Cobrindo e Descobrindo

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O GAROTO DO BONÉ VERMELHO. CAPÍTULO 25

O Japonês com uma cara de laranja azeda alisando o seu queixo, mirava de vez em quando a janela do quarto e depois os olhos se voltavam a mim, era nítido sua inquietação diante daquela confissão, se mantinha sentado na cama mas o que passava pela sua cabeça era se levantar e me chacoalhar.

Literalmente.

- Está insinuando que os seus sonhos e espasmos de preocupação ultimamente tem a ver com uma casa abandonada numa clareira?

- Eu sei que é difícil de acreditar, mas sim...- Respondi pela milésima vez.

- E da onde você tirou essa conclusão?

- É apenas a porra de um instinto, tá bom? Não precisa acreditar se não quiser...É só que eu estou me sentindo como nunca antes, essa coisa de se sentir observado o tempo todo e essa síndrome de perseguição não tem muito a ver comigo. - O japa assim suspirou.

- Bom. - colocou a mão sobre o meu ombro buscando me confortar. - Eu estou aqui para o que der e vier, se você precisar da minha ajuda... Eu só não sei andar a cavalo. - Sorriu contagiante como a luz do sol em uma manhã nebulosa.

- Não se preocupa, eu te levo princesa... - Sorri não me contendo.

- Júnior! - Ouvi meu pai me chamar, desde que eu cheguei o único momento de paz qe eu tive foi quando andei a cavalo e mesmo assim fiquei todo cagado de barro. - Se você já se aprontou venha cumprimentar seus tios!

Bufei em manifesto enquanto a Branca de neve me encarava com aquela cara cínica de quem está segurando a risada. Tinha acabado de sair do banho e me encontrava despido da parte do torso, vesti uma camisa social branca, um boné vermelho, e um tênis preto.

- Se liga sua puta, - William sorriu de forma sacana o que fez os piercings pularem de sua boca. - Vê se você se arruma logo porque vamos sair depois que eu cumprimentar os meus tios.

- Claro, "bae".

Ao descer as escadas do casarão me deparei com aquela velha e típica família totalmente desunida que só finge que se importa porque estão interessados na fortuna que a vovó vai deixar depois que morrer e precisam de algum argumento pra jogar na cara de alguém, do tipo: "Mas eu ia vê-la em todas as suas festas de aniversário. Não generalizando todo mundo é claro, mas os meus primos não mudaram em nada e continuavam pensando desta forma. Menos Yago que cumprimentava a todos com a cara mais falsa do que nota de três e cinquenta, eu não fazia diferente, na verdade, acho que a partir de certo momento começamos a competir para ver quem era mais falso com todo mundo.

Não preciso nem comentar de como era a relação dos meus primos e a minha telepatia, afinal como eles conseguiam me tirar do sério facilmente acabou que a telepatia ficou extremamente mais violenta na infância.

Em meio á aquele falatório pude ver minha avó sentada num canto toda pensativa e não fiz menção de deixá-la ali por muito tempo.

- Vó, o que a senhora tá pensando aí hein? - Ela então forçou um sorriso minimamente triste e pôs se a falar com a voz mais doce do mundo.

- Suzana, minha filha, não veio me ver... gostaria que ela estivesse aqui e que eu pudesse confortar o coração dela, afinal eu já perdi muita gente e sei como ela se sente mesmo que pouco... - Suspirou triste e eu assenti com a cabeça dando a ela toda a atenção. Não haviam mais dúvidas pra mim, lembro-me que minha tia estava sempre ocupada devido a saúde frágil de sua filha.

- Vovó... não pense muito nisso, afinal amanhã é o seu dia. - Dei a ela um beijo na bochecha e ela retribuiu com a ternura de suas mãos. Nós trocamos olhares mais uma vez e eu então saí indo em direção a Yago.

O Garoto Do Boné VermelhoOnde histórias criam vida. Descubra agora