Capítulo 8

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De volta à casa dos Begot. Alícia foi para um lado e Giulia para o outro. Vou até a cozinha pegar um copo d'água, tomo tudo de uma vez, apoio as minhas mãos na bancada e abaixo a cabeça.

— Meu Deus, como eu vou fazer esse homem se apaixonar por mim? — Falo sozinha.

Faz anos que eu não flerto, faz anos que eu não seduzo, faz anos que eu não dou uma boa trepada, e porra, faz anos que eu não sou mulher. Eu simplesmente me perdi no meio do trabalho, das minhas obrigações. Antes de focar na minha tarefa eu preciso me encontrar novamente, preciso ser quente e ousada, provocadora e safada. E eu sei quem pode me ajudar: Giulia.

Lavo o copo, enxugo e guardo. Assim que estou saindo da cozinha escuto Alessandro falar com o seu filho. Me escondo.

— Mas o senhor prometeu que me ajudaria com as músicas.

— Filho, eu sei que eu prometi, só que eu tenho que resolver uma situação agora. Quando eu voltar eu posso...

— Não tudo bem. Pode ir, não quero mas a sua ajuda, pai. — César diz a palavra "pai" com uma certa ironia. Alessandro suspira e esfrega os olhos.

César subiu as escadas sem esperar a resposta, na certa ele quer chorar.

— Problemas no paraíso? — Digo assustando-o.

— Porra, Emília, não faça mas isso. — ele diz esfregado o peito.

Que dramático.

— Foi mal aí, donzela.

Ele nada diz e vai em direção a porta.

— Aonde você vai as 15:35 da tarde?

— Pra casa do caralho. — o babaca diz bem alto.

Calma Emília, respira... não jogue esse lindo vaso de flores na cabeça dele. Dou 10 pulinhos e balanço as mãos, isso sempre me acalma.

Enquanto subo as escadas, escuto uma melodia muito bem trabalhada pairando no ar. Parece ser piano. Vou seguindo a música, que vai se tornando mais intensa a cada passo. Chego à uma sala com uma janela de vidro que vai do chão até o teto, logo dar uma luminosidade divina ao espaço, a sala tem um tom de marrom escuro e há um piano bem no centro, e... espera, é o César que está tocando. Me encosto no batente da porta e fico escutando-o tocar. O garoto tem uma destreza invejável, e uma suavidade esplêndida. Porém, percebo que ele não se conectou com a música, está superficial.

Assim que ele termina eu bato palmas.

— Nossa, você é muito talentoso.

— Quem te deu permissão pra entrar aqui? — ele diz sem me olhar. Na verdade ele nunca me olha.

— Não sabia que precisava de permissão.

— Bem, agora você sabe. — Meu Deus, esse garoto é um nine Alessandro.

— O que você estava tocando?

— Uma coisa chamada: não é da sua conta.

— De que ano é essa música? — ignoro sua petulância.

— Escuta, você não precisa se fingir de boazinha comigo, ok? Não adianta, não vou falar bem de você pro papai só pra ganhar pontos com ele. Então pode para com esse papo de boa moça. - meu Deus, esse menino não é do bem.

— Mas eu não...

— Só saia. Eu preciso praticar em paz.

Ele começa a tocar novamente. Deixo ele sozinho, não vou forçar essa barra... por enquanto, pois eu voltarei.

Subo, tomo um banho e coloco um vestido azul bem levinho, passo um creme em meus cabelos que estão quase chegando no quadril, e como estou com preguiça de pentear faço um coque, desde quando eu cheguei aqui não solto os meus cabelos.

Pego um bloquinho de papel, uma caneta e me sento na cama. Tenho que fazer minhas anotações de como conquistar um cretino.

Opa! Tá aí, esse vai ser o tema:

Como conquistar um cretino

1- Dar um trato no visual.

Preciso ficar muito gata, mas aos poucos, nada muito radical como: soltar os cabelos e usar umas roupas mais ousadas, sexy sem ser vulgar. Não quero deixar o babacão desconfiado.

2- Fazer ele ver que outros homens me querem.

Você, caro leitor, já deve ter ouvido ou visto que, as mulheres ou homens sempre preferem os(as) que não prestam. Mas o cidadão não faz por mal. Quando percebermos que muitas pessoas estão interessados em um indivíduo, queremos saber o que ele(a) tem para despertar tanto interesse alheio, o que ele(a) tem de mais, se ele(a) tem um bom papo ou é bom ou boa de cama, existem vários fatores. Isso pode parecer idiotice, mas é a mais pura verdade.

3- Surpreende-lo.

Ele precisa ver que a secretária obediente dele sabe muito mais do quer marcar consultas e servir cafezinho. Que eu posso ser o que eu quiser, posso ser a santa de manhã e a vagabunda de noite, ou posso ser a uma puta o dia todo.

4- Ter conversas legais. Ele tem que gostar de estar comigo.

Essa pode ser a mais difícil, estamos sempre em guerra, nunca concordamos com nada. Mas talvez eu use isso ao meu favor, ele está acostumado com as pessoas sempre concordarem com ele, talvez essa antítese de idéias não seja tão ruim.

6- Fazer-lo sorrir. Ele não pode sentir medo de ser ele mesmo comigo.

Como eu disse a senhora Begot, o cara nunca sorrir, eu preciso tirar um sorriso dele. Ele precisa se sentir confortável comigo para faze-lo se libertar da sua arrogância, ser gentil (acho mas fácil o inferno congelar), ser ele mesmo. Não a nada melhor do que ser você mesmo, sem regras e cobranças. Mas se ele for um brutamontes de natura? Já Sabemos que pro céu ele não vai.

7- Falar o que eu sinto por ele.

Todo homem adora ouvir que a mulher está caidinha por ele, então, nesse momento, ele se sente seguro pra dizer como realmente sente e o que realmente quer.

— Caralho, isso tá uma merda! — digo me jogando na cama. Encaro o teto. - Emília, isso não vai dar certo, sua perturbada. - aperto os olhos. Por que eu estou fazendo isso? Nem eu sei... será o desafio? o perigo? o dinheiro? é só pode ser o boró (dinheiro). A vaca tá magra esses tempos, digamos que eu não vou viver em função desse acordo, mas eu vou me esforçar. Afinal é do Alessandro que estamos falando, ele faz da minha vida um inferno há anos, ele tem que pagar, oras. Guardo o bloquinho dentro da minha bolsa e decido tirar um cochilo, afinal, eu mereço.

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--;;;--->> Oi, meus amores e minhas amoras, tudo bom? espero que sim. Se vocês estiverem gostando comentem e votam na minha historinha, tá cheirosas (os)?!

Um beijo e um queijo,
fui.

Foi VocêOnde histórias criam vida. Descubra agora