Capítulo 14

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Por Alessandro Begot

— Eu já disse, mãe. Não se meta na minha vida, por favor! — Passo a mão nos cabelos pela milionésima vez.

— Eu me meto sim! — Minha mãe rosna ao telefone. — Você precisa de uma mulher, meu filho. Alguém para amar, te fazer carinho, para construir um futuro. Você precisa superar. Você sabe que não tem mais jeito... — Afasto o celular do ouvido e respiro fundo. Não aguento mais brigar com a minha mãe pelo mesmo motivo de sempre.

— Mãe escute eu... — Coço a barba pensando em um jeito sensato em dar a notícia para dona Alícia. — Estou namorando. — A linha fica muda. Olho a tela do telefone para ver se a ligação caiu. — Mãe? A senhora está me ouvindo? — Ouço um grito do outro lado. Quase fiquei surdo.

— Oh, meu Deus, filho! Isso é uma maravilha! Uma bênção! — Minha mãe berra como se estivesse ganho na loteria. — Você tem que traze-la aqui, para conhecermos a escolhida.

— Eu não acho que seja uma boa...

— Você não tem que achar nada, garoto! - Ela me interrompe ferozmente. — Ou você traz ela aqui ou vamos aí. Você decide. — Bufo frustrado. As únicas pessoas que conseguem o que querem de mim são as mulheres da minha vida: minha mãe e a minha irmã.

— Tudo bem. Vamos estar aí amanhã.

— Perfeito. Vou preparar tudo pra vocês. Beijos... — Desligo. Encosto-me na minha cadeira e coloco as mãos no rosto. Passei a noite em claro pensando em várias garotas para ter a honra de ser -ou fingir ser- a minha namorada, só para minha mãe me deixar em paz de uma vez por todas.

Um whisky doze anos me fez companhia enquanto eu analisava o que fazer, minha mente insana voltou-se para a figura voluposa de minha secretária. Meus lábios se curvaram em um sorriso presunçoso, Emília não é e nunca será como as garotas com quem eu transo, ela muito simples e sem muitos atrativos, contudo, nunca vira uma mulher tão prestativa e eficiente. Emília vai ser a minha namorada de fachada. Ela não vai recusar o meu pedido. Ela nunca recusa.

Já está decidido. Não vou pedir esse favor para as mulheres com quem eu trepo, algumas são estúpidas demais, outras nem sabem embarcar em uma conversa decente, são mulheres vazias, iguais as suas mentes. Emília sempre sabe o que dizer. Ela é bonitinha, talvez fosse mais se parasse de usar aquele coque horrível.

Decido chamar Emília para conta a novidade. Sinto-me nervoso, não me sentira assim desde quando perdi a minha virgindade há anos atrás. Quando fiz a proposta para Emília ela teve a petulância de recusar.

— O que? Você bebeu? — Como essa mulher ousa me perguntar tamanho ultraje? — Não posso ser sua namorada . — O que? Quem ela pensar que é para negar-me algo?

— Não é um namoro de verdade, Emília. — Digo seu nome com desdém proposital. — Quero que você apenas finja ser. Será que você pode fazer isso? — Termino a minha interrogativa. Emília vem com sete pedras nas mãos, pois, em um equívoco de minha parte, acabei por dizer que ela não era a minha melhor opção. Eu podia jurar que ela queria voar no meu pescoço. Emília insultou até as mulheres com quem eu saio. Tratei de bota-la em seu devido lugar.

— Fale direto, Emília. Você ainda está no meu consultório, eu sou seu chefe. — Implico como se estivesse repreendendo uma criança que fizera algo errado.

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