Capítulo 22

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Já se passaram vinte minutos, e eu não consigo parar de encarar os meus pés. O jato de água morna massageia os músculos tensos de minha costa enquanto aperto os olhos em tormenta, meus sentimentos estão uma completa confusão, eu sou uma confusão, e das piores. Sempre transei com caras casualmente e esquecera deles depois, como se eu nunca os estivesse visto antes, pois era uma coisa normal para mim, só que agora uma sensação duvidosa está impregnada no meu peito, e eu não faço a mínima ideia do que seja, e para completar meu coração resolveu que não vai parar de acelerar toda vez que eu lembro da minha boca na de Alessandro, eu tento mandar o comando para o meu cérebro esquecer, ou pelo menos guardar a sete chaves, as sensações que aquele homem me proporcionou, porém é em vão.
Coloco a mão na chave d'água para aumentar a intensidade do calor, vou aumentando devagar... devagar... devagar... sinto minhas costas quase em chamas, mas eu preciso esquecer que eu quero meu chefe de um jeito diferente, preciso me concentrar em outra coisa, o vapor no banheiro sobe deixando o vidro do boxe embaçado, mas eu continuo a aumentar a quentura da água... aumentar... aumentar... A sensação que tenho é como se eu não estivesse em meu corpo, porem eu observava tudo por cima, uma mera espectadora.

— Emília... — Uma voz de fundo um pouco abafada surge. — Emília, você está bem? — A voz é misturada com as batidas na porta empurrando-me do meu transe.

Afasto-me rapidamente da água que já queimava a minha carne. Nervosa, cubro o rosto com as mãos envergonhada pelo o que eu acabara de tentar fazer. Não acredito que está acontecendo de novo!

— Sim eu... estou bem. Já vou sair.

Desligo o chuveiro e espero o vapor cessar, cubro-me com um roupão branco felpudo enquanto saio do banho. Alessandro estava sentado na cama mexendo no notebook com seu óculo de grau; concentrado, ele nem percebe quando saio do banheiro. Enxugo-me e pego uma camisola preta de algodão no armário. Vestida deito-me ao lado dele sem dizer uma palavra, eu simplesmente não sei o que dizer, estou tímida, isso deixa-me ainda mais apavorada. Abro minha boca em alguns momentos na tentativa de dizer alguma coisa que preste, toda via opto por ir visitar o João pestana no reino dos sonhos.

— Por deus, Emília, o que foi isso nas suas costas? — Alessandro instiga passando os dedos em cima da minha pele ardida.
Estremeso com o seu casto toque, e não foi pelo fato de o local tocado esteja sensível.

— É... eu... exagerei um pouco na temperatura da água.

— Isso está muito vermelho. — Sinto a cama se mexer. Alessandro se afasta, mas eu não sei o que ele foi fazer pois ainda não ousei olha-lo. — Calma, vou passar uma pomada em cima, agape mou.

O colchão atrás de mim afunda, meu chefe abaixa um pouco a alça de minha camisola para ter mais liberdade quando passar o remédio. Sinto algo emoliente e gelado se espalhando no meu ponto dolorido, ahhh... fecho os olhos amando aquele geladinho, só que como meu lado sentimental está dando uma surra em meu lado racional concentro-me no calor vindo de Alessandro, minha imaginação começa a borbulhar feito um cadeirão de uma bruxa má, eu nunca entendi muito sobre atração ou química corporal, para mim isso tudo é a mesma coisa que tesão, ou pelo mesmo era, qualquer toque, o mais banal e trivial possível ativa algo inédito dentro de mim, algo que eu não consigo compreender, e isso, de uma certa forma, me deixa intrigada e apavorada ao mesmo tempo.

Sim, eu sou uma covarde. Tenho medo de dar-me ao luxo de ser controlada pelos sentimentos inconsequentes que o coração tanto instiga a fazer, sou uma mulher lógica, sempre fui assim, Alessandro não me dar motivos para criar espectativas ou sentir coisas além do carnal, então pra que criar fantasias desnecessárias que só vão me foder depois? Só porque um órgão teimoso decidiu que quer me persuadir a sentir algo além do esperado? Não. Não vou deixar que um tesãozinho novo estrague minha sensatez. Tesão. Porque é só o que essas sensações estranhas representam para a minha massa cinzenta.

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