Eu sempre fui muito tímida, e eu odiava isso em mim na adolescência, na verdade eu ainda odeio, porque essa timidez não se encaixava na personalidade que eu queria ter, visto que eu almejava ser igual a minha mãe, forte e decidida, sedutora e misteriosa quando se tratava de homens, uma deusa, e eu cheia de vergonha e insegurança, o que me deixava furiosamente louca. Eu sempre disse firmemente para todos a minha volta que sou uma mulher forte e inabalável, mas não é verdade, choro em filmes de romances idiotas, me importo com as pessoas, à ponto de colocar alguém que conheço á menos de um mês em um enorme e íngreme pedestal, choro quando brigam ou gritam comigo e choro quando me magoam mesmo que seja por uma coisa insignificante. Parando para refletir eu sou uma sentimental, muitos dizem que isso é uma qualidade, eu não concordo, eu não suporto isso, porque tem um homem na minha frente visivelmente chateado que não para de me olhar, enquanto eu só penso em virar o rosto pois estou com vergonha e uma puta vontade de chorar.
Alessandro tem que viver vendo o amor da vida dele em uma condição lamentável, tendo um filho, o fruto desse amor, que passa por essa barra também. A vida é mesmo cheia de surpresas. Há alguns meses eu nunca poderia imaginar que tudo isso aconteceria na minha vida, eu riria na cara de quem tentasse me convencer do contrário, porque eu não me dou bem com mudanças inesperadas, principalmente na minha vida amorosa, eu surto completamente e cabo fazendo merda uma atrás da outra acreditando fielmente que estou fazendo o melhor para mim, contudo eu estrago tudo e me martirizo da forma mais cruel possível, acabando comigo mesma.
— E como é que o César lida com tudo isso? — Pergunto enquanto acho um ângulo mais confortável para o meu traseiro, pois estou sentada no chão na frente de Alessandro.
— Ele é simplesmente perfeito. — Meu chefe responde sorrindo descretamente. — Ele não se abala por qualquer coisa, já viu a mãe surtar diversas vezes, mas ele fica lá como uma fortaleza, ao contrário de mim... Me diz, Emília, você acha que eu sou um pai ruim?
Prendo a respiração devido essa pergunta repentina, então levanto-me do chão bem rápido.
— E-eu não sei como te responder isso, Alessandro. — Digo coçando a cabeça nervosa.
— Vamos lá, agape mou, você consegue.
— Bom, eu... eu acho que você não da muito atenção para o César, e ele fica sentido por isso. — Fico sem graça por me meter em algo tão pessoal, mas foi ele que perguntou, né?!
— Ele disse isso? o que mais ele disse?
— Ele não disse nada, é apenas a minha opinião.
Alessandro levanta-se devagar de sua poltrona nos deixando frente a frente. Seus olhos cor de mel estavam tristes e perdidos, carregando uma carga emocional muito grande, poderia jurar que naquele momento eu queria dividir toda aquela dor com ele, para não o ver sofrer tanto, porem, cada um tem o seu fardo para sustentar e ninguém pode fazer nada quanto a isso.
— Você é realmente muito linda... ela disse que você seria. — Ele observa cada pequeno traço do meu rosto como se eu fosse um tipo de lembrança. — Vocês duas são tão diferentes, isso é nítido.
Uma lágrima desce como um desastre de seu olho, borrando aquele rosto lindo.
— A Cristina disse isso, Alessandro? — Instigo colocando a mão em seu peito quente.
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Foi Você
RomanceEmília, 25 anos, alta morena e gordinha. Trabalha como secretária para Alessandro Begot, um cirurgião muito conceituado e respeitado, porém ele é um homem muito amargo e grosso, um verdadeiro cretino. Emília recebe uma proposta tentadora de seu chef...