Heitor PoV.
Por um momento me senti meio perdido em meio a tanta informação nova entrando na minha cabeça que já não era lá tão boa assim. Demorei alguns minutos para atribuir tudo completamente e me vi tentado a perguntar várias coisas, tantas que eu não me decidia qual delas perguntar primeiro.
-- Heitor...? -- me perguntou William com os olhos semicerrados.
-- Sim... - apesar do meu descontentamento me senti obrigado a aceitar. Não era todo dia que ele decidia falar as coisas do passado dele.
-- Posso continuar? - acenti com a cabeça. -- A sociedade da vizinhança (Karzilles) era estritamente organizada. As vezes dava uma impressão de uma falsa utopia... Apesar de que eu saí de lá pelos problemas que haviam lá dentro. O porquê eu saí não importa, mas alguns de nós fazem acordos com a Vizinhança em razão de sua própria segurança. Quando eu disse para você que minha mãe morreu no parto foi uma mentira. Na verdade minha mãe foi assassinada pelas Larvas. E nos últimos tempos é o que tem acontecido. Quase cem por cento de nós é órfão de um pai pelo menos. Elas parecem arranjar um meio de localizar a mãe ou bebê quando há um parto.
Minha mente girou por um momento e me vi agradecendo por ter dois pais. Mesmo que um deles fosse um desgraçado.-- Pessoas como nós são fáceis de distinguir pois temos uma peculiaridade nos olhos. Apesar que... Não sei porque os seus olhos são... Tão normais. Na realidade tem muita coisa que você tem que se perguntar-- suspirou.
-- Então acho que minha prima foi parar em Karzilles... -- disse sem muita emoção.
Olhei William pelo canto dos olhos e recebi a rajada de frieza do seu olhar. Estava claramente incomodado com o assunto e com toda aquela situação. Depois daquilo resolvi não perguntar mais nada, eu estava exausto e ele também estava. Ficamos um tempo em silêncio vendo as sombras das árvores passar pela sacada do quarto e mover-se lentamente. O vento uivava forte e no primeiro andar estava havendo uma festa animada apesar das circunstâncias temporais. Meu pai não tinha me enchido mais o saco pra nada.
-- Hey Japa. -- chamei-o me lembrando da festa.
-- Hm…
-- Quando é o seu aniversário? -- perguntei afinal o mesmo não tinha redes sociais.
-- Eu faço 18 hoje. - se ajeitou na cama com os olhos fechados. Parecia um vampiro da Ásia. Branquelo e todo sombrio. Espera, 18? Espera mais um pouco, HOJE!?
-- Como assim! Tipo pensei que tinha 17... Você perdeu um ano-- respondi indignado.
-- E você é de menor-- sorriu provocativo.
-- Por que não me contou que hoje era seu aniversário?
-- Você ia me dar um presente? -- Franzi o cenho.
-- Eu não gastaria meu dinheiro com você nem fodendo.
-- Quem falou em gastar? Você pode me dar a sua... -- Parou no meio da frase. Eu sabia que ia vir merda em seguida e por isso eu nem liguei. Acho que já tava me acostumando.
Eu pensei um pouco, porra não era certo fazer o cara me treinar, contar uma porrada de coisa pra mim, e fazer um monte de coisa por mim sem receber nada em troca. Se bem que o que eu estava pensando em fazer estava mais pra eu receber.
Já fazia tempo que eu não fazia sexo entende? E a punheta já não tava mais dando tanto certo assim. Sem pensar muito no que eu estava fazendo, sentindo um calor estranho subir da minha pélvis do nada e meu corpo ígneo responder fechando e trancando a porta do quarto. Eu arriei as calças e tirei a camisa. Coloquei o boné vermelho que estava em cima da cama de forma que a aba reta ficasse pra trás.
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O Garoto Do Boné Vermelho
Teen FictionSinopse: Telepatia: Significa, comunicação direta e imediata entre duas mentes, sem utilização de mediação física, um dos quatro tipos de percepção extrasensorial Heitor Valentini é um garoto perfeitamente normal aos olhos de quem vê. gosta de gibi...