Não Me Conheço

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Depois de ser ignorado pelo energumênico, infeliz, vagabundo, escroto, idiota, cuzão, Falso do caralho, Pervertido, Sem cérebro! COMEDOR DE TORTA!

Comedor de torta?

Que se foda! Eu o odeio! Quem ele pensa que é? Depois de tudo o que aconteceu ele tem a audácia de fingir que eu não existo? Eu não aceitarei isso de jeito nenhum! Eu quero mais explicações, Quero saber mais sobre ele... Quero ter um semelhante perto de mim...

Ele é a única pessoa que eu encontrei que é parecida comigo, e eu desperdicei a chance de tê-lo como amigo...

Parei os passos apressados e encostei num poste inclinado que ficava próximo a minha casa, limpei os restos de torta de limão grudados no meu rosto, observei vagamente os pingos de chuva. Por algum motivo aquilo era estranhamente perturbador.

Acho que acabei me acostumando com seus pensamentos sujos e sua presença irritante. Em meio a aquelas gotas doces que caiam sobre o meu rosto, uma corria teimosa, uma era salgada...

Droga...

—Manhê! Tô com fome! - Entrei em casa gritando, todo molhado de chuva, eu sabia muito bem que ela odiava isso. - Mãe? - Reforcei depois de alguns minutos sem resposta e fui caminhando até a cozinha.

Tinha uma carta pendurada na geladeira, na verdade era mais um papel rasgado e torto do que uma carta.

"Fui fazer despesa. Arrume o seu quarto ainda hoje. Não esqueça de fechar as janelas antes das oito da noite se não os mosquitos entram e fazem a festa. Tem lasanha na geladeira.

Beijos meu neguinho! Mãe ama você!"

Não pude evitar de sorrir com as atitudes dela. Dobrei o papel cuidadosamente e guardei-o no bolso de trás da calça.

Bom, digamos que eu tenha feito tudo o que ela mandara, mas arrumar meu quarto foi quase uma missão impossível. Eu tinha medo de tocar nas coisas, medo de entrar naquele quarto. Eu achei uma coisa orgânica lá dentro que tava tão velha e viscosa, era de textura verde e eu juro que vi aquilo se mexer. JURO!

Mas, pelo menos, arrumar o quarto distraiu a minha cabela. Eu odiava ficar sozinho em casa porque eu sempre caia num tédio profundo e me sentia aqueles obesos mórbidos que nem ao menos sair da cama eles conseguem.

Se bem que alguns dias atrás eu estava exatamente assim e nem reclamava.

Abaixei a cabeça na mesa do computador e brinquei com os botões do teclado pensando que a máquina estava desligada. De repente, o monitor ligou e lá estava o site.

Ele chegara a reluzir como se fosse algum tipo de salvação divina enviada para tirar o tedio alheio. Logo, sorri de canto, endireitei a postura e alonguei os braços.

—Hora de fazer homenagens! - Exclamei um pouco mais alto do que deveria, mas que se foda! Eu estava sozinho afinal de contas.

Percorri o famoso XVIDEOS observando atentamente as mulheres vulgares e as fodas em miniatura, aquilo tudo parecia tão monótono, repetitivo. A deliciosa mesmice de sempre! Aquilo já era tão habitual que eu me tornei algum tipo de crítico ou algo assim.

Abri um vídeo do qual continha uma loira de seios fartos e uma bunda não tão grande, mas perfeita e redondinha. O rosto dela... bem, era rosto de atriz pornô, pra mim todos são iguais.

Abaixei o zíper e coloquei meu membro pra fora. Subi os óculos que caiam teimosos no nariz e abri as pernas. Suspirei sentindo a mão gélida no membro flácido, o meu vai e vem era calmo e não muito apressado.

O Garoto Do Boné VermelhoOnde histórias criam vida. Descubra agora