Bem... Digamos que eu tenha sido muito "precipitado" em levar William. Ele não calava a boca o que tornou uma viagem de 5 minutos um inferno. Ele dizia "Não deveríamos estar fazendo isso", "A gente vai acabar morrendo". O que eu tenho a perder...? Droga, pensando nisso, eu não quero perder meu play quatro, Se eu morrer a minha mãe vai com certeza dar pra um primo qualquer que não vai ter o mínimo cuidado com ele. Já viu Toy Story? Pois é, eu sou o Andy versão evoluída, e meu play quatro é o cowboy gostosão.
Porra Heitor! Se concentra! A gente já tava na frente do lugar esquisito quando eu parei de pensar em merda. Uns senhores bêbados passaram cantando MC Bin Laden, mas eu decidi ignorar. Essa terceira idade ta muito avançadinha pro meu gosto.
— Anda! – Eu falei no automático.
— Por que eu primeiro? – O asiático parecia incrédulo.
— Porque você é filho de policial!
— Mas o que isso tem a ver?
— Anda logo e para de arregar. – Eu o empurrei de leve contra a grade de metal.
— Você me paga por isso...- Ele sussurrou.
William era ágil, ágil demais... Parecia aqueles ninjas dos filmes do Jackie-chan só que mais bonito que eles. Bem, pelo menos ele não me atrasaria. Eu me surpreendi quando ele se afastou e pulou na grade se agarrando nela, seus músculos flexionaram e ele pulou o metal facilmente.
— Ótimo... – Ele limpou os ombros como se tivesse alguma coisa no seu moletom. – Agora é sua vez...
Com um pouco mais de dificuldade que ele eu pulei a cerca do mesmo jeito e acabei caindo de costas na areia vermelha, William estendeu a mão pra me ajudar a levantar só que eu neguei e me apoiei na grade mesmo... O que foi? Não vou ser humilhado por esse cara só porque ele veio da China e lutou Kong-fu com o Jaden Smith.
— Beleza, você não acha melhor a gente se separar?
— Não. – Ele falou seco. – vamos continuar juntos.
— Se ele vir você grita, E eu venho te salvar. – O maior sorriu o que me deixou desconfortável por um instante.
— Ta preocupado comigo, é?
—Não, só tinha esquecido que você é um cretino que merece uma morte lenta e dolorosa.
— Não seja assim... – Um barulho estranho vindo de trás da casa de madeira deixou a gente tenso e paralisado por um instante. Sim, eu não mencionei, mas havia uma casa e era de madeira, sem janelas ou saída de ar. O resto do extenso terreno baldio era mato. Nós nos entreolhamos e cada um foi pra um lado do terreno na intenção de fechar a casa. De repente eu senti um cheiro de... Álcool?
A cada passo que eu dava o cheiro de álcool ficava mais forte, e logo antes de chegarmos à porta da casa tudo começou a queimar magicamente. Digo, não tudo... Mas boa parte do mato. William disse algo que eu não ouvi direito então arregalou os olhos (Juro que nunca os vi tão grandes) e me puxou para junto de seu corpo num movimento muito rápido, nós caímos, eu encima dele tentava entender o que estava acontecendo.
— SAI! – Ele gritou e me empurrou para o lado e eu caí na grama. Olhei pra cima e pude ver o rosto atormentado de um homem. Ele segurava um alicate enorme nas mãos manchado de sangue e seus olhos passavam loucura. O maxilar dele estava tenso e as veias apareciam na testa. Naquele momento eu percebi no quão burro eu fui, e no quão burro eu sou. Vou morrer e vou levar William comigo. Eu senti um medo tão forte que minha vontade foi sair correndo dali o mais rápido possível.
William pode desviar de seu ataque a tempo, mas quando se levantou ele foi atingido nas costas.
Primeiro ele vai dar uma cotovelada na orelha do Will, o que vai deixar o asiático no chão, Depois ele vai tratar de acabar comigo já que não precisa se preocupar porque eu to em estado de choque. Depois disso, ele vai nos por dentro da casa e vai queimar todos nós ainda vivos. Vai tratar de curar um machucado que a moça morena fez... Ela deixou uma marca bem forte de todos os seus dentes no seu antebraço, mais um pouco e ela acabaria arrancando um pedaço dele.
Ora...Ora...Ora... Ele é louco, mas ainda pensa.
Foi como eu antecipei. O assassino tentou dar uma cotovelada no William, mas antes disso ele recebeu uma rasteira perfeita. Ou melhor dizendo, um Carrinho perfeito que fez ele cair no chão de costas. Não pensei duas vezes e subi em cima do homem. Ele se debateu e acertou dois socos seguidos no meu rosto, Eu não podia simplesmente segurar os braços dele já que se tratava de um homem ali, então eu fiz uma coisa covarde. Arregacei as mangas dele enquanto ele se debatia e puxei a mordida arrancando um pedaço do seu braço. Ele gritou e então eu enfiei na pele dentro da boca dele.
William gritava alguma coisa que eu não entendia muito bem, não estava ouvindo direito nem sentindo nada direito e algo me dizia que quando eu pusesse os pés no chão o bagulho ia ficar louco.
Ele balbuciou com a carne dentro da sua boca, minhas mãos faziam força contra o seu lábio para que ele não cuspisse nada. Eu faria aquele filho da puta pagar por tudo o que fez, faria ele comer seu próprio corpo imundo. Foi pensando nisso que não pude notar William se aproximando, ele socou o rosto do Homem deixando-o inconsciente.
Minha respiração estava descompassada e meus olhos arregalados para o que tinha acabado de acontecer. William me olhava e parecia menos apavorado que eu, ele parecia estranhamente calmo e pusera sua mão no meu ombro para me reconfortar. O que ele ganhou foi um olhar rápido e os minha mandíbula cerrando os meus dentes contra a minha vontade. Nada foi dito, Aqueles momentos foram apenas segundos, mas pareciam horas. E foi naquela calmaria toda que eu ouvi um grito de uma mulher ao longe. Tentei enxergar, mas tudo o que eu vi foi o fogo se alastrando pelo lugar.
O grito de agonia continuou e me libertou do meu transe, Eu voltei a ver com mais clareza e a escutar também. Corri para a casa de madeira e William não me acompanhou, estava ocupado vendo se achava um vestígio de batimento cardíaco no homem caído no chão. Eu parei no batente da porta de madeira e vi a mulher nua tentando fugir do fogo se arrastando. Suas costas estavam queimadas e ela estava chorando.
Mulher chorando corta meu coração...
Continua....
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O Garoto Do Boné Vermelho
Teen FictionSinopse: Telepatia: Significa, comunicação direta e imediata entre duas mentes, sem utilização de mediação física, um dos quatro tipos de percepção extrasensorial Heitor Valentini é um garoto perfeitamente normal aos olhos de quem vê. gosta de gibi...