O Heroísmo

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          Pov's Heitor.

Eu estava exausto, totalmente. Depois de ter ouvido aquela lenga-lenga da senhora Cirrato eu não tinha cabeça pra ir trabalhar naquela tarde, mas mesmo assim eu iria porque vida de pobre é vida de pobre

Aquele dia estava mais de que estressante, não estou exagerando. Imagine você estando num ônibus fedendo a "cc" rumo ao trabalho de meio período (escravidão de meio período) onde seu salário é menor do que o salário de um vendedor de balas. imaginou? acrescente uma enorme vontade de mijar. pois é, eu sempre me encontro nessas situações, essa é minha rotina, minha vida.

Não estou me fazendo de vítima, mas acho que ninguém queria estar ali naquele inferno, dentro de um forno daqueles.

   Aquele dia era normal, como os outros, pelo menos era o que eu pensava. A Carmem florista estava lá como sempre, segurando lindas rosas brancas,o senhor Joaquim que permanecia com aquela cara de bunda. O motorista José, não conhecia ele mas vi o crachá. Algumas pessoas que eu não conhecia. eu frequentava aquele ônibus, não era prefeito.

O veiculo parou, mas ainda não ia descer, em vez disso um homem com cerca de quarenta e poucos anos subiu no ônibus e se sentou em um dos bancos vazios do lado de uma moça de cabelos longos cacheados, eu não dei muita importancia. estava distraido olhando pra janela.

"O que vai ser de mim? Deus me ajude... faça esse homem parar... Por que isso tinha que acontecer? eu estou noiva meu senhor..."

Droga... estava acontecendo outra vez. Minha consciência dizia "Heitor, não faça nada estupido, você não é nenhum super-herói".

Olhei ao redor e não ouvi nenhuma resposta depois daquelas palavras, isso só podia significar duas coisas:

(a) Eu tinha ouvido os pensamentos de alguma pessoa... no caso uma mulher

(B) Alguém estava implorando ajuda naquele ambiente e parecia em apuros.

Respirei fundo e tentei me acalmar, as vozes continuavam a soar alto na minha mente, pedindo alto para que alguem fizesse algo. e de repente, varias imagens sujas passaram pela minha cabeça quando eu pisquei os olhos, como um flash. Imagens de uma mulher deitada numa mesa de pedra toda ensanguentada e as outras eram de sexo violento e correntes. então eu deduzi que era um sequestro seguido de estupro e morte. mas não consegui ver nem ouvir nada direito depois dali, os pensamentos das outras pessoas ao redor estavam me deixando confuso.

Procurei por mais alguns segundos, e algumas pessoas notaram que eu estava inquieto, e pelo jeito ninguém tinha notado o tarado e muito menos eu. Foi ai que eu vi um reflexo vindo de um objeto indo direto para os meus olhos, forcei a vista e pude ver uma faca pequena com o cabo sendo pressionado contra a cintura da mulher de cabelos cacheados.

Andei pelo corredor do ônibus e olhei de relance para a morena, ela estava séria mas os olhos pediam ajuda.

"Vou foder essa putinha como nunca fodi ninguém"

A voz máscula me pegou de surpresa, as palavras foram nítidas mesmo com as pessoas ao redor pensando em comprar carros da Wolksvagem. O que eu faria? Já tinha perdido meu ponto nessa brincadeira de ser super-herói, estava rumo a rodoviária agora e alguma coisa me dizia que depois dali aquela mulher nunca mais seria vista.

Olhei pra ela outra vez e ela subiu o olhar e olhou nos meus olhos. O medo dela tomou conta de mim, os meus pelos se arrepiaram e eu senti uma forte vontade de sumir daquele ônibus. segurei numa barra de ferro pra me equilibrar e tentei me manter calmo, sem deixar que meus sentimentos transparecessem. Aquela expressão nojenta me irritava, aquele sorrisinho estampado na cara, estava cheio de si pelo jeito. pena que eu ia cortar seu barato.

O Garoto Do Boné VermelhoOnde histórias criam vida. Descubra agora