Quando uma pessoa passa por uma situação dessas, é normal o indivíduo ficar se cagando de medo por um bom tempo. Eu senti esse medo, tanto que eu decidi deixar de ir a escola por uma semana de tanto cagaço alheio. Porém, todas as noites que eu me deitava, William Hwam voltava nos meus sonhos para me matar. Aquilo estava me atormentando de uma maneira tão absurda que eu quase levei em conta a maravilhosa ideia de ir procurar um tratamento psiquiátrico ou qualquer coisa relacionando os sonhos de uma pessoa.
Quase. Digamos que eu não goste muito de hospitais, ou médicos, ou gente vestida de branco, isso inclui os capoeiristas. Eu poderia morrer milhões de vezes se fosse preciso, mas ninguém ia me fazer voltar para um hospital tão cedo.
Nessa semana de faltas, Lizzy tentou me contatar por Skype, mas eu não tava com cabeça pra aturar minha ex futura namorada, Então eu ignorei todas as chamadas que ele tentou. Quanto ao celular, foi realmente muito difícil, mas eu consegui não conectar ele no Wifi durante uma semana inteira! Tem noção de como isso é um milagre?
O pior de tudo foi a minha mãe. Dona Eliza é uma senhora bem calma, mas eu tenho um certo dom de estragar a calmaria dela de alguma forma, Eu deveria ir para as Olimpíadas de filhos mais trabalhosos do mundo. Qual é gente... Eu não poderia simplesmente contar que não queria ir para a escola porque fui quase estuprado no vestiário do time de futebol e agora meu molestador decidiu entrar nos meus sonhos e ser um assassino em serie.
Imagina a casa dela quando ela tiver desmaiada no chão. Eu não vou saber o que fazer.
Eu tentei fingir uma doença, mas minha mãe era enfermeira então meio que não deu certo. Eu também quis dar uma de adolescente rebelde que faz o que quiser da vida, mas isso me rendeu uma surra e castigo por tempo indeterminado. Conclusão: Segunda feira eu teria que ir á escola, e ver aquele bastardo na minha classe.
Bom, eu realmente não queria ver o retardado do vestiário, mas eu tava morrendo de vontade de conversar com o Zé e com o Erick. Lizzandra foi um caso perdido, mas eu também gostava muito dela. Além de uma coisa importantíssima, eu passei uma semana sem jogar bola com meu time, Meu pé já começava a coçar de tanta ansiedade.
Então na segunda de manhã eu tive que ir a escola. Primeiro: porque se eu não fosse, minha mãe arrancaria meus braços e minhas pernas e colocaria num lugar que eu acho melhor nem mencionar. Segundo: Meus amigos estavam me esperado morrendo de saudade que eu sei. Terceiro: Caralho mano... Eu não aguentava mais ficar sem jogar.
Chegava perto das sete da manha e as Pontes Indestrutíveis do Charlie Brown Jr iam às alturas nos meus ouvidos. O frio tava de congelar o cú, Mas eu preferia congelar o meu cú, do que morrer de calor no verão. Ou seja, o frio estava sim intenso, mas de certa forma agradável. Eu mal tinha chegado na escola quando fui surpreendido com os meus fones sendo retirados dos meus ouvidos do nada.
— Mas que Porr...- Quando eu vi as duas faces me fitando com uma mistura de raiva e... Incredulidade, quem sabe? Eu sei que parei de xingar quando os vi ali e sorri como se nada tivesse acontecido.
— Mano! – Não pude falar absolutamente nada, Erick já começava a gritar no meio da rua em plena manha de segunda feira enquanto uma velhinha assistia tudo de camarote. – Puta que pariu Heitor! – Ele se aproximou e eu juro que fiquei com medo do nanismo não diagnosticado dele me atingir de uma forma não muito amigável. – Tu quer matar a gente de susto? Porra!
Lembra quando eu falei que eu queria ver meus amigos? Retiro o que disse. Zé segurou meu pulso sem controlar a força e me olhou com aquele olhar selvagem que fazia qualquer um temê-lo.
— Vai se explicando... Eu liguei 27 vezes, E eu tive que falar com a sua mãe ainda! – Bruno tinha aquela aura toda de macho alfa, confiança, altura inclusive. Mas ele tinha um serio problema em lidar com mulheres... Até as velhinhas. Na verdade eu acho que ele é tão tímido que nem ao menos fala com garotos.
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O Garoto Do Boné Vermelho
Teen FictionSinopse: Telepatia: Significa, comunicação direta e imediata entre duas mentes, sem utilização de mediação física, um dos quatro tipos de percepção extrasensorial Heitor Valentini é um garoto perfeitamente normal aos olhos de quem vê. gosta de gibi...