Acordei com os raios de sol invadindo a janela do quarto e passeando pela cama. Minha mente estava limpa e eu sentia aquela estranha felicidade alheia de uma garotinha. Me espreguicei e me sentei na cama não notando o ser japonês deitado ao meu lado. Levei um susto, claro, mas depois de ver como ele dormia serenamente eu não senti medo algum. Estendi a mão para afagar a cabeleira negra e assim acordá-lo.
E quando os meus dedos estavam próximos aos fios negros. A cabeça virou 360° lentamente me deixando paralisado, minha respiração falhou e assim ele abriu os olhos me encarando como se fosse arrancar uma parte do meu corpo. Sorria sadicamente como se eu estivesse o divertindo.
Ele abriu a boca e a essa hora o meu coração já batia no mesmo ritmo que meu cú piscando. Os olhos azuis que me encaravam, agora virados me faziam sentir pavor. E então ele pronunciou as palavras demonicamente.
- VAI, TACA... TACA, TACA, TACA, TACA.
- AH! PORRA! VAI SE FODER! - Abri os olhos e coloquei minha mão no peito sentindo as batidas do meu coração soarem como bateria de escola de samba.
A cama estava molhada devido ao suor do meu corpo, minha respiração descompassada acompanhava a minha tremedeira. Parecia que eu tinha acabado de sair convulsionando de uma maratona.
Minha visão turva ficou melhor depois de alguns minutos tentando me acalmar. Então eu pude acordar "de novo" no quarto do William e ter mais um ataque de pânico. As persianas estavam cobrindo a janela e nenhuma luz entrava, o quarto era iluminado apenas por um abajur.
Pensa na dor de um cara que foi atropelado por um caminhão e devorado por zumbis comedores de cérebros. Pensou? Pois é... Era mais ou menos assim que eu tava me sentindo. Minha boca tinha o gosto da morte de um urubu e eu me sentia bem, bem BEM sujo.
Passei as mãos pelo rosto tentando esquecer do sonho que eu acabara de ter. William cantava a musica de uma forma tão assustadora que seria muito milagroso se eu conseguisse dormir depois dessa porra. Não me leve a mal, não era de hoje que esse imbecil me atormentava no meu sono precioso. Já fazia semanas que eu não dormia direito e isso tava me preocupando muito. Não que eu seja medroso, mas sonhar com um cara que quase te estuprou virando a cabeça estilo menina do Exorcista e ainda por cima cantando Funk não era pra qualquer um. Acredite.
Falando em funk, O Som de "Bumbum Granada" acabava e "Malandramente" ecoava por toda a casa fazendo as paredes tremerem.
Sim, ou a festa não tinha acabado ou... A festa não tinha acabado.
Bem, não importa. O problema agora era explicar pra minha mãe o porquê de eu ter chegado tão tarde. Com certeza quando eu virasse a esquina eu veria o FBI, a CIA, A NASA, A INTERPOL, O BOP, O Esquadrão Suicida, O homem Cueca e a Mulher maravilha na frente de casa... E eu não to exagerando. Então para talvez amenizar as conseqüências do meu ato de ter dormido na casa do William sem aminha coroa ficar sabendo, eu acabei tirando força do orifício anal e levantei da cama cambaleando parecendo um doente.
O que eu percebi depois de pensar na minha mãe era que eu tava sem o um celular (quase nu). Sem os meus óculos. Sem as minhas roupas e usando um samba canção do Bob Marley que era bonito, mas não era meu. Se eu entrei em pânico? Não... Só arranquei parte do meu couro cabeludo fora e bati a cabeça na parede varias vezes repetitivamente.
Meu óculos eu encontrei enquanto minha testa transava com a tinta da parede. Milagrosamente eu achei ele e já era um começo. não?
Caminhei até o banheiro feito um morto-vivo e dei a melhor mijada do mês. Meu pau virou meu psicólogo, Mijando eu liberava não só todas as impurezas e as proteínas não utilizadas pelo meu corpo, como liberava também as minhas frustrações. Como se os meus problemas todos fosse jogados na privada. Louco né?
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O Garoto Do Boné Vermelho
Teen FictionSinopse: Telepatia: Significa, comunicação direta e imediata entre duas mentes, sem utilização de mediação física, um dos quatro tipos de percepção extrasensorial Heitor Valentini é um garoto perfeitamente normal aos olhos de quem vê. gosta de gibi...