranha comigo, ela tem ficado pensativa de uns tempos pra cá.

Aquela Dona Eliza que prezava disciplina e atenção estava dispersa, totalmente lesada sem nenhum senso de coordenação motora. Agora vivia batendo em coisas pela casa, além de ficar minutos olhando pro nada pensando em...

Pela primeira vez não sei.

Pela primeira vez na vida eu não sabia o que minha mãe pensava. Pela primeira vez na vida a telepatia tinha dado sinais de que existia uma possível cura. E pela primeira vez... Eu tinha entrado em pânico por causa disso. Após tantos e tantos anos vivendo com vozes na minha mente, eu acabei me acostumando com a "companhia", apesar de eu sempre reclamar.

Por alguma razão eu desconfio que a telepatia tenha ligação diretamente com o William. Ou... Explicando melhor, a telepatia depende muito das emoções, então, resumidamente falando, meu sentido extrassensorial tinha sumido por conta do que eu sentia em relação aquela Branca de Neve Japonesa. Uma coisa que eu sempre soube, era que lutar contra faz você se machucar ainda mais... Faz você errar e se arrepender depois.

De que adianta lutar contra se é fato que eu estava sentindo falta dele...?

Doía na alma admitir isso. Mas era fato mesmo. Além disso, ele é parecido comigo, meu semelhante. O que faz as coisas se tornarem mais complicadas ainda no sentido de não gostar dele.

Depois daquilo no meu quarto eu beijei meninas de todos os tipos, tamanhos, belezas diferentes, algumas mais sexys do que outras mas todas lindas. Eu não sentia repulsa de mulheres, pelo contrário achava-às perfeitas, mas o que mais me deixava frustrado era que eu só beijei todas com a intenção de esquecer do William.

Sem sucesso...

Beijos molhados, quentes, com mãos bobas pra todo lado... Mas eu só pensava em uma pessoa.

O que mais me machuca é que eu sei que a gente não vai se resolver tão cedo assim. E como eu sou orgulhoso demais não vou voltar atrás com as minhas palavras... Mas bem que eu queria que tudo voltasse a ser como antes, quando ele ainda me enchia o saco e pensava aquelas besteiras sobre mim.

- Heitor... - Christopher me chamou baixo causando-me um leve espasmo de susto. - Cara, fala a verdade... Você tá bem? Toda vez que olho pra você, tu tá viajando na hellmanns...

- Estou. Só dor de barriga.

- se não estiver bem pede pra Bruxa... Digo, pede pra Leila liberar você. Bom, tem uns meninos te chamando naquela mesa ali. - O ruivo apontou pra uma mesa com quatro garotos, todos gays eu presumo.

Respirei fundo e ajeitei o suspensório, no meio do caminho sorri de forma robótica totalmente falsa, não estava com ânimo pra atendê-los. Na verdade não quero atender ninguém. Ouvi dizer que nesse emprego você não pode deixar com que as emoções atrapalhem seu desempenho no serviço, mas era quase impossível.

Hoje era dia de encontro LGBT, então as Alas tinham sido trocadas descaradamente de propósito para atrair o público. Lidar com os gays não era muito diferente de lidar com as mulheres pra falar a verdade, era de certa forma um pouco divertido, tenho que admitir. Os meninos eram menos tímidos que as meninas, sempre jogando cantadas e aumentando seu ego lá pra cima, afinal de contas, se até os homens te acham bonito é porque você é mesmo.

O Garoto Do Boné VermelhoOnde histórias criam vida. Descubra agora