Capítulo 1

28.6K 1.3K 139
                                    

Trim...

Trim...

Trim...

Maldito despertador! Essa coisa não é de Deus.

Levanto as 6:00 horas da matina, sim pra mim esse horário ainda é madrugada. Vou em direção ao banheiro me arrastando, ligo o chuveiro e ponho primeiro um pé, em seguida o outro, crio coragem... é agora, entro de baixo d'água de uma vez e começo a pular, porra tá muito gelada.

Saio, visto uma saia lápis preta, com uma blusa social branca, blazer preto e scarpin preto com a sola vermelha. Tomo o líquido dos deuses ( café ), com algumas torradas de alho, pego meu carro e vou pro trabalho.

Chego no consultório do Doutor Alessandro Begot, um belo moreno com um sorriso malicioso.

Sou secretária desse cretino, pensa em um filha da puta muito escroto? pensou? pois é, ele é pior. Nada agrada o babaca, todo dia ele arranja algo em mim para crítica.

Ele já falou do meu perfume.

— Que perfume é esse, Emília? Não chegue muito perto de mim, esse cheiro está me dando enxaqueca.

Babacão!

No outro dia foi a vez dos meus sapatos. Estava adentrando na sua sala com uns enxames que ele pediu.

— Droga Emília, esses sapatos são de sapateado? Fazem muito barulho, estão me desconcentrando.

Acredita que o palhação falou até da minha letra?

— Emília, o que você acha de fazer caligrafia? até uma criança do maternal escreveria essas receitas com a letra mais decente que a sua.

Fodido, mil vezes F O D I D O!

Dou um bom dia para a recepcionista, pego o elevador e vou para minha mesa. Dou uma olhada para ver se o anticristo chegou, percebi que não.

Começo a organizar os nomes de seus pacientes de hoje, os poucos minutos que fiquei olhando para tela do computador fez a minha cabeça lateja, pego a capinha do meu óculos que, por um descuido, cai no chão. Me ajoelho para pegar, fico numa posição um tanto quanto exposta, na real fiquei de quatrão mesmo. Escuto alguém limpar a garganta, quando vou levantar, de quebra, bato a cabeça na mesa.

Caralho! doeu pra porra.

— Isso são modos de se porta, senhorita Souza?

Diz Alessandro impassível.

— Desculpe Doutor, é que meus óculos caíram e...

— Poupe-me das suas desculpas, Emília. — ele me interrompe — apenas não quero que se repita, certo?

Aperto os punhos até sentir minhas unhas cravarem em minha carne.

— É claro, Doutor.

— Traga meu café em 10 minutos.

Filho da puta, filho da puta, filho da puta!

Desço alguns andares para ir até a cafeteria. Pego o maior copo, preparo do jeito que ele gosta: café preto sem leite, sem creme, com açúcar, o babacão diz que adoçante é coisa de mulher. Olho pro café... o café me olha... isso pode ser até infantil, mas vou cuspi nesse café, e é agora. Peguei aquela saliva lá do fundo da garganta com vontade, fiz isso duas vezes, e cuspi, misturei bem para ele não perceber.

Pronto. Está perfeito. Subo e bato na porta de sua sala.

— Entre. — ele diz com sua voz seca de sempre.

Deixo o café em cima da mesa, com os alguns lencinhos de papel.

Viu como eu sou prendada?

— Aqui está, mas alguma coisa, Doutor?

— Não, pode ir. — ele diz sem tirar os olhos dos papéis.

Vejo ele dar um gole no café, e sorrio internamente.

Eu me orgulho disso? Nem um pouco!

Se eu faria de novo? Mas é claro que sim!

Me viro para sair, e quando estou quase na porta...

— Espere Emília. — ele ordena.

Gelo.

Porra, será que ele descobriu? Merda, agora deu zebra.

Mas eu não vou descer do salto.

— Pode falar, Doutor.

Ele me olha, um olhar bem sagaz, tira seus óculos de grau e fica me analisando por alguns segundos que mas parecem minutos, horas... Merda, sinto suor descer pelas minhas costas.

Então ele coloca os óculos novamente e solta.

— Esqueça senhorita Souza, pode se retirar. — Ele fala e volta a atenção para os seus papéis.

Solto o ar que nem sabia que estava segurando.

Que doideira.

Estava quase dando 19:00 horas, estava acabada, Alessandro teve muitos pacientes hoje. Ele pode ser um cretino, mas é um excelente profissional.

Desligo o computador e começo ajeitar minha minhas coisas na bolsa. Escuto um barulho de unhas se chocando contra minha mesa, olho pra cima e vejo uma bela morena.

— Boa noite. Posso ajuda-lá? — pergunto.

-
— Sim. Quero falar com o Alessandro.
— ela diz me olhando de cima para baixo.

— Ah sim, vou comunicar que a senhorita está aqui. — Digo pegando o telefone.

Ele segura minha mão bloqueando meu gesto.

— Não é preciso, sou a namorada dele, querida. Vim fazer uma surpresa. — Ela diz e vai em direção a sala dele e entra. Merda talvez o Alessandro fique com raiva, pois não comuniquei a entrada da tal morena, mas porra não é a primeira vez que uma mulher vem aqui atrás dele. Muita das vezes ele parece gostar bastante das visitinhas no consultório, escuto gemidos, palavras sujas, coisas caindo no chão. Uma vez eu vi uma calcinha em cima de sua mesa, e quando ele percebeu que eu tinha visto, pegou a mesma e colocou no bolso da calça, como se nada tivesse acontecido.

Que cínico.

Saio do consultório, entro no meu carro e piso fundo em direção à minha casinha. Chego, e vou jogando meus sapatos na sala. Tomo meu banho, me enxugo, como alguma coisa e vou dormi. Amo dormi nua, é confortável, fresquinho, e acordo me sentido poderosa. Fecho os olhos e nem percebo quando caio no sono.

*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*

Foi VocêOnde histórias criam vida. Descubra agora